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Sanidade Aquícola
01 de Janeiro de 2017 Santiago Benites de Pádua
Estreptococoses na Tilapicultura

Atualmente as doenças bacterianas são os principais problemas sanitários que afligem a tilapicultura global, causando impactos econômico, social e ambiental com à ocorrência de surtos de mortalidade. Entre os agentes etiológicos, três espécies de estreptococos se destacam, sendo Streptococcus agalactiae, Streptococcus iniae e Streptococcus dysgalactiae os agentes causadores destas enfermidades. No Brasil, temos a ocorrência das três espécies de estreptococos como causadores de infecção em tilápia, no entanto, S. agalactiae é a bactéria que apresenta maior prevalência e possui ampla distribuição territorial, sendo detectada em praticamente todos os polos de tilapicultura estabelecidos no Brasil.

Tradicionalmente, a infecção pelo Streptococcus spp. ocasiona infecção sistêmica, contudo, este agente possui tropismo pelo sistema nervoso central, o que leva ao quadro de meningoencefalite bacteriana, com a evolução de sinais clínicos neurológicos (nado em rodopio) e oculares (panftalmite e exoftalmia – Figura 1); podendo ainda haver pericardite supurativa e peritonite, com acúmulo de exsudato inflamatório, o que por sua vez pode se tornar uma efusão celomática (acúmulo de líquido na cavidade celomática). A manifestação clínica da doença pode variar conforme sua fase, virulência da estirpe bacteriana e fatores de riscos associados. Na fase aguda da doença observamos principalmente sinais clínicos neurológicos e oculares, sendo que na fase de cronificação da doença observamos caquexia, efusão celomática, bem como formação de abcessos inflamatórios e flegmões na musculatura dos animais infectados.

 

 

O principal fator de risco associado à infecção pelos estreptococos é o aumento da temperatura da água, sendo, portanto, uma doença de maior impacto no período de primavera e verão. Geralmente a infecção por esta bactéria ocorre em temperaturas acima de 28 ºC, além disso, altas densidades de estocagem, baixos níveis de oxigênio dissolvido na água e más condições de limpeza das telas dos tanques-rede são fatores adicionais que aumentam o risco de emergência de surtos pelos estreptococos. O principal grupo de risco para esta doença na tilapicultura são animais na fase final de crescimento, justamente àqueles que se torna o tratamento com antibioticoterapia mais oneroso.

Nos últimos anos, temos observado algumas variações nestes padrões da doença, onde os animais mais jovens, muitas vezes juvenis com menos de 30 g, ou até mesmo alevinos, manifestando a doença de forma clássica. Além disso, já detectamos sua ocorrência durante os dois últimos invernos, causando surtos importantes com temperatura da água na faixa de 19,5º C a 23ºC. Estas observações nos levam a acreditar na adaptabilidade do agente infeccioso em toda a cadeia de produção, com potencial risco de transmissão a partir do plantel de matrizes.

Para contenção de surtos agudos de estreptococos, a melhor estratégia é a partir do uso de ração medicada com antibióticos. Para mortalidades de menor proporção, pode-se fazer o uso de algumas estratégias de manejo que são responsivas, tais como cessar o arraçoamento temporariamente, uma vez que a infecção por esta bactéria ocorre via trato gastrintestinal. A redução da densidade de estocagem para períodos de altas na temperatura da água também é uma estratégia que auxilia a reduzir o impacto pela enfermidade. No entanto, a ferramenta mais efetiva para prevenção desta doença é a partir da imunoprofilaxia ativa das formas jovens, com uso de vacina injetável que atualmente já se encontra disponível no mercado nacional.

 

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Capa do colunista Santiago Benites de Pádua
Santiago Benites de Pádua

Possui graduação em Medicina Veterinária (2010) e mestrado em Aquicultura (2013) pelo Centro de Aquicultura da Unesp de Jaboticabal – CAUNESP. Desenvolveu atividades em pesquisa no Laboratório de Piscicultura da Embrapa Agropecuária Oeste-MS (2007 – 2011) e no Laboratório de Patologia de Organismos Aquáticos (LAPOA) do CAUNESP (2011 – 2013), sendo parceiro do Laboratório AQUOS – Sanidade de Organismos Aquáticos, UFSC (desde 2011). Possui dezenas de artigos científicos publicados, atuando como revisor em periódicos especializados internacionais e nacional, além possuir capítulos de livros e um livro publicado. Tem atuado principalmente em Aquicultura, com ênfase nos seguintes temas: diagnóstico, parasitos de peixes, doenças bacterianas, viroses emergentes, histopatologia, manejo sanitário em pisciculturas, controle e erradicação de doenças em fazendas-berçário produtoras de alevinos.

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