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Ranicultura
01 de Março de 2017 Andre Muniz Afonso
Densidade e Enfermidades – Existe Relação?

Em nossa primeira coluna para o portal Aquaculture Brasil, publicada em maio de 2016, abordamos o assunto: “A criação de rãs nos meses de outono e inverno”. Procuramos enfatizar algumas das características marcantes desses meses, principalmente nas regiões onde há mudanças significativas, pois sabemos que no Norte e no Nordeste brasileiros elas são menos sensíveis que no Sul, no Sudeste e em parte do Centro-Oeste. No entanto, podemos explorar mais o assunto, principalmente no que se refere à densidade e ao surgimento de enfermidades.

Inicialmente é importante definir que existem enfermidades infecciosas, ou seja, que são causadas por agentes infecciosos ou patogênicos, tais como vírus, bactérias, fungos e parasitos, e enfermidades não infecciosas, de natureza diversa (doenças autoimunes, mal formações provocadas por carências ou excessos alimentares, tumores, entre outras). Quando estamos diante de um quadro infeccioso, num ranário comercial, é necessário refletir sobre a existência da enfermidade, que se faz perceptível pela ocorrência de mortalidade ou de sinais clínicos aparentes, como letargia, inapetência, dificuldade de locomoção, ou seja, perceber a doença e verificar que algo de anormal está acontecendo.

Em animais de rebanho, quando o quadro sugere uma infecção, não podemos considerar que exista (apenas) um animal doente, pois, pela relação íntima daquela comunidade, o agente infeccioso está em contato com todo o grupo (sugere-se a leitura de artigos sobre os temas “herd factor” e “herd immunity”). Se é assim, por que alguns animais apresentam sinais e podem evoluir ao óbito?

 

 

No seu hábitat de origem, as rãs estão sujeitas aos mais diversos desafios. Precisam procurar alimento constantemente, fugir de predadores, abrigar-se do sol, porém, em função do seu hábito de vida livre, o contato mais íntimo que ocorrerá será no momento em que o animal estiver à procura por um indivíduo do sexo oposto para acasalar. Isso faz com que as enfermidades infecciosas sejam muito menos frequentes, pois são breves os momentos de contato entre indivíduos, ainda que compartilhem um mesmo corpo d’agua ou microrregião. Nós, humanos, somos seres mais sociáveis e podemos usar como exemplo a mudança das estações mais quentes para as mais frias. Há uma tendência em permanecer em ambiente mais confinado, o que ocasiona problemas de resfriado, pneumonias, micoses etc. Em outras palavras, ao confinar animais, estamos facilitando o aparecimento das doenças de ordem infecciosa.

Quando as estações mudam, os ritmos circadianos também o fazem, pois a luminosidade (fotoperíodo) estimula essas mudanças percebidas pela glândula pineal. Nos animais de sangue frio (pecilotérmicos), isso representa uma diminuição no metabolismo e seus sistemas tendem a trabalhar num ritmo menos acelerado. Por isso as doenças surgem: o sistema imunológico fica menos ativo, mas os agentes patogênicos permanecem no ambiente. O que fazer?

A prevenção sempre é o melhor caminho! Temos de nos preparar para enfrentar esse período com boa alimentação (quantidade e qualidade), não ultrapassando as densidades recomendadas para cada fase, descartando ou tratando os animais lesionados, conforme o caso, e, principalmente, tentando tornar o ambiente o mais favorável possível para que o processo de crescimento e desenvolvimento continue. Se pudermos aquecer um pouco o ambiente, veremos que isso fará uma grande diferença na sobrevida dos animais.

SAUDAÇÕES RANÍCOLAS!

 

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Andre Muniz Afonso

Formado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (UFF/2000), com mestrado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Patologia e Reprodução Animal-UFF/2004) e doutorado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal-UFF/2016). Desde 2009 é professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no Setor Palotina (Palotina/PR), sendo responsável pelas disciplinas de Tecnologia do Pescado, Ranicultura e Análise Sensorial de Alimentos e Bebidas, bem como pelo Laboratório de Ranicultura (LabRan-UFPR). Tem experiência na produção, beneficiamento, industrialização e sanidade de organismos aquáticos, tendo atuado em diversos órgãos voltados a esta temática. Atua principalmente nos seguintes temas: Processamento e Inspeção Higienicossanitária de Produtos de Origem Animal, Vigilância Sanitária, Aquicultura, Sanidade Aquícola e Extensão Rural.

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