Colunas
Ranicultura
01 de Janeiro de 2017 Andre Muniz Afonso
Será a especialização o caminho?

A ranicultura é uma atividade zootécnica por essência e seu ciclo produtivo pode ser dividido em 3 fases distintas – reprodução, larvicultura ou girinagem e engorda. A atividade completou 80 anos de existência no Brasil em 2015. Muitos modelos de produção foram criados, uns em uso, ainda que aprimorados, outros completamente abolidos. A alimentação também continua sendo motivo de investigação científica e assim será, por representar o maior percentual de custo da produção, além disso, seu desenvolvimento resulta em melhor aproveitamento dos nutrientes da dieta e menor descarga de dejetos.

Porém, o ranicultor ainda desenvolve todas as etapas de criação. Um ranário clássico é conhecido por desenvolver a ranicultura integral, onde todas as suas fases estão representadas. Devemos manter esse formato ou seguir o exemplo de outras cadeias produtivas, como as do frango, dos suínos e dos peixes? Será a especialização o caminho?

Para respondermos é necessário entender primeiro cada etapa do ciclo produtivo. A reprodução é composta por animais que, desejavelmente, devem possuir características zootécnicas interessantes e baixa consanguinidade, de modo a obter-se o máximo de heterose possível aliada às características de produção benéficas, como precocidade, prolificidade, sobrevivência, rendimento de carcaça, entre outras. Devido à não especialização, hoje os ranários não possuem reprodutores selecionados, muitas vezes são consanguíneos e não existe marcação dos animais, logo não se pode traçar um esquema de cruzamentos favoráveis, nem tampouco conhecer sua história reprodutiva. Como a reprodução é o berço de qualquer atividade de criação, a falta de conhecimento e investimento nessa etapa provoca uma cascata de problemas que se refletem nas demais fases.

 

 

A fase seguinte, representada pela criação dos girinos, é realizada em tanques de dimensões diversas, por materiais de cobertura diversos, com densidades animais diversas, ainda que existam orientações relacionadas a esses detalhes. Por que isso ocorre? Normalmente porque se superdimensiona a reprodução e se subdimensiona a larvicultura, logo são obtidas muitas desovas e o produtor, por não querer desperdiçá-las, acaba por adensar os animais. O resultado é catastrófico! As taxas de mortalidade se elevam e os animais que se transformam em juvenis são pequenos. A falta de padrão se dá pela ausência de profissionalização do produtor no que tange a esse segmento. Reprodução e engorda acontecem ainda que o produtor erre, mas a girinagem não. Ela é um grande gargalo.

Por fim temos a engorda, que pode ser subdividida em inicial (criação dos imagos ou juvenis de rã) e final (criação das rãs até o peso de abate). A criação dos imagos pode ser dificultada quando seu peso e tamanho são inferiores ao padrão ideal. Pode ocorrer maior mortalidade e mais ração será empregada no sentido de conduzir o animal ao peso final almejado, ou seja, aumenta-se o tempo e o custo de produção. Após 50 gramas passamos a chamá-los somente de rãs e sua criação é extremante fácil, ainda que desenvolvida de diferentes maneiras.

Agora podemos responder que manter o formato atual não é o melhor caminho, portanto somos favoráveis à especialização. Ela pode promover uma mudança conceitual na forma como se produzem as rãs. Ela significa uma profissionalização do setor. Dá foco e permite a concentração de esforços e investimentos.

Saudações ranícolas!

 

Faça o download e confira o texto completo com todas as ilustrações. Clique aqui

 

Anterior
Próxima
Patrocínio do colunista Andre Muniz Afonso
Colunista
Capa do colunista Andre Muniz Afonso
Andre Muniz Afonso

Formado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (UFF/2000), com mestrado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Patologia e Reprodução Animal-UFF/2004) e doutorado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal-UFF/2016). Desde 2009 é professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no Setor Palotina (Palotina/PR), sendo responsável pelas disciplinas de Tecnologia do Pescado, Ranicultura e Análise Sensorial de Alimentos e Bebidas, bem como pelo Laboratório de Ranicultura (LabRan-UFPR). Tem experiência na produção, beneficiamento, industrialização e sanidade de organismos aquáticos, tendo atuado em diversos órgãos voltados a esta temática. Atua principalmente nos seguintes temas: Processamento e Inspeção Higienicossanitária de Produtos de Origem Animal, Vigilância Sanitária, Aquicultura, Sanidade Aquícola e Extensão Rural.

Categorias
Charges
Capa Que ventania!
Que ventania!
Charge Edição nº Publicado em 18/09/2023
Informativo

Assine nosso informativo para receber promoções, notícias e novidades por e-mail.

+55 (48) 9 9646-7200

contato@aquaculturebrasil.com

Av. Senador Gallotti, 329 - Mar Grosso
Laguna - SC, 88790-000

AQUACULTURE BRASIL LTDA ME
CNPJ 24.377.435/0001­18

Top

Preencha todos os campos obrigatórios.

No momento não conseguimos enviar seu e-mail, você pode mandar mensagem diretamente para contato@aquaculturebrasil.com.

Contato enviado com sucesso, em breve retornamos.

Preencha todos os campos obrigatórios.

Preencha todos os campos obrigatórios.

Você será redirecionado em alguns segundos!