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27 de Setembro de 2022 Aquaculture Brasil
Molusco tem provocado prejuízos para produtores de tilápia

O mexilhão-dourado tem provocado prejuízos para os criadores de tilápia no Noroeste Paulista, atividade que envolve mais de 250 produtores nos rios da região. Apesar de o molusco não transmitir doença, os piscicultores consideram que a espécie exótica é uma praga para os criatórios de tilápia. Nas telas dos tanques, o mexilhão se fixa com facilidade e em grande quantidade, impedindo a entrada de oxigênio para os peixes, resultando em danos para os criadores.

Os custos de produção para os piscicultores de tilápia ficaram maiores a partir da invasão do mexilhão-dourado nos rios do Noroeste, impulsionando os gastos com a limpeza dos tanques, causando até mortandade dos peixes. “O mexilhão-dourado chegou aqui no reservatório de Ilha Solteira em 2012. No primeiro momento não sabíamos o que era e depois de pesquisar, começamos a analisar quais seriam os impactos para a tilapicultura”, avalia Emerson Esteves, diretor da Associação de Piscicultores em Águas Paulistas e da União (Peixe-SP).

 

 

Ele explica que a limpeza dos tanques-redes era feita a cada seis meses, com o final do ciclo de criação da tilápia. “Mas com a chegada do mexilhão, temos que erguer o tanque da água e limpar com uma bomba de água de alta pressão, a cada 70 ou 90 dias. Hoje, o criador é obrigado a fazer esse manejo intermediário, no meio do ciclo, para fazer a limpeza do tanque e a revisão, para depois o tanque ser povoado novamente”, conta Emerson.

Responsáveis por 70% da produção de tilápia do estado de São Paulo, os piscicultores não têm nenhum produto ou insumo que possa minimizar a invasão do molusco, que possui uma carapaça firme e se reproduz rapidamente, encontrando as telas dos tanques-rede e outros objetos nos rios para se fixarem. “O impacto é muito grande para a criação de tilápia porque aumenta o custo de produção com a limpeza que precisa ser feita e para não ter mortandade de peixes”, afirma o diretor da Associação.

Emerson diz ainda que o molusco encontra a tela do tanque-rede para se fixar e se desenvolver muito rapidamente nos criatórios de tilápia. “O mexilhão tampa a malha da tela, impedindo a renovação de água e provocando a queda de oxigênio. Quando a gente ergue o tanque para fazer a despesca ou classificação, machuca o peixe”.

Ibama

O Governo Federal, através do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), elaborou um plano de prevenção, controle e monitoramento do mexilhão-dourado, considerando a espécie invasora e encontrada em vários estados brasileiros. Entre as ações do plano foi realizada uma consulta pública para reunir maiores informações entre os vários setores atingidos pelo molusco.

Através de consulta pública, o Ibama apontou que os custos com o impacto do mexilhão-dourado para o cultivo de peixes são da ordem de R$ 3 mil a R$ 4 mil por mil quilos de peixes mortos ou a diminuição de rendimento final do peixe produzido.

Sem predador natural

De acordo com a professora da Unesp de Ilha Solteira Thaís Soto Boni, o mexilhão-dourado é um molusco de origem asiática, uma espécie exótica e sem predador natural. “Acredita-se que o mexilhão-dourado veio para o Brasil na década de 1990, através da água de lastro das embarcações, como navios que liberavam esse molusco”.

 

 

A professora diz ainda que o mexilhão-dourado tem uma alta taxa de reprodução e fácil adaptação, se fixando em tanques-rede, nas turbinas das usinas hidrelétricas e em vários lugares. “O animal está se alastrando facilmente e tem causado vários problemas na nossa região, especialmente por se reproduzir com muita facilidade e se adaptando em vários substratos na água”, completa.

Na criação de tilápia, Thaís explica que próximo aos tanques-rede tem bastante material, como a ração, que pode atrair os mexilhões e por isso eles acabam se fixando nas telas dos tanques. A recomendação de Thaís é que o criador retire o tanque e faça a limpeza fora da água, colocando lonas para que os mexilhões sejam recolhidos e não retornem para o ambiente aquático.

Há ainda estudos realizados por pesquisadores da Unesp, segundo Thaís, para que as carapaças dos mexilhões, após a limpeza feita pelos piscicultores, possam ser utilizadas na agricultura como calcário para o solo. 

Criadores estimam prejuízos

Para produtores de tilápia, com produções nas regiões de Santa Fé do Sul e Riolândia, os prejuízos com a invasão de mexilhão nos tanques de criação são incalculáveis. Incluem o custo de produção, mais gasto com energia elétrica ou combustível que impulsiona a bomba para a limpeza dos mexilhões, além de mais gasto com ração e mão de obra.

Em Riolândia, Claudio Masocatto é gerente de operações de uma criação de tilápias que possui tanques redondos, com telas em aço inox. Ele conta que o mexilhão se fixa em grande quantidade na tela do tanque e apenas com o jateamento de água é possível eliminar os moluscos dos tanques.

É custo que entra na conta, além de muito trabalho para limpar o tanque”, diz Claudio.

Além da limpeza que tem que ser feita a cada quatro meses, Claudio afirma que há o prejuízo para a cadeia produtiva da tilápia. Segundo o gerente, a produção que é de 200 toneladas de tilápia por mês tem uma pior qualidade de água com a invasão do mexilhão-dourado. Para o controle, Claudio destaca que não há nenhum produto e já trocou o material das telas dos tanques por três vezes e nada impediu a disseminação do mexilhão.

 

 

Adriano Gonçalves da Silva possui 500 tanques-rede e produz 250 toneladas de tilápia, mensalmente, em Santa Albertina, cidade próxima a Santa Fé do Sul. Há 11 anos na piscicultura, Adriano sempre teve problemas com o mexilhão e observa que, a cada ano, vem aumentando a quantidade do molusco nos criatórios da região.

O custo é grande para controlar o mexilhão. Tivemos que investir na bomba com jato de água que faz a limpeza do tanque, além de energia elétrica a mais, combustível e mais funcionários. Há também o desperdício de ração, quando há muito mexilhão no tanque, o peixe acaba se alimentando menos”, diz Adriano. 

Fonte: Diário da região

 

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