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Aquicultura Latino-Americana
01 de Julho de 2017 Rodolfo Luís Petersen
Situação atual e desenvolvimento tecnológico da piscicultura Amazônica Peruana

O crescimento da aquicultura no Peru tem sido constante e significativo nos últimos 15 anos. Conforme dados oficiais, passou de 7.539 toneladas produzidas no ano de 2001 para 98.691 toneladas em 2016. Deste total, 70 a 80% correspondiam a produção de recursos marinhos. Entretanto, nos últimos três anos houve um equilíbrio na produção em relação aos recursos continentais, chegando a 50% cada, aproximadamente, sem considerar os volumes de produção informal que não são registrados oficialmente e podem atingir de 15 a 20% da produção atual.

As espécies marinhas produzidas pela aquicultura são principalmente o camarão branco do Pacífico (Litopenaeus vannamei) e a “concha de abanico” (Argopecten purpuratus). Já a produção continental é liderada pela Truta (Oncorhynchus mikiss), representando aproximadamente 90%.

As espécies de peixes nativos amazônicos ainda não têm uma presença significativa no cenário de produção aquícola nacional peruana. No ano de 2016, a produção foi liderada pela Tambaqui (Colossoma macropomum), com 1.863 t e pelo Pacu (Piaractus brachypomus), com 1.390 t produzidas, seguido de “Boquichico” (Prochilodus nigricans). Por outro lado, destaca-se que nos últimos anos têm surgido espécies com um potencial de crescimento aquícola ainda maior. Atualmente, a demanda destas espécies é coberta principalmente pela pesca, destacando-se a “Doncella” (Pseudoplatystoma fasciatum), 719 t em 2015, “Sábalo” (Brycon cephalus), 1.775 t em 2015, “Zungaro” (Zungaro zungaro), 2.164t em 2015 e o Pirarucu (Arapaima gigas) com 1.091 toneladas em 2015 pela pesca e 142 t produzidas pela aquicultura.

De forma geral, podemos assegurar que a região amazônica peruana destaca-se pela existência de diversas espécies nativas com potencial produtivo, uma alta demanda de pescado a nível local, existência de terrenos adequados para o cultivo, clima estável e disponibilidade de água. Contudo, estas vantagens não estão sendo exploradas na sua totalidade.

O desenvolvimento aquícola das regiões amazônicas tem sido guiado pela intervenção do estado através de pesquisas e processos de experimentação realizados pelo IIAP, FONDEPES e o IVITA. O avanço alcançado pelas instituições tem sido significativo na reprodução e cultivo de Tambaqui, Pacu e “Boquichico”. Nos últimos anos houve uma intensificação da utilização destas espécies já que a produção de alevinos está sendo realizada pelos próprios produtores. Esta ação vem refletindo no aumento dos níveis de produção, porém é importante destacar que a oferta de alevinos ainda é insuficiente.

Resultados importantes com pesquisas sobre cultivo e reprodução estão sendo alcançados com os peixes nativos, como o Pirarucu, “Zungaro” e “Doncella”. Para esta última espécie tem se obtido a tecnologia de produção de alevinos em condições controladas através do esforço em conjunto das empresas BIOAQUAL e PISCICULTURA PANAMÁ (Brasil), em colaboração com UNMSM e a UNISUL, com financiamento compartilhado da INNOVATE.

Mesmo com o cenário promissor apresentado pela piscicultura na Amazônia peruana, ainda há várias espécies de maior demanda e com potencial que se encontram em um estado de pesquisa básica. A tecnologia de produção massiva de alevinos continua sendo uma limitante. Outros aspectos também requerem atenção para serem superados, necessitando de maiores estudos. Entre eles podemos destacar a melhoria das técnicas utilizadas nos processos de produção, uma vez que na maioria dos municípios ainda se praticam processos artesanais. A maior parte da ração fornecida e utilizada comercialmente está sendo formulada principalmente para Gamitana. Para as espécies potenciais e emergentes o que se têm são apenas dietas experimentais.

A piscicultura de espécies nativas amazônicas constitui uma grande alternativa afim de diminuir a pressão extrativa, contribuir com a geração de empregos de forma direta e indireta e para o desenvolvimento de processos produtivos sustentáveis sem afetar a biodiversidade nacional. Assim, se destaca como uma excelente oportunidade econômica para a iniciativa privada peruana.

 

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Rodolfo Luís Petersen

Zoólogo, Mestre em Aquicultura pela Universidade Federal de Santa Catarina e Doutor em Genética e Evolução pela Universidade Federal de São Carlos (SP). Pesquisador e Gerente do Setor de Maturação do Laboratório de Camarões Marinhos (UFSC) desde 1990 até o ano 2001. Em 2003 trabalhou no Departamento de Genética da AQUATEC e desde janeiro de 2004 até dezembro de 2006 foi Gerente de Produção e Diretor Técnico do Laboratório Estaleirinho (Balneário Camboriú/SC). Como professor da UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina), trabalhou em genética de peixes em parceria com a Piscicultura Panamá (Paulo Lopes/SC), entre 2006 e 2009. Atualmente trabalha como professor e pesquisador no curso de Engenharia de Aquicultura de Centro do Estudo do Mar (CEM/UFPR) e coordena o GECEMar (Laboratório de Biologia Molecular e Melhoramento de Organismos Aquáticos) da Instituição.

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