Proprietários da primeira empresa 100% nacional de salinização artificial, que atende dos aquários marinhos aos tanques de produção de camarão.

Paulo é graduado em química industrial pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em 1977 e tem pós-graduação (mestrado em química orgânica) pela Universidade de São Paulo (USP) – São Paulo.

Heloísa possui graduação como bacharel em química com atribuições tecnológicas (1980) e pós-graduação (mestrado em química orgânica) pela USP – São Paulo (1985). Foi na sua graduação que conheceu o Paulo, em 1978.

E foi na USP que Paulo e Heloísa se conheceram, o casamento veio em 1982 e se estende até hoje. Para além de uma vida a dois, eles construíram também uma parceria de trabalho!

Concretizando o desejo de empreender

“Paulo sempre quis ser um empreendedor. Até que em 2000 apareceu um interessado em desenvolver uma linha nacional de produtos químicos para aquarismo, inicialmente voltado para água doce. Na busca de oportunidades, e novos desafios, mergulharam fundo nessa ideia. Começaram selecionando os melhores produtos da área para começar a estudar e desenvolver produtos similares, 100% nacionais. Numa etapa posterior, a partir de 2008, surgiu a necessidade de desenvolver um sal artificial para o atendimento de um grande aquário de exposição no estado de São Paulo. Foi então que verificaram como o mercado nacional era dominado por produtos importados, de custo elevado para aqueles que gostariam de se iniciar no aquarismo marinho. O aquarismo era um hobby um tanto quando elitizado, porque tudo era muito caro: o aquário, os equipamentos de filtros, bombas, peixes, e inclusive o sal, que eram produtos importados. Assim, a existência de produtos nacionais, como o sal sintético, tornou mais acessível, ao menos em parte, essa atividade. Hoje já existem excelentes fabricantes nacionais de bombas, luminárias e outros equipamentos, que tornaram possível a iniciação de um maior número de pessoas no aquarismo marinho.”

Da aquariofilia marinha para a carcinicultura de grandes volumes

A ideia de trabalhar com carcinicultura surgiu tempos depois, quando começaram a receber informações de que no exterior estavam cultivando camarão marinho com água salinizada artificialmente – utilizando sal de aquarismo! Porém, no Brasil esse negócio não seria possível, já que só existia sal importado para aquários marinhos, o que seria economicamente inviável para grandes volumes.

“Com o término da sociedade na empresa em que o Paulo estava envolvido, e tendo amplo conhecimento adquirido em quase 15 anos de trabalho em produtos para aquarismo em água doce e salgada, resolveram optar por uma empresa própria. Surgiu então a Veromar, em novembro de 2016. Heloísa e Paulo decidiram se dedicar também a uma linha de produtos para a carcinicultura, buscando resultados e custo acessível aos produtores nacionais. O seu principal produto neste segmento é o VeroMix, um concentrado de sais para produção de água do mar sintética em cultivos.

Hoje a Veromar tem 5 anos e é pioneira no Brasil na linha de salinização artificial. Vem trabalhando com parcerias com diversas universidades, como FURG, UDESC, IFES Piúma, entre outros, buscando sempre apoiar as pesquisas e contribuir com a carcinicultura em águas interiores.”

E afinal, o sal artificial para aquariofilia marinha e para a carcinicultura marinha são produtos semelhantes?

“São produtos diferentes, por conta do tipo de aplicação. No aquarismo marinho, para o hobbista que está, por exemplo, na Avenida Paulista, distante do mar e deseja montar seu aquário, é necessário um produto pronto, formulado, que ofereça a praticidade de ser comprado na prateleira da loja e diluído em água doce. Na carcinicultura, por conta das grandes quantidades envolvidas, aparecem também problemas com a questão logística e frete. Por exemplo, para quem tem um tanque de 100 m³ e vai trabalhar com 10 ppt, precisaria de 1 tonelada de sais para esta salinização. Portanto o frete seria bastante considerável. Para fazer um produto economicamente viável para os produtores, a solução foi tirar dois terços do cloreto de sódio (sal comum) da formulação e fazer um concentrado.

Assim, ao invés de 1 ton, o transporte passa a ser de 330 kg de concentrado, por exemplo. E os outros 670 kg de cloreto de sódio normalmente podem ser comprados em locais mais próximos do cultivo, com frete bem menor. Assim, na carcinicultura, o produtor vai comprar os sais principais, o VeroMix, da Veromar e complementar com o cloreto de sódio, enquanto o produto para aquarismo já é um produto completo.”

Quais os produtos para a aquariofilia oferecidos pela Veromar?

“Temos uma linha completa de suplementos minerais para aquários marinhos, alimentos e estimuladores de crescimento de corais (não hormonais), alguns testes para controle de qualidade da água de aquários marinhos e de água doce, condicionadores, tampões de pH e removedores de cloro usados principalmente no aquarismo de água doce. Toda a nossa linha de produtos pode ser encontrada no nosso site: www.veromar.com.br”.

O VeroMix é um produto pronto ou pode sofrer variações conforme necessidade do cliente a partir de uma análise de água?

“Temos uma formulação padrão, que atende à grande maioria dos usuários. No entanto, dependendo da análise de água disponível no cultivo, podemos formular produtos específicos para os clientes, sem custo adicional”.

Comprei meu sal, e agora, “qual o modo de usar?”

“O VeroMix é uma das últimas compras a serem feitas num empreendimento. Quando o sistema todo já está montado, os tanques com água, a aeração instalada, aí entra o VeroMix. Pode se adicionado diretamente ao tanque, com a aeração ligada, e em adição conjunta com o sal comum. Normalmente, em 24 horas com a aeração ligada, o tanque estará homogêneo para utilização”.

O que é o balanço iônico e por que ele é tão importante para a produção de camarões?

“O balanço iônico, na nossa concepção, é a manutenção das relações entre as diversas espécies ionicas presentes na água do mar, de modo que sejam próximas àquelas observadas na água do mar natural. Mesmo que a salinidade seja inferior àquela do mar, as relações de concentração entre as diversas espécies serão proporcionais àquelas da água do mar. Esta é uma definição muito pessoal, mas é mais acessível ao entendimento de uma população leiga...”

Como vocês veem a carcinicultura marinha com água salinizada no Brasil daqui a 15 anos?

“Esperamos que o amadurecimento dos criadores e com o desenvolvimento de melhores técnicas de manejo e produção, a carcinicultura se torne uma fonte viável de produção de alimentos em grande escala. Os oceanos não poderão suprir a demanda crescente de alimentos pela população; devemos encontrar formas de suprir as necessidades do mercado com produções sustentáveis e viáveis, preservando a fauna marinha”. E sobre os problemas atuais que a carcinicultura marinha de águas interiores vem enfrentando, de que forma os sais de vocês podem colaborar? “Nossa participação é relevante, no sentido de produzir um ambiente adequado para o crescimento dos camarões ou peixes, mas alguns problemas de sanidade dos animais devem ser melhor avaliados. Seus efeitos podem ser devastadores nos cultivos, e, neste caso, nosso produto tem pouco a acrescentar....”

E onde vamos encontrar o Paulo e a Heloísa, que já tiveram sua imensa colaboração para a aquicultura, seja por meio do aquarismo ou na produção de camarões marinhos, daqui a 15 anos?

“Pretendemos trabalhar e sermos relevantes enquanto nossa saúde permitir. No entanto, como já “passamos pelo Cabo da Boa Esperança”, esperamos poder desfrutar um pouco da vida que nos resta, num futuro ainda distante...”

Quer saber mais sobre salinização artificial?

Acompanhe no canal do YouTube da Aquaculture Brasil uma live completa com a Heloísa e com o Paulo. https://www.youtube.com/aquaculturebrasil

Faça o download e confira o texto completo com todas as ilustrações. Clique aqui