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Aquicultura Ornamental
14 de Janeiro de 2020 Eduardo Sanches Gomes
Início de trajetórias

Aquicultura ornamental. Não tenho conhecimento de nenhuma pesquisa que fale do quanto este ramo da aquicultura ser responsável pelo despertar do interesse em seguir carreira profissional nesta atividade. Conheço muitas histórias de colegas que desde crianças mantinham peixes e outros organismos aquáticos em aquários e hoje são profissionais renomados junto a esta cadeia produtiva. Minha própria aptidão floresceu com minha paixão, na fase infantil, em reproduzir peixes e ficar horas estudando o comportamento reprodutivo de diversas espécies, alimentando os filhotes e tentar entender um pouco da tamanha diversidade biológica que conseguia manter em aquários no quarto onde dormia (ou tentava dormir frente ao barulho de filtros e bombas de ar).

Já na década de 80, na universidade, estudando Zootecnia (Universidade Estadual Paulista – UNESP, campus de Botucatu/SP), entre tantas disciplinas de cadeias produtivas (bovinos de corte, de leite, caprinos, ovinos, avicultura de corte e de postura… até sericicultura – criação do bicho da seda), ficava indignado pelo pouco espaço da aquicultura e mais ainda pela inexistência da aquicultura ornamental!!!

A aquicultura ornamental era tida como uma “bobagem”. Um hobby que não merecia espaço junto a cadeias produtivas “relevantes”, que produziam alimento. Quando ingressei no Instituto de Pesca, a aquicultura ornamental também era vista como “de segunda classe”. Alguns diziam: “Somos uma instituição de pesquisa em uma Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Precisamos produzir tecnologia para ampliar a produção de alimentos. Não podemos perder tempo com peixinhos de aquário”.

Tempos difíceis. Quantos bons pesquisadores não devem ter passado por isto. Passados quase trinta anos tudo mudou. O que era uma “atividade de segunda classe” hoje é um mercado de bilhões de dólares. Muitas tecnologias (reprodução, larvicultura, sistemas de filtragem, alimentação, entre outras) surgem primeiro no mercado da aquicultura ornamental para muito tempo depois serem oferecidas na aquicultura de organismos aquáticos destinados à alimentação humana. Podemos até traçar um paralelo com a Fórmula 1. Novas tecnologias são inicialmente desenvolvidas nesta categoria, para muitos anos depois serem incorporadas nos carros de nosso dia a dia. A justificativa está nos custos elevados do desenvolvimento tecnológico que precisam ser “amortizados” por preços elevados, antes de atingirem a produção em escala. Assim, os valores elevados de uma atividade de alto valor agregado acaba “subsidiando” o desenvolvimento de produtos que depois, por exemplo, acabam beneficiando um produtor que engorda tilápias em uma pequena propriedade rural no interior do Brasil.

A aquicultura ornamental também permite que se amplie o conhecimento sobre inúmeras espécies de maneira muito acelerada. É impressionante a quantidade de espécies de peixes ornamentais de recifes de coral que vem sendo reproduzidos por aquaristas. Uma notável contribuição à ciência e à conservação das espécies, quase sempre sem nenhum tipo de subsídio governamental (pelo contrário, puro financiamento pessoal em prol de uma paixão).

Dizem que quando ficamos mais velhos passamos a ficar um pouco saudosistas. Não sei… mas posso admitir que quando participo de congressos de aquicultura, tenho uma enorme satisfação em ver a produção científica relacionada a aquicultura ornamental aumentando ano a ano. Sinal de que outros estão reconhecendo a oportunidade e a relevância deste segmento produtivo. E não posso deixar de pensar naqueles tempos em que tínhamos que trabalhar “escondidos” com peixes ornamentais e jamais pensar em levar um resumo sobre o tema em um congresso científico. Seria um vexame na certa. Nada como o passar do tempo.

A partir da próxima coluna vou começar a abordar as diferentes facetas da aquicultura ornamental. Notadamente as mais curiosas, que fogem ao convencional, contribuindo para despertar nos leitores da Aquaculture Brasil, o interesse por esta atividade.

Vamos conhecer empresas e profissionais que tiram seu sustento (e geram muitos empregos e renda) somente da produção de organismos aquáticos ornamentais. Vamos conhecer a história destas pessoas e observar um ponto em comum entre todas: a paixão pela aquicultura ornamental. Vocês vão se surpreender ao perceber que “peixinhos coloridos” são muito mais do que “peixinhos coloridos”.

Portanto meus amigos, vamos agradecer a Aquaculture Brasil por esta oportunidade de divulgação deste segmento produtivo e trazer a cada coluna, histórias e novidades deste segmento.

Até a próxima coluna!

 

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