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Biotecnologia de algas
01 de Outubro de 2016 Roberto Bianchini Derner
Microalgas e a produção de biocombustíveis – Situação atual

A crescente demanda mundial por energia, aliada à dependência do petróleo para a produção de combustíveis, tem levado muitos países a investir na busca por novas matrizes energéticas, preferencialmente a partir de fontes renováveis. Baseado nesse cenário, as microalgas têm sido propostas como uma potencial alternativa para a produção de biocombustíveis, sendo que, isto envolve três vias gerais: a produção direta nas culturas de moléculas combustíveis recuperáveis (bioetanol, biometanol e biohidrogênio, por exemplo) sem a necessidade de separação e da extração dos produtos da biomassa; o processamento da biomassa integral (combustão, gaseificação ou fermentação); a extração de compostos da biomassa (lipídios e carboidratos) seguida da conversão em combustíveis (biodiesel, bioetanol, bioquerosene, dentre outros). A última via é a mais comum, ou seja, a produção de biodiesel a partir da fração lipídica da biomassa de microalgas (matéria-prima) é o processo mais frequentemente estudado.

Podem ser apresentadas muitas vantagens decorrentes da produção de biodiesel a partir de culturas de microalgas, que incluem o rápido crescimento, a elevada produtividade em biomassa e o alto teor lipídico de algumas cepas, assim, o cultivo pode ser implantado em áreas menores (em terras inférteis), além de poder utilizar águas impróprias para a agricultura, como água do mar, salobra e residual (efluentes municipais e de determinados processos de produção industrial).

 

 

É fato que na literatura são encontradas estimativas que apontam para uma produtividade em biomassa muito superior àquela verificada nas culturas das oleaginosas (soja, palma, etc.), sendo que, isto implica em produtividade em biodiesel igualmente elevada (150.000 L/ ha/ano, por exemplo). Entretanto, cabe esclarecer que estes volumes são apresentados com base em extrapolações de dados de produção obtidos em cultivos desenvolvidos em laboratório e/ou em pequena escala. Apesar do potencial, o uso das microalgas como fonte de matéria-prima graxa para a produção de biodiesel em nível industrial ainda requer o desenvolvimento de muitas pesquisas, a fim de identificar e dirimir diversos gargalos tecnológicos, particularmente considerando: 1 – a diversidade biológica das microalgas (das centenas de milhares de espécies somente algumas têm características adequadas para cultivos em grande escala); 2 – os tipos de cultivo (autotrófico, heterotrófico, mixotrófico e fotoheterotrófico); 3– os sistemas de produção (abertos, fechados, de elevada produtividade); 4– os fatores que influenciam a biossíntese/acumulação dos lipídios de interesse (estresses); 5– os métodos de separação da biomassa do meio de cultura (floculação, centrifugação etc.); 6– as técnicas de extração do óleo e síntese do biodiesel; 7– os custos de produção, que poderão ser contrabalançados pelo emprego de resíduos contendo nutrientes (tratamento de efluentes da aquicultura, CO2, por exemplo), – co-processos, bem como, a utilização da biomassa resultante do processo para distintas finalidades (alimento animal, biofertilizantes, extração de biopolímeros, pigmentos etc.) – coprodutos.

Para concluir, é pos¬ível afirmar que ainda não existe um pacote tecnológico (industrial) para a produção de biodiesel a partir da biomassa de microalgas, contudo, em muitos países – incluindo o Brasil – grandes corporações e muitas instituições governamentais têm investido recursos buscando equacionar este processo através de projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Tecnológica, assim, segue a batalha…

 

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Roberto Bianchini Derner

Biólogo, Mestre em Aquicultura e Doutor em Ciência dos Alimentos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Pesquisador e Gerente do Setor de Microalgas do Laboratório de Camarões Marinhos da UFSC entre 1989 e 2006. Atualmente é professor no Departamento de Aquicultura e supervisor do Laboratório de Cultivo de Algas (LCA). Coordena diversos projetos de pesquisa na área de recursos pesqueiros e engenharia de pesca/biotecnologia, com ênfase em aquicultura/algocultura - cultivo de microalgas para a produção de compostos bioativos (pigmentos, ácidos graxos, polissacarídeos etc.), biocombustíveis (biodiesel, bioetanol etc.) e tratamento de efluentes líquidos e gasosos.

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