Para começar, a coluna de hoje é um plágio. Para não a chamar de plágio vou chama-la de Análise crítica da coluna de meu ídolo Artemia Salinas.

Para quem não sabe, Artemia Salinas é o nome anônimo de um importante colunista da Revista Panorama Aquícola mexicana. Não tenho lido ele nos últimos anos, mas era fanático dele na década dos 90. Pelas Newsletters da revista por e-mail, abro e vejo a última coluna intitulada: “A Aquicultura das Expectativas”. 

Tenho um amigo aquicultor mais famoso que o Papa Francisco que me diz que sou um pessimista, e eu lhe digo que sou um realista.

Artemia abre a coluna com exatamente a seguinte frase:

Entre a “Aquicultura da Realidade” e a “Aquicultura das Expectativas” se podem criar uma variedade de cenários, que em um mercado de inversores que desconhecem a aquicultura, podem caber as ideias mais delirantes, e mesmo assim, acreditar nelas.

Eu agregaria: e muitos que conhecem a atividade também deliram, em um excesso de entusiasmo proativo.

Reconheço que sem esse entusiasmo proativo nada acontece, mas particularmente considero válido aqueles que investem seu dinheiro e metem bala. Muitos a longo prazo ganham dinheiro, muitos terminam falindo, mas não respeito aos entusiastas proativos que investem com o dinheiro dos outros sem deixar claro o risco que está correndo. Mas quando você coloca o risco em cima da mesa, você é pessimista, ficam com medo, e resolvem sair correndo. A parada é tentar convencê-los que você sabe e que é tudo uma maravilha.  Nunca ganhei um centavo como técnico e muito menos como consultor. Falar da realidade para um determinado cliente é condenar-se ao fracasso certo, gostam mais de expectativas.

Continuando a análise da coluna de Artemia....................

“Startups” e empresas “Fintech” brotaram como baratas oferecendo o chamado pelo autor como o nascimento da “Aquicultura das Expectativas”:

• Seguridade alimentar
• Geração de empregos
• Alimentos de alto teor proteico e baixo em lipídeos.
• Menor conversão alimentar.
• Maior produção por unidade de área em sistemas intensivos e superintensivos.
• Excelente lucratividade em empresas novas, numa indústria nova com promessas de crescimento acelerado em um mercado com forte demanda.

Porém.............. chegamos à “Aquicultura da realidade”, onde Artemia destaca:

• Ideias delirantes que podem demorar anos de inversões para que sejam visualizadas as falsas expectativas.
• Projetos aparentemente lógicos que depois se revelam inviáveis técnica e financeiramente.
• Ideias lógicas mas que enfrentam regulações governamentais.
• Mercados superestimados.

E remata:

“Nesta encruzilhada, é difícil para os potenciais inversores compreender se as novas tecnologias não são acolhidas pelos veteranos aquicultores por serem delirantes e especulativas, ou se são rechaçadas pela necessidade e resistências as mudanças.”

Obrigado Artemia, muito obrigado. Tenho botado para eclodir bilhões de nauplios na minha vida. Para mim, existem milhares de projetos delirantes e especulativos. O que não se entende ainda é que a Aquicultura não é nada fácil, com um número enorme de variantes acima do tabuleiro, principalmente, a humana e a microbiana. Ainda exige muita atenção e manejo, muito comprometimento e trabalho técnico. As novas gerações estão mais para o sofá, os computadores e os delírios da inteligência artificial. A humanidade vai chegar lá?

Autor: Rodolfo Luis Petersen - Laboratório de Melhoramento Genético de Organismos Aquáticos - GECEMar Universidade Federal do Paraná - UFPR Pontal do Paraná, PR rodolfopetersen@hotmail.com