A ranicultura é uma atividade conhecida pela diversidade de modelos e sistemas aplicados ao longo do ciclo de produção, principalmente no que se refere à fase de engorda, que foi a mais testada e experimentada pelo universo acadêmico. Dentro deste contexto sempre surge a dúvida por qual modelo deva ser adotado na implantação de um ranário comercial. Existe um modelo mais eficaz? Na verdade, existem alguns modelos eficazes e sua implantação dependerá de uma série de questões, que podem envolver o clima local, a disponibilidade de água, entre outros fatores. Entretanto uma coisa é certa: “O piso das baias deve receber atenção especial”.
Entre os tipos de piso mais difundidos, no momento, temos o acimentado (tradicional) e o revestido por lona plástica (moderno). Ambos possuem vantagens e desvantagens, portanto a decisão ficará a cargo do responsável pela construção/implantação do ranário. O piso acimentado possui como vantagens uma maior durabilidade e a possibilidade de limpeza mais vigorosa, inclusive por meio do uso da vassoura de fogo, em alguns casos. Já como desvantagens podemos dizer que ele propicia o surgimento de lesões na pele dos animais, necessita de reparos quando do surgimento de infiltrações e, consequente, perda de água, e possui pouca versatilidade quando se faz necessária uma mudança de manejo (p. ex. transformação de baia em tanque).
A utilização da lona plástica tem como vantagens a alta versatilidade, pois pode ser transformada de tanque em baia rapidamente e de um sistema semi-seco em inundado por meio da alteração da sua base. Ainda, a ausência de lesões na pele dos animais e maior facilidade de manutenção de temperaturas elevadas na água (requer maior monitoramento). Como desvantagens apresenta menor durabilidade e impossibilidade de utilização de produtos cáusticos ou o fogo na higienização. Ao analisarmos os prós e os contras, algumas questões surgem:
Outras questões poderiam ser levantadas, mas respondamos primeiro a estas. O aparecimento de lesões nos animais, principalmente de mãos e pés, além do peito (quando são mais pesados), permite a entrada de agentes patogênicos no organismo das rãs. A pele, o maior órgão do corpo, constitui uma importante barreira às invasões. No caso das rãs, ela produz anti-inflamatórios e antimicrobianos naturais que ajudam o animal no combate aos agentes infecciosos do ambiente, mas lesões por esforço repetitivo ou por mudança de pH da água, causadas pelo cimento, dificultam a ação desses mecanismos fisiológicos.
Quanto maior a versatilidade nos ranários melhor será a eficiência do modelo de produção.
E, por fim, sim, podemos dizer que existem bons agentes sanitizantes, como o iodo e seus derivados, que podem ser utilizados nos sistemas compostos por lona plástica, inclusive com ação polivalente (bactericida, fungicida, viricida e parasiticida). Finalizamos com outras características da lona frente ao seu concorrente, o cimento: ela representa maior economia de investimento e não necessita de mão de obra especializada para montagem, portanto mais rápida e barata.
Saudações ranícolas!
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Formado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (UFF/2000), com mestrado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Patologia e Reprodução Animal-UFF/2004) e doutorado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal-UFF/2016). Desde 2009 é professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no Setor Palotina (Palotina/PR), sendo responsável pelas disciplinas de Tecnologia do Pescado, Ranicultura e Análise Sensorial de Alimentos e Bebidas, bem como pelo Laboratório de Ranicultura (LabRan-UFPR). Tem experiência na produção, beneficiamento, industrialização e sanidade de organismos aquáticos, tendo atuado em diversos órgãos voltados a esta temática. Atua principalmente nos seguintes temas: Processamento e Inspeção Higienicossanitária de Produtos de Origem Animal, Vigilância Sanitária, Aquicultura, Sanidade Aquícola e Extensão Rural.
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