A piscinodiníase, também conhecida como doença do veludo, é uma doença parasitária ocasionada pelo dinoflagelado Piscinoodinium pillulare. Este parasito possui ampla distribuição territorial, cuja ocorrência já tem sido registrada nos principais polos de piscicultura de água doce do Brasil, acometendo principalmente os peixes redondos, tais como o tambaqui, tambatinga e tambacu, bem como matrinxã, piauçu, curimatã, pintado amazônico e espécies exóticas como o catfish americano. Por outro lado, a tilápia do Nilo possui notável resistência a este parasito, sendo raro os episódios de surtos de mortalidade na tilapicultura relacionada a este parasito.
A biologia deste dinoflagelado ainda é pouco conhecida. No entanto, sabemos que águas ácidas (pH menor que 7) e com baixo poder de tamponamento (baixa alcalinidade total) são fatores de riscos importantes associados à ocorrência desta doença. Além disso, o status nutricional deficitário dos animais e altas densidades de estocagem são condições que intensificam à susceptibilidade dos peixes às parasitoses diversas, especialmente à infestação por P. pillulare.
Este agente acomete principalmente as brânquias, pele e nadadeiras dos peixes, sendo, portanto, um ectoparasito. Possui ciclo de vida trifásico, composto por trofonte, tomonte e dinósporo, na qual a fase parasitária que é diagnosticada nos hospedeiros é o trofonte; que possui formato arredondado a piriforme, sem estruturas de locomoção e apresenta coloração castanha escura quando observado em exames a fresco no microscópio óptico (Figura 1). O tomonte é a fase de vida aquática do parasito que sofre sucessivas divisões, enquanto o dinósporo é a fase flagelada infectante, responsável por ganhar novos hospedeiros.
Entre as principais alterações patológicas ocasionadas por esta parasitose, está a destruição das células epiteliais que revestem os filamentos e lamelas branquiais, causando asfixia (dificuldade respiratória). Desta forma, os peixes se tornam mais sensíveis às oscilações dos níveis de oxigênio dos viveiros, bem como apresentam dificuldade para excreção de compostos tóxicos oriundos do seu metabolismo. Geralmente a evolução da doença é crônica, podendo demorar meses até levar a um quadro de mortalidade.
Poucos fármacos disponíveis no mercado possuem eficácia razoável para o tratamento desta parasitose, o que torna mais desafiador a gestão desta doença. A forma mais adequada para conviver com este problema é o monitoramento da infestação desde as fases iniciais de criação do peixe, associado a periódicos ajustes na alcalinidade da a água, a partir de calagens, para disponibilizar um ambiente desfavorável ao parasito. Além disso, o uso de densidades de estocagens adequadas, aliadas à boas rações para tornar os peixes saudáveis e tolerantes aos desafios de criação são medidas de boas práticas de criação essenciais. Atualmente o uso de produtos algicidas, tais como o sulfato de cobre, tem sido amplamente utilizado no combate a esta doença. Contudo, é importante ressaltar que se trata de um metal pesado, que gera acumulação no ambiente aquático e nos animais, podendo colocar em risco a segurança alimentar dos consumidores e a saúde ambiental.
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Possui graduação em Medicina Veterinária (2010) e mestrado em Aquicultura (2013) pelo Centro de Aquicultura da Unesp de Jaboticabal – CAUNESP. Desenvolveu atividades em pesquisa no Laboratório de Piscicultura da Embrapa Agropecuária Oeste-MS (2007 – 2011) e no Laboratório de Patologia de Organismos Aquáticos (LAPOA) do CAUNESP (2011 – 2013), sendo parceiro do Laboratório AQUOS – Sanidade de Organismos Aquáticos, UFSC (desde 2011). Possui dezenas de artigos científicos publicados, atuando como revisor em periódicos especializados internacionais e nacional, além possuir capítulos de livros e um livro publicado. Tem atuado principalmente em Aquicultura, com ênfase nos seguintes temas: diagnóstico, parasitos de peixes, doenças bacterianas, viroses emergentes, histopatologia, manejo sanitário em pisciculturas, controle e erradicação de doenças em fazendas-berçário produtoras de alevinos.
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