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Aquicultura Latino-Americana
01 de Maio de 2017 Rodolfo Luís Petersen
Probióticos e cultivos heterotróficos na América Latina

Vinte anos atrás a grande alternativa para tentar resolver qualquer problema de qualidade da água, seja na larvicultura, seja na engorda, era RENOVAR. Renovar também como medida preventiva. Nas larviculturas antibióticos eram rotina. Europeus e americanos iniciaram uma série de pesquisas visando a incorporação de bactérias na água de cultivo. Anos depois, em nosso território, os asiáticos, latino-americanos, os equatorianos, país que respira aquicultura 24 horas ao dia, começaram a fazer suas “alquimias” locais, nas fazendas e nos laboratórios. A ideia era isolar cepas locais mais eficientes que as industrializadas vindas do velho mundo. Um forte grupo liderado por profissionais como Fernando Huerta e Jorge Chávez Rigaíl divulgaram suas experiências e ótimos resultados assessorando empresas em toda América, aplicando o uso de probióticos e biorremediadores em grandes fazendas de engorda. O incêndio se alastrou por todo o continente e os probióticos – biorremediadores caseiros e industrializados tornaram-se moda.

 

 

Atualmente o uso de bactérias benéficas é uma pratica bastante consolidada, porém, precisa-se saber usar. Alguns produtores, por falta de experiência técnica, não conseguem resultados imediatos e não conseguem incorporar a tecnologia nos custos de produção. Temos que lembrar o impacto desta tecnologia no controle de diversas viroses da carcinicultura, principalmente mancha branca, onde reduções consideráveis da troca de água levam a um menor estresse dos animais e à estabilidade ambiental. Não tenho nenhuma dúvida que se hoje, 2017, fosse empresário brasileiro de médio ou grande porte, investiria em boas assessorias e técnicos especializados nesta área. Não é questão de usar um produto como receita de bolo. O certo é ter bons conhecimentos de microbiologia aquática e saber como avaliar seus usos e resultados.

E os cultivos heterotróficos? Lembro que os primeiros cultivos heterotróficos que tive a oportunidade de ver no Brasil foi quando trabalhei numa grande empresa do setor no departamento de Genética e Reprodutores (empresa que sempre investiu em tecnologia e assessoria externa). Na época, 2003, juvenis de 15 gramas selecionados na fazenda eram engordados em condições de laboratório ate tamanho de reprodutor. Tudo bastante empírico, onde se colocava diariamente “caldo de lula” (feito das sobras dos cortes na preparação da dieta no setor de maturação) como fonte de nitrogênio e melaço como fonte de carboidratos. A densidade e tamanho dos flocos eram controlados visualmente com uma amostragem em béquer de um litro todas as manhãs. Nos anos 2000, vários pesquisadores brasileiros saíram a realizar seus pós-doutorados iniciando fortes linhas de pesquisa.

Hoje, a estação de maricultura da FURG se tornou referência latina, oferecendo cursos aos produtores e participando ativamente de reuniões e congressos internacionais.

O Dr. Tzachi Samocha, líder orientador de técnicos e pesquisadores brasileiros, tem difundido amplamente o cultivo heterotrófico em todo o continente. O sistema de cultivo intensivo heterotrófico está crescendo e seu potencial é enorme, mais ainda enfrenta desafios como: controle sanitário efetivo, qualidade da pós-larva local, assim como redução dos custos de implantação e de produção. O sistema de cultivo heterotrófico tem se espalhado pela América Latina toda, principalmente focando seu uso na fase de berçários ou produção de juvenis em sistemas multifásicos.

 

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Capa do colunista Rodolfo Luís Petersen
Rodolfo Luís Petersen

Zoólogo, Mestre em Aquicultura pela Universidade Federal de Santa Catarina e Doutor em Genética e Evolução pela Universidade Federal de São Carlos (SP). Pesquisador e Gerente do Setor de Maturação do Laboratório de Camarões Marinhos (UFSC) desde 1990 até o ano 2001. Em 2003 trabalhou no Departamento de Genética da AQUATEC e desde janeiro de 2004 até dezembro de 2006 foi Gerente de Produção e Diretor Técnico do Laboratório Estaleirinho (Balneário Camboriú/SC). Como professor da UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina), trabalhou em genética de peixes em parceria com a Piscicultura Panamá (Paulo Lopes/SC), entre 2006 e 2009. Atualmente trabalha como professor e pesquisador no curso de Engenharia de Aquicultura de Centro do Estudo do Mar (CEM/UFPR) e coordena o GECEMar (Laboratório de Biologia Molecular e Melhoramento de Organismos Aquáticos) da Instituição.

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Charge Edição nº Publicado em 18/09/2023
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