Projetos e Assessoria
Geral
21 de Setembro de 2022 Aquaculture Brasil
Miguel Mies

 

Oceanógrafo, proprietário da Eco-Reef Aquicultura ornamental, professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo e coordenador do projeto Coral Vivo.

 

 

 

 

Um apaixonado por aquários, mas também um grande pesquisador e empreendedor: o oceanógrafo Miguel Mies é o entrevistado da nossa 26° edição. Miguel ressalta que o mercado brasileiro de peixes ornamentais ainda está com alta demanda e manda um recado para quem gosta da atividade, mas ainda tem receios de empreender.

 

AQUACULTURE BRASIL: Miguel, primeiramente, fale para nós sobre sua trajetória, interesse no aquarismo, formação e atuação profissional.

Miguel Mies: Eu comecei a me interessar por aquariofilia desde cedo. Quando eu tinha 5 anos de idade o meu pai tinha em casa um aquário de água salgada com algumas espécies de peixes, como os peixes borboletas, que eu achava maravilhoso. Desde então eu decidi que seria oceanógrafo e queria trabalhar com isso. Me formei em Oceanografia no Instituto Oceanográfico de São Paulo (IO-USP), onde também fiz doutorado e onde hoje sou Professor. Paralelo a isso fundei a Eco-Reef, empresa voltada para a produção em aquicultura de espécies ornamentais marinhas. Minhas atividades na Eco-Reef são um pouco diferente do que eu faço na Universidade, onde trabalho com a ecologia de recifes de corais, enquanto na empresa trabalho com a aquicultura. São áreas distintas, mas as duas trabalham com a vida marinha.

 

AQUACULTURE BRASIL: Como surgiu a decisão de empreender com a Eco-Reef? Conte-nos um pouco dessa história e quais serviços/produtos são oferecidos hoje pela Eco-Reef?

Miguel Mies: Na época, eu e meus sócios vimos uma oportunidade de unir o útil ao agradável. Em virtude de se ter uma pressão de coleta muito grande sobre as espécies marinhas do ambiente natural para serem utilizadas no aquarismo, que é um mercado muito dependente do extrativismo, tinhamos em mente a criação, porque a mentalidade do acadêmico é sempre pela conservação. Mas ao mesmo tempo nós vimos que era um negócio que se você tivesse a capacidade técnica de produzir esses organismos, seria também um negócio rentável. Então unimos a proposta de ajudar no combate a coleta de espécies ornamentais marinhas do ambiente natural e ao mesmo tempo ter um empreendimento que gerasse receita. A Eco-Reef é uma empresa que eu tenho muito orgulho, hoje tem mais de 10 anos desde a sua fundação e de mercado está com 6 anos. Eu tenho vários outros sócios, alguns deles gerenciam mais a empresa do que eu até hoje, mas o nosso orgulho é que trabalhamos com muita responsabilidade técnica, ambiental e legal. A Eco-Reef opera todos os processos dentro da lei, isso é muito importante para nós. Cada peixe vendido sai com uma nota fiscal, com a documentação adequada, temos nossos registros em dia em todos os órgãos ambientais, estamos em consonância com eles, somos éticos nos tratamentos dos organismos, e são esses os valores que sustentam os pilares da Eco-Reef. Nós não oferecemos serviços, oferecemos apenas produtos. Nesse sentido trabalhamos com a comercialização de peixes e invertebrados ornamentais marinhos. Somos distribuidores, e as lojas que atendemos comercializam o nosso produto aos consumidores finais. Nos peixes trabalhamos com várias famílias diferentes: pseudochromídeos, gobídeos, blenídeos, mas o mais importante e sempre o mais atraente é o bom e velho peixinho palhaço comum, o nemo.

 

AQUACULTURE BRASIL: Quais os principais desafios que você enfrentou como empreendedor na área de produção ornamental de peixes?

Miguel Mies: São vários desafios. A aquicultura sempre enfrenta desafios técnicos, desde o processo de reprodução, depois com a larvicultura que sempre é algo bastante complicado. Depois toda a necessidade de planejamento para engordar todos os peixes em um tempo hábil para que seja lucrativo. Acredito que esses são os desafios típicos da aquicultura como um todo, não especificamente da Eco-Reef, mas enfrentamos também a dificuldade pelo fato de a Aquariofilia no Brasil ser um mercado ainda pouco formal. Temos ainda algumas questões de legislação que não são muito adequadas e atrapalham um pouco o desenvolvimento do comércio, por exemplo. A Eco-Reef segue a legislação, isso é muito importante, mas é uma legislação que mais segura o desenvolvimento da atividade do que fomenta.

 

 

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AQUACULTURE BRASIL: A Eco-Reef trabalha com importação/exportação de espécies ornamentais? Se sim, conte-nos um pouco desse mercado?

Miguel Mies: Não, não trabalhamos com importação, comercializamos somente a nossa produção. Ainda não chegamos no ponto da exportação porque o mercado brasileiro é muito grande, muito maior do que se imagina para ornamentais marinhos. E a Eco- -Reef ainda não sentiu o mercado brasileiro saturado, então ainda não estamos olhando para a exportação.

 

AQUACULTURE BRASIL: Como é formada a equipe e onde está instalada a Eco-Reef? Há parceria de pesquisa com instituições públicas?

Miguel Mies: Nossa equipe é formada por 12 pessoas e a sede da empresa fica no Butantan, em São Paulo. É composta por pessoas muito diversas, desde pessoas da área de logística e administração até pessoas que são biólogos, oceanógrafos, pessoas com ensino superior, pós graduação. Recebemos muitos alunos da Universidade de São Paulo que querem fazer algum tipo de pesquisa com os organismos que a gente cultiva, achamos que é importante essa interface Universidade e Indústria, aprendemos muito com a pesquisa, sobre quais são as novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas e por outro lado os pesquisadores aprendem quais são as necessidades de pesquisas aplicadas no mercado.

 

AQUACULTURE BRASIL: Quanto a questão sanitária, qual a sua preocupação com as doenças para combater a grande mortalidade de peixes ornamentais?

Miguel Mies: É uma situação complicada. Temos uma mortalidade elevada de peixe ornamental marinho, desde problemas na forma como é coletado, problemas severos associados ao manejo, onde as pessoas não tem o conhecimento ou o treinamento adequado, o que permite que doenças relativamente severas, contagiosas e que geram grande mortalidade se instalem nos sistemas de aquários, tanto nos aquários de lojas, distribuidores, como no de aquaristas. Então perde-se muito peixe, mas isso por uma falta de treinamento formal que é importante que se tenha mais nesse mercado.

 

 

Faça o download e confira o texto completo com todas as ilustrações. Clique aqui

 

 

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