Em Muriaé, na Zona da Mata, quem não se dedica à criação de peixes ornamentais, pensa em se dedicar. A região é o maior polo de produção do segmento da América Latina, responsável por 70% do abastecimento do mercado nacional, com intenso movimento de produtores, lojistas, atacadistas e gente interessada em investir no segmento.
Desde os anos 70, graças à influência pioneira do obstinado criador Paulo Brás, produtores de arroz, café e leite têm migrado para esse nicho de negócios, que reúne, hoje, 100 famílias somente em Patrocínio do Muriaé e outras tantas - mais ou menos umas 300 - nos municípios de Muriaé, Miradouro, São Francisco do Glória, Barão do Monte Alto, Vieiras e São Francisco que compõem o cinturão da atividade na região.
O zootecnista Alexmiliano Vogel, que trabalha no Centro de Referência de Criação de Peixes Ornamentais de Água Doce, em Leopoldina, diz que é fácil entender porque tanta gente têm se rendido à piscicultura ornamental. “É uma atividade extremamente prazerosa, leve, que não demanda muito esforço físico; pede pouco espaço (em qualquer fundo de quintal, se consegue montar uma estufa e um tanque), o investimento inicial é baixo e ainda por cima é uma atividade rentável, de rápido retorno, com remunerações mensais que variam de R$ 5 a R$ 10 mil".
Os peixes são vendidos por unidade e, dentro de uma mesma variedade e custo de produção, os preços são diferentes porque a coloração (raridade ou o inusitado do colorido), boa apresentação, integridade das nadadeiras, saúde, resistência ou padrão genético interferem no valor. “O Oscar Albino é um dos mais caros, por sua raridade. A Carpa colorida Koi, por exemplo, é uma espécie cujo valor depende muito dos padrões de desenhos e da coloração. Já um Alevino pequenino pode ser adquirido por R$ 0,50, mas o Alevino Carpa Koi pode chegar a R$ 10”, explica Vogel.
Outra vantagem da atividade é que num curto espaço de tempo - entre quatro e seis meses - o peixe é gestado e atinge o padrão comercial de venda, oferecendo um rápido retorno. O ‘novato’ na atividade também não terá que dispender de um grande volume de área. “Para criar peixes ornamentais, você só precisa de uma pedaço do seu quintal para montar uma estrutura simples, formada por uma estufa e um tanque ou alguns tanques".
Com 15 anos de experiência, diz que a piscicultura na região vive um ótimo momento. Conta que, a partir de 2016, eles ganharam muita visibilidade com a chancela oficial, por meio de lei, de ‘Polo de Piscicultura Ornamental’. “Recentemente, realizamos a 1ª Exposição de Peixes Ornamentais de Muriaé e o 4º Encontro de Aquaristas, com o apoio da prefeitura, e a presença de representantes de todos os elos da cadeia, produtores de outros estados, lojistas, estudantes, órgãos de pesquisa e faculdades. Foram sete dias de muita festa e troca de conhecimento”, descreveu.
Também teve, durante a feira, um movimento de novos empreendedores dispostos a investir na piscicultura. “O momento é favorável e eles estão se sentindo seguros tanto no que se refere ao mercado, quanto às técnicas de cultivo”.
Mesmo assim, com tanta gente envolvida e produzindo, Salardani afirma que eles não dão conta de atender a demanda nacional. “Precisamos aumentar a produção. A atividade ainda cabe mais produtores e investimentos”, diz. Um ponto favorável é a boa localização. A região, segundo o professor, está, a exatos 300 km, de três grandes centros de venda: Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Vitória, o que facilita o escoamento da produção.
De fato, a região é bem localizada. Mas para um frágil peixinho, qualquer 100 km numa sacolinha plástica deve parecer uma eternidade. Por isso, conforme explica Salardani, esse transporte dos peixinhos é um desafio que exige cuidados como o preparo do animal, deixando-o em jejum para que não defeque e contamine a água, o uso de uma manta térmica ou até mesmo de um caminhão refrigerado para que o calor não cause desconforto nos animais.
Dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e das associações de criadores apontam para um número aproximado 400 mil produtores de peixes ornamentais somente na região de Muriaé.
Cerca de 400 famílias dependem da renda obtida com a pesca de peixes ornamentais para seu sustento e que outras 1.800 famílias tenham na aquicultura de peixes ornamentais sua única fonte de renda.
A pesca e a aquicultura de peixes ornamentais envolvem diretamente cerca de 6 mil famílias no Brasil, representando importante atividade na obtenção de renda. O valor unitário do peixe ornamental varia de R$ 0,30 a R$ 10
Fonte: Itatiaia
Veja também:
ENCONTRO DE AQUARISTAS E 1ª EXPOSIÇÃO DE PEIXES ORNAMENTAIS DE MURIAÉ E REGIÃO
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