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Eles fazem a diferença
01 de Agosto de 2017 Aquaculture Brasil
Wilson Wasi­elesky Júnior

A seção “Eles fazem a diferença” da 7ª edição da Revista Aquaculture Brasil homenageia um ícone da aquicultura brasileira. Afinal, quem não conhece o Prof. Dr. Wilson Francisco Britto Wasielesky Júnior? Também chamado somente de Wilson Wasielesky, ou ainda “Mano” da FURG, para os mais íntimos. Gaúcho nato, nascido em Pelotas, Wilson é autor de mais de 100 trabalhos científicos em periódicos indexados e atualmente é pesquisador e professor titular do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande. Filho de Wilson Francisco Britto Wasielesky (médico) e Carmen Miguens Wasielesky (professora e diretora de escola). Pai da Ana e da Gabriela. Esposo da Mariusa. Wilson é com certeza um orgulho para a família e um pesquisador reconhecido, não somente no Brasil, mas com certeza em vários outros países.

 

Mas se você acha que o Mano já nasceu trabalhando com aquicultura...

Quem olha seu curriculum e envolvimento com a aquicultura até pensa que sim. Que essa foi uma atividade que Wilson sonhou desde a infância. Contudo, poucos sabem que sua formação inicial é em Engenharia civil (1981-1984), pela Universidade Católica de Pelotas. Mais difícil ainda é imaginar que ele também já foi da Escola de Aviação Civil do Aero Clube de Pelotas. Mas não eram por esses caminhos que Wilson desejava “voar”. E foi na Fundação Universidade do Rio Grande (FURG), com o curso de Oceanologia (1987-1991), que de fato começou a “voar”, porém dessa vez, como pesquisador.

Em 1989 começou os primeiros trabalhos como bolsista na recém inaugurada Estação Marinha de Aquacultura (EMA), sob orientação do professor Marcos Alberto Marchiori.

“Além das atividades de rotina da EMA, passei a trabalhar em pesquisa com o então mestrando Antônio Ostrensky. Realizamos vários experimentos sobre a toxicidade de nitrogenados no processo produtivo do camarão rosa Farfantepenaeus paulensis. Os trabalhos renderam quatro publicações em periódicos. Pessoalmente, considero que esta foi a primeira fase de pesquisa científica que participei, ou seja, minha iniciação científica”.

“No dia a dia, dentro da sala de aula, nos laboratórios e nas saídas de campo, obtinha respostas e explicações a muitas questões antigas. Foi muito fácil cursar Oceanologia!!!”

 

Uma “cria” da FURG e um dos criadores do PPGAq

Após a graduação, Wilson continuou seus trabalhos na FURG através do mestrado em Oceanografia Biológica (1992-1994). Sob a orientação do Prof. Dr. Adalto Bianchini, desenvolveu trabalhos com linguado, sendo capturados cerca de 2000 juvenis para realização das pesquisas. O resultado? Seis capítulos da dissertação, gerando 5 artigos científicos em revistas indexadas!

Ainda, nesse período, mais 5 trabalhos foram realizados com peixes marinhos (tainhas e papa-terra), com a participação dos então estagiários/bolsistas Luis Poersch e Kleber Miranda, totalizando 10 artigos.

Em 1996 iniciou o doutorado, também na FURG, porém agora trabalhando com o cultivo do camarão rosa Farfantepenaeus paulensis, no estuário da Lagoa dos Patos. A partir daí a carcinicultura foi o foco dos trabalhos e pesquisas que viriam a seguir. Com 10 capítulos, a tese gerou 7 publicações e pelo menos 10 capítulos de livro.

Wilson já fazia parte do quadro de professores da FURG desde 1994, quando foi aprovado em um concurso público para Professor Assistente I. Sempre ativo e percebendo a necessidade de uma pós-graduação focada em aquicultura, iniciou, juntamente com demais professores, a estruturação do Programa de Pós Graduação em Aquicultura do Instituto de Oceanografia da FURG, a partir dos anos 2000. “No final de 2001 realizamos a primeira seleção para o mestrado, com ingresso dos alunos em março de 2002. Já em 2007 foi aprovado o curso de doutorado, hoje nota 5 da CAPES”.

 

E o sistema de bioflocos?

Um dos pioneiros desse sistema no Brasil, Wilson foi buscar conhecimento nos Estados Unidos. “No ano de 2004, iniciei um pós-doutorado no Waddell Mariculture Center, nos Estados Unidos da América. Esse centro já contava com uma equipe de tradição como o Dr. Al Stokes, engajados com pesquisa e desenvolvimento de cultivo de camarões em sistema superintensivos com bioflocos. Além disso, os estudos com sistema BFT eram realizados somente nos Estados Unidos, portanto o domínio da metodologia do sistema foi de grande importância para poder trazer esta tecnologia para o Brasil”.

Um dos trabalhos realizados no pós-doutorado, intitulado “Effect of natural production in a zero exchange suspended microbial floc based super-intensive culture system for white shrimp Litopenaeus vannamei” lhe rendeu mais de 200 citações.

 

 

Trabalhos de extensão: duas fases

No total foram ministrados 27 cursos de extensão com objetivo principal de repassar as tecnologias geradas no Laboratório de Carcinicultura para a comunidade de pescadores artesanais, produtores, técnicos da indústria, extensionistas e alunos de graduação. Os trabalhos podem ser divididos em duas fases:

Primeira fase (até 2007): Repasse de tecnologias sobre os cultivos de camarões em estruturas alternativas e sistemas convencionais de cultivo semi-intensivo. Foram ministrados cursos e montadas estruturas demonstrativas sobre o cultivo em cercados em diferentes locais do estuário da Lagoa dos Patos - RS, Tramandaí - RS, Imaruí - SC, Lagoa do Camacho - SC e La Paloma no Uruguai.

Segunda Fase: (a partir de 2008): Repasse da tecnologia gerada sobre sistema de Bioflocos, através de cursos de curta duração em diferentes eventos nacionais e internacionais, e também na Estação Marinha de Aquicultura da FURG. Só na EMA já foram realizados 12 cursos para produtores de camarões, com a participação de cerca de 400 pessoas, onde 2/3 dos participantes são produtores ou pessoas que trabalham no setor produtivo e desejam se aperfeiçoar nesta nova tecnologia, principalmente por se tratar de cultivos mais biosseguros, ecologicamente corretos e de alta produtividade.

Nos últimos três anos, em função do crescente interesse pelo uso do sistema BFT nas fazendas brasileiras de cultivo de camarões, o grupo de Carcinicultura da FURG vem realizando visitas técnicas a diferentes fazendas localizadas na região Nordeste, principalmente no Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia. As visitas têm sido realizadas na busca de soluções para conversão de sistemas convencionais para sistema BFT, aplicação de sistema BFT na fase de berçários e aumento de biossegurança.

 

Projetos de pesquisa

“Desde 1994 até o presente momento fui responsável e/ou participei de aproximadamente 40 projetos de Pesquisa, Extensão e de Desenvolvimento Tecnológico. Nesse período foram concluídas mais de 100 orientações e coorientações em nível de graduação, mestrado, doutorado e supervisão de pós-doutorado. As publicações estão relacionadas principalmente a (1) toxicidade de produtos nitrogenados com camarões e peixes, (2) maturação de camarões, (3) cultivos de camarões em estruturas alternativas (gaiolas e cercados) e mais recentemente sobre (4) cultivo de camarões em sistema de Bioflocos (BFT)”.

 

Estruturação da Estação Marinha de Aquicultura (EMA)

“Durante os anos 90 foram realizadas uma serie de melhorias na Estação Marinha de Aquacultura como forma de aperfeiçoar as estruturas para as atividades de maturação, desova e larvicultura do camarão rosa Farfantepenaeus paulensis.

Entre 2000 e 2006 foram estruturados 10 viveiros da EMA, incluindo revestimento com geomembrana. Esse conjunto de viveiros revestidos na EMA é provavelmente a única estrutura de pesquisa deste porte no país. Em 2006, com recursos do MPA, CNPq, Fapergs, CAPES etc, e com o apoio da empresa SulQuímica S.A., foi construída uma unidade piloto com raceways cobertos por uma estufa, viabilizando a realização de pesquisas com sistema superintensivo de produção de camarões em bioflocos. Nesta unidade foram realizados os primeiros experimentos neste modelo de cultivo no Brasil em escala piloto.

Com apoio da FINEP e MPA, em 2014 estruturamos uma estufa para a produção de camarões em sistema superintensivo, utilizando a tecnologia de bioflocos, na qual foi aplicado todo o conhecimento gerado na EMA, viabilizando a produção em escala comercial. Esta unidade serve como unidade demonstrativa para os cursos de extensão e para a formação de alunos nos diferentes níveis”.

 

Perspectivas Futuras

Estrutura: “O setor de cultivo de camarões do Instituto de Oceanografia, da FURG teve um crescimento muito grande nos últimos anos. Portanto, o desafio é aperfeiçoar o que temos e tornar os laboratórios melhor equipados e conseguir mantê-los”.

Repasse de Tecnologia: “Também é um dos objetivos futuros, intensificar o repasse das tecnologias geradas. Apesar de minhas atividades já serem realizadas atualmente com este objetivo, estima-se que é possível aperfeiçoar”.

Publicações: “Em função de muitas tecnologias geradas nos últimos anos, a ideia é manter um bom nível de publicação de artigos científicos e de popularização da ciência, mas o objetivo é investir nos livros técnicos. Um primeiro livro intitulado “Cultivo de camarão rosa em gaiolas e cercados no estuário da Lagoa dos Patos”, editado em parceria com o Dr. Luis Poersch, está na fase de impressão. No momento existem mais dois livros em fase de redação. O primeiro tem como foco o ensino de Aquicultura geral para alunos na fase de graduação. O segundo tem como objetivo reunir o conhecimento atual sobre cultivo de camarões sistema BFT, utilizando o material gerado por professores e alunos do Projeto Camarão”.

Pós-Doutorado: “Há um planejamento pessoal de realizar outro período pós doutoral com objetivo de iniciar uma nova linha de pesquisa para se obter um novo pacote tecnológico com outra espécie de crustáceo. Existe uma serie de possibilidades, mas a definição será nos próximos anos, pois temos que ver claramente com qual
espécie trabalhar, aonde e com quem seria interessante trabalhar, além da factibilidade interna (na FURG), financiamento (CNPq, CAPES) da proposta e aceite no exterior.”

 

Uma última palavra: Somente posso dizer uma coisa: Muito obrigado a tudo e a todos!!!

 

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Charge Edição nº Publicado em 18/09/2023
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