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Aquicultura Latino-Americana
01 de Janeiro de 2017 Rodolfo Luís Petersen
Transgênicos na América do Sul – Você é a favor ou contra a liberação do salmão transgênico?

A Argentina sempre foi o campo de testes de tudo. Só faltou a bomba nuclear. Em outubro, na minha última viagem ao país vizinho, a televisão só comentava a crise com a Inglaterra porque o país do Norte iria fazer uns testes de armas pela região das Ilhas Malvinas no Atlântico Sul. Os argentinos também lideraram no passado os testes da soja transgênica. Os testes deram certo. Hoje a Argentina produz milhões de toneladas e transformou- se em um dos maiores produtores do planeta.

Uma notícia bombástica circulou numa importante lista de discussão da aquicultura brasileira (16/09/2016) mais ninguém deu muita importância, até porque todos acharam que não era verdadeira. Para introduzir nas terras tupiniquins um lote de animais exóticos que se cultivem normalmente no país é uma novela, alevinos transgênicos seria impossível.

 

 

Participei como professor em outubro de um curso de Piscicultura Marinha no INIDEP (Instituto Nacional de Desenvolvimento Pesqueiro – Mar del Plata – Argentina) ministrando um par de aulas de genética. Na minha segunda participação dissertei sobre ferramentas aplicadas ao melhoramento genético, onde mergulhei no melhoramento clássico, manipulações cromossômicas, na hibridação interespecífica, para finalizar com os transgênicos. Apresentei alguns slides com o constructo do transgênico do salmão, a região promotora, o gene, etc. Quando fui a finalizar, colei no meu último slide a notícia da internet e deixei no ar:

“Será verdade?”

Na turma de alunos estava o Secretário de Pesca e Aquicultura da Argentina, que tinha ido abrir o curso com uma palestra introdutória do status da aquicultura no país, sendo que na ocasião de sua fala não mencionou nada dos testes com os peixes geneticamente modificados. Aproveitando a oportunidade e para finalizar minha aula, o intimei e falei:

“De repente, o secretário nos possa dar uma luz sobre a veracidade da Notícia”
O secretário sem titubear confirmou:
“Estão sendo realizados testes no Estado de Santa Cruz, na Patagônia, em condições de biossegurança”.
Perguntei-lhe:
“Mas como zeram para autorizar a introdução dos alevinos?”
E sem titubear mais uma vez respondeu:
“Montamos uma comissão de biossegurança que analisou a proposta da empresa canadense em parceria com uma empresa argentina e aprovamos”.
Assim como estava participando o secretário, haviam também alunos de muitas instituições de pesquisa e universidades, inclusive do Brasil, Uruguai e Peru. Todos ficaram perplexos. Quando comentava com meus amigos fora do âmbito acadêmico me comentaram:
“Macri e suas equipes estão fazendo isso. Não lhe importa nada. Se verificam a possibilidade de negócio topam sem vacilar e sem consultar a ninguém”.
Os ictiólogos argentinos conservacionistas não sabem nada. Os poucos aquicultores tampouco sabem. Os organizadores do curso de piscicultura marinha tampouco sabiam.
Os alevinos canadenses já pousaram em território sul-americano. Pareceu-me entender do secretário que há algumas empresas chilenas envolvidas no negócio.
Você é a favor ou contra os transgênicos?
-Como tudo depende de tudo, em princípio, sou a favor.

 

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Capa do colunista Rodolfo Luís Petersen
Rodolfo Luís Petersen

Zoólogo, Mestre em Aquicultura pela Universidade Federal de Santa Catarina e Doutor em Genética e Evolução pela Universidade Federal de São Carlos (SP). Pesquisador e Gerente do Setor de Maturação do Laboratório de Camarões Marinhos (UFSC) desde 1990 até o ano 2001. Em 2003 trabalhou no Departamento de Genética da AQUATEC e desde janeiro de 2004 até dezembro de 2006 foi Gerente de Produção e Diretor Técnico do Laboratório Estaleirinho (Balneário Camboriú/SC). Como professor da UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina), trabalhou em genética de peixes em parceria com a Piscicultura Panamá (Paulo Lopes/SC), entre 2006 e 2009. Atualmente trabalha como professor e pesquisador no curso de Engenharia de Aquicultura de Centro do Estudo do Mar (CEM/UFPR) e coordena o GECEMar (Laboratório de Biologia Molecular e Melhoramento de Organismos Aquáticos) da Instituição.

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