Os setores de pesca e aquicultura estão divididos entre a manutenção da Secretaria de Aquicultura e da Pesca no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a recriação do Ministério da Pesca e Aquicultura, que existia e foi atuante no segundo governo do hoje presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva. E esta divisão, acredito eu, está com jeito de tentativa de esvaziamento do coordenador do Grupo de Transição da Pesca na equipe de transição Lula/Bolsonaro, Altemir Gregolin. Isto porque presidentes e demais líderes de entidades representativas da indústria de proteína animal, como Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR), Associação Brasileira de Exportadores de Carne (ABIEC) e Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) estiveram nesta semana em reunião com o núcleo da Agricultura da transição, área comandada, entre outros, pela senadora Kátia Abreu e pelo senador Carlos Favaro.

O que se estranha é o seguinte: ABPA e ABIEC que representam três fortes cadeias consolidadas do agronegócio só tinham que procurar mesmo o núcleo que representa o futuro do MAPA. As políticas públicas que as representam sempre estiveram nesta pasta e muito bem defendidas. Mas e a PeixeBR, que representa a piscicultura setor que vem tendo, nos últimos anos, um crescimento formidável, em meio a uma série de obstáculos, inclusive de falta de estrutura e políticas públicas, não deveria ter procurado apenas o GT da Pesca, que é um núcleo criador exclusivamente para levantar os problemas e solução da pesca e da aquicultura? A PeixeBr está satisfeita em ter visto, ao longo dos últimos 6 anos, sua área espremida e em segundo plano nos cantos do MAPA? Nada, da minha parte, contra a instituição e seu presidente, que merece de mim todo o respeito e consideração pelo trabalho que vem fazendo – claro que há falhas e sempre que pude, as apontei, numa relação democrática e de respeito mútuo. Algumas divergências de vez em quando, mas que logo é resolvido pelo espírito público, diplomático e democrático de ambos.

Nesta quarta-feira, 30, eu conversei com o coordenador do GT da Pesca, o ex-ministro Altemir Gregolin desconversou sobre este questionamento. Algumas entidades têm a posição de ficar na Agricultura. Então, no caso da PeixeBR, o Francisco (Medeiros) levou ao GT de Agricultura o posicionamento da entidade. Normal – disse Gregolin, emendando que o presidente Francisco Medeiros também esteve no GT de Pesca. Divisão e precipitação da Senadora Kátia Abreu em anunciar que tudo indica que a pesca e aquicultura vão ficar como tímida secretaria de ministério, à parte, o fato é que a decisão final será do presidente eleito, Lula, que conhece muito bem o potencial e as carências da pesca e da aquicultura.

- Quero dizer aos pescadores que nós vamos recriar o Ministério da Pesca, porque é uma vergonha um país que tem oito mil quilômetros de costa marítima, que tem 12% de água doce do mundo, a pesca estar ligada ao Ministério da Agricultura – disse Lula em campanha eleitoral.

Ele voltaria atrás, principalmente com fortes argumentos que justificam a recriação do Ministério da Pesca e da Aquicultura? Quero acreditar que não. Quero acreditar também que ele vai “sacar”, o que pode estar por trás desta insistência em deixar a pesca e aquicultura sufocada entre os gigantes dos agronegócios. E outra coisa: na hora de decidir sobre o futuro da pesca da aquicultura, o presidente eleito vai ouvir o núcleo da Agricultura ou grupo que foi criador especialmente para checar a situação e o futuro destes dois setores.

Fonte: Antônio Oliveira

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