O crescimento nas vendas da tilápia no período da Quaresma reflete aos comerciantes do ramo, aos supermercados e, principalmente, aos produtores – tanto os integrados como os independentes. Todos se preparam para um aumento no consumo durante o período da Quaresma. A boa notícia é que não faltará peixe no mercado.
O mercado de integração está bem estruturado devido ao trabalho promovido pelas Cooperativas. O produtor independente pode enfrentar alguns revezes. O principal gargalo, neste momento, ainda está relacionado ao inverno do ano passado, o qual foi considerado mais longo. Essa situação fez com que o pequeno produtor reduzisse o povoamento, porém o reflexo não será sentido nesta Quaresma.
O médico veterinário do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater (IDR-Paraná), Gelson Hein, explica que o inverno mais prolongado, o aumento do custo da ração ou problema sanitário trazem reflexos para o produtor independente. “São situações não estruturantes que interferem na cadeia”, afirma.
Hein menciona que o produtor independente comercializa – geralmente – o seu produto ao pequeno frigorífico. “Às vezes, o mercado é instável para esse produtor, pois ele comercializa para quem repassa o melhor preço”.
O médico veterinário cita um fator que favoreceu ao pequeno produtor: a tilápia ser ‘retirada’ do tanque em torno de um mês e meio antes do final do seu período de cultivo. “Acontece que o último período é o momento em que o peixe mais come. Como a tilápia foi abatida antes, o produtor acaba ganhando, porque investe menos em ração. Além disso, o preço repassado para ele está mais atrativo”.
Atualmente, o preço pago pela tilápia ao produtor está interessante. “Já, ao consumidor, o valor está próximo das carnes consideradas mais nobres. Com isso, acredito que a Semana Santa para quem optar pela tilápia estará com um valor mais alto, o que pode limitar o consumo”, afirma Hein.
Contudo, o médico veterinário é cauteloso em sua análise e menciona que é preciso observar o comportamento do mercado. Ele cita como exemplo que algumas marcas realizaram ‘promoções’ e, por consequência, o preço pago na tilápia estava com um valor mais acessível em duas semanas anteriores ao consumidor.
ORGANIZAÇÃO – De maneira geral, existe uma grande preocupação com o pequeno produtor, principalmente, com relação a organização da cadeia. “Existem as questões conjunturais da cadeia, porém a organização seria a ‘explosão’ do pequeno produtor independente. A informação positiva é que os produtores não estão recebendo calotes de frigoríficos, mas é preciso ter cautela”, salienta Hein ao mencionar que o produtor comercializa o seu peixe para quem paga mais “No entanto, ele não pode arriscar e vender a um desconhecido”.
MERCADO – A cadeia está organizada e, com isso, a expectativa é não faltar tilápia no mercado. “O produtor independente não vai parar o seu trabalho. Após a Quaresma pode ter uma diminuição e o pequeno produtor optar em abater somente o peixe que será comercializado. De maneira geral, a safra estará limitada”, afirma Hein.
Segundo o médico veterinário, existem dois ambientes de mercado. Um é o mercado de integração, o qual está totalmente estruturado pelas cooperativas. “Trata-se de um mercado que não falta peixe e a ‘engrenagem’ funciona os 365 dias do ano. O que pode interferir é a situação econômica do país, enfim. Já, o mercado independente possui alguns gargalos, porém deverá estar a contento no período da Quaresma”.
Fonte: Jornal do Oeste
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