O aumento na produção e comercialização de organismos aquáticos no Brasil é uma realidade e em parte decorrente do crescimento da criação de espécies nativas como o tambaqui (Colossoma macropomum). Esta espécie, apresenta bons resultados em cultivo, alcançando 2,62 kg de peso e produção de 18.530 kg/ha após 10 meses de engorda em tanques escavados com emprego de altas densidades de estocagem.
Entretanto, em razão da intensificação dos sistemas produtivos, sobressaltam entraves relacionados à ocorrência de doenças parasitárias, principalmente por acantocéfalos, que vêm chamando a atenção dos piscicultores em razão das altas infestações registradas na região Norte do Brasil. No estado do Amazonas o primeiro relato do acantocéfalo Neoechinorhynchus buttnerae no cultivo de tambaqui foi feito em 2001 no município de Itacoatiara, e desde então a área de ocorrência vem aumentando com registro em 2014 de acantocéfalos em pisciculturas que trabalham com engorda de tambaqui, localizadas nos municípios de Rio Preto da Eva, Itacoatiara, Iranduba, Manacapuru e Presidente Figueiredo.
A ocorrência de acantocéfalos em pisciculturas comerciais não se restringe ao estado do Amazonas, há também registros no cultivo de tambaquis no estado de Rondônia e na criação de tambacu (Colossoma macropomum x Piaractus mesopotamicus), tambatinga (Colossoma macropomum x Piaractus brachypomus) e pirarucu (Arapaima gigas) no estado do Amapá.
A parasitose em peixes redondos, como o tambaqui e seus híbridos, é provocada pelo helminto Neoechinorhynchus buttnerae, um verme de coloração esbranquiçada, visível a olho nu, podendo medir de 1 a 2 cm, que se aloja no trato intestinal dos peixes. A parasitose massiva por N. buttnerae pode levar a mortalidade de alevinos, além de redução no crescimento e emagrecimento dos peixes cultivados na fase de engorda, uma vez que apresentam falta de apetite (hiporexia) e perda excessiva de peso (caquexia). Além disso, ainda que não ofereçam risco à saúde do homem, o aspecto repugnante da sua presença prejudica a comercialização do pescado.
Em função desta problemática, o presente projeto pretende desenvolver bases técnico-científicas para identificação, prevenção e controle da doença parasitária causada pelo acantocéfalo Neoechinorhynchus buttnerae em cultivos de tambaqui
Para isto, estão sendo avaliados:
a) Caracterização morfológica e potencial de viabilidade do ovo de N. buttnerae;
b) Caracterização das fases de desenvolvimento larval de N. buttnerae no hospedeiro intermediário e definitivo;
c) Caracterização de aspectos do ciclo de vida do acantocéfalo do tambaqui em campo;
a) Eficácia “in vitro” dos quimioterápicos e óleos essenciais;
b) Efeito dos quimioterápicos e óleos essenciais no metabolismo energético dos acantocéfalos;
c) Segurança clínica e toxicológica de quimioterápicos e óleos essenciais em tambaquis;
d) Eficácia “in vivo” empregando os melhores resultados obtidos com quimioterápicos e óleos essenciais;
a) Desenvolvimento de método multirresíduo para determinação de quimioterápicos;
b) Desenvolvimento de método analítico para determinação de resíduos de óleos essenciais;
c) Avaliação da disposição dos quimioterápicos e óleos essenciais no plasma de tambaquis,
d) Depleção dos resíduos de quimioterápicos e óleos essenciais no filé de tambaquis e determinação do período de carência.
Essas ações apresentam grande relevância visto que esta parasitose é hoje responsável por um fator silencioso da redução de produtividade e mortalidade de peixes nas criações. Assim, os resultados deste estudo serão uma importante ferramenta para subsidiar o desenvolvimento de um protocolo de manejo sanitário para a prevenção e controle do acantocéfalo Neoechinorhynchus buttnerae no cultivo de tambaquis, o que contribuirá para o fortalecimento e consolidação do pacote de produção desta espécie de peixe que apresenta grande importância econômica em várias regiões do Brasil.
Fonte: EMBRAPA
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