A piscicultura ornamental é um ramo da aquicultura que tem como principal objetivo criar peixes cuja função é de decorar ou, ainda, tornar mais belo o ambiente aquático no qual as espécies se encontram. Tecnicamente, o termo mais correto seria “piscicultura com foco em peixes ornamentais”.Afinal, não é a piscicultura o ornamento ou o enfeite em questão, mas sim os próprios animais. No entanto, essa foi a denominação popularizada ao longo do tempo.

Entre as espécies mais cultivadas nesse ramo estão o acará-bandeira, acará-disco, oscar, moreia, peixe fogueira e cavalos marinhos.

Cuidados necessários:

As espécies que fazem parte da piscicultura ornamental são bastante variadas, sendo cada uma delas um universo à parte. Todas as famílias de peixes estão representadas nesse segmento e cada espécie tem um manejo unico e diferenciado.

De forma geral, deve-se ter cuidado com a genética desses animais. É importante que haja uma variedade considerável de peixes na criação para manter um bom padrão genético das gerações que serão comercializadas futuramente.Caso o produtor tenha poucos reprodutores ou problemas de consanguinidade — por meio do cruzamento de uma geração entre filhas com os pais —, pode-se acidentalmente promover a ocorrência de homozigose (presença de apenas uma forma do gene). Nese contexto os peixes perdem as características originais, podendo apresentar, inclusive, problemas de formação. Isso pode ocasionar descarte de todo um lote, o que resulta em prejuízos para o criador.

Então, o principal cuidado a se ter na piscicultura ornamental é com a genética desses animais. Veja as principais dicas:

• Mantenha populações de reprodutores em quantidades razoáveis (não muito pequenas);
• Tome cuidado com a seleção de novos reprodutores;
• Esteja atento à qualidade da água para evitar parasitas e doenças;
• Fique atento, ainda, à alimentação dos peixes.
• Realize análise dos principais parâmetros de qualidade da água diariamente 

Os peixes ornamentais pertencem diversas espécies, por isso, todo o manejo deve ser diferenciado para cada família. Quando a espécie é carnívora, o processo se torna mais complicado e demanda mais atenção do criador.Nesses casos, o produtor deve ficar em cima da produção o tempo todo. Afinal, os peixes que crescerem mais vão, inevitavelmente, buscar se alimentar dos irmãos. O comportamento varia bastante de espécie para espécie, mas as situações de canibalismo são as mais difíceis na produção.

O que é preciso para começar o cultivo:

Para iniciar o piscicultor precisa:

• Água com qualidade correta é imprescindível para qualquer atividade que envolva organismos aquáticos;
• Espaço para conseguir manejar todo o processo, principalmente as matrizes;
• Cuidado para não misturar as espécies, sob risco de perder as características genéticas de cada uma delas;
• Espaço para engordar os alevinos;
• Caso necessário,laboratório para a incubação de ovos 

Dependendo da espécie escolhida é preciso ter cuidado com os ovos. Diversas são vivíparas ou ovovivíparas, porém, algumas delas precisam de cuidados especiais para gerar alevinos e larvas com boa saúde.

Conheça o mercado de piscicultura ornamental:

O mercado pet é mundialmente expressivo onde o Brasil também tem importante presença. Os peixes ornamentais estão cada vez mais ganhando espaço, principalmente, por serem uma opção para quem deseja ter um animal de estimação que permita menos necessidade de cuidados, vivam bastante (já que algumas espécies chegam a 10 anos), tenham fácil manutenção e não exijam tanto no dia a dia.

São animais que ficam muito bonitos em casa e, portanto, cada vez mais temos pessoas querendo criar peixes ornamentais. Por isso, o mercado desses animais está bastante aquecido.

No Brasil, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (ABINPET), temos 18 milhões de peixes ornamentais e a tendência é que os dados continuem crescendo cada vez mais. Hoje, disputamos o mercado internacional com competidores importantes, como China, Alemanha, Singapura e Estados Unidos.

Esse é um hobby de, aproximadamente, 11 milhões de pessoas em nosso País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) . É uma área que cresceu, inclusive, durante o período da pandemia, com crescimento de 5% em 2020.

A importância das espécies brasileiras no mercado internacional:

Como o Brasil tem uma fauna exuberante, temos uma grande variedade de espécies liberadas para piscicultura ornamental (atualmente em torno de 2 mil). Além disso, trabalhamos para melhorar, geneticamente, aquelas que já temos e, portanto, podemos potencializar essa variação.

As espécies da região amazônica, por exemplo, chamam muita atenção dos criadores, principalmente, pelas suas cores vivas e formatos exóticos. Contudo, até mesmo os mais tradicionais de outras regiões também são bastante exportados. Alguns dos principais desejados internacionalmente são:

• Acará-bandeira;
• Acará-disco;
• Paulistinha;
• Tetras;
• Matogrosso;
• Guarú;
• Neon-cardinal;
• Arraias de água doce.

Principais desafios da piscicultura:

Apesar de ser um mercado muito promissor, é importante também saber que é uma área com diversos desafios. Com isso, é possível saber como ultrapassá-los e ter maior sucesso na sua produção. Alguns deles são:

• Ter um fluxo de caixa sadio e saudável em pequenas e médias propriedades rurais;
• Preparar-se para atender as demandas de mercados internacionais que estão em busca de adquirir peixes ornamentais, como Japão, Alemanha, Holanda e Estados Unidos;
• Impulsionar a exportação mesmo com a variação do dólar e desvalorização do real;
• Estar atento, também, para as demandas do mercado interno;
• Trazer o uso de tecnologia para auxiliar na produção e atender o aumento da demanda de mercado;
• Superar a concorrência de outros países, já que a nossa produção intensiva ainda está muito aquém dos nossos principais concorrentes externos;
• Atenção para o escoamento da produção, considerando os principais polos de aquisição de peixes ornamentais (região Sudeste, com 63% do mercado consumidor interno) e eventuais surgimento de novos polos nacionais;
• Atentar-se para a logística de entrega dos animais;
• Observar a tendência de vendas online, o que aumenta o escoamento da produção para cidades no interior do país;
• Dificuldades por termos um alto volume de produtores ainda sem registro, o que torna a atividade ilegal, já que é preciso que eles estejam inscritos no Mapa, no Registro Geral de Atividade Pesqueira.

Fonte: Sansuy 

Veja também: 

Peixes ornamentais no brasil - mercado, legislação, sistemas de produção e sanidade

IBAMA participa de workshop para debater normas envolvendo a criação de peixes ornamentais