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15 de Maio de 2023 Jenner Menezes
Processos evolutivos na produção de peixes redondos – Parte III Alevinagem e Recria

Esta coluna teve como coautor o Prof. Dr. Josenildo de Souza e Silva, Coordenador da Estação de Aquicultura da UFDPar.

 

 

 

Os peixes redondos, principalmente o tambaqui, utilizam o zooplâncton como principal alimento durante as fases de larvicultura e alevinagem, etapas que se inicia a dieta inerte. Ao longo da recria, etapa em que a ração se torna o alimento principal, os animais em cultivo seguem aproveitando o plâncton disponível na água verde, como aporte de sais minerais (magnésio, cálcio, potássio e ferro), vitaminas e fibras, que apoiam a quebra das proteínas contidas na ração, potencializando o aproveitamento, pelo sistema digestivo, do alimento comercial.

Tais fatos, reforçam a importância dos protocolos de preparação de viveiros, pois  promovem a produção massiva de fito e zooplâncton, estratégia decisiva para maior taxa de sobrevivência, aumento da imunidade e boas taxas de crescimento e de  obtenção de animais saudáveis nas múltiplas etapas de desenvolvimento.

A preparação de viveiros é ponto determinante para um bom desenvolvimento da cadeia alimentar que será composto basicamente de fito e zooplâncton, além de diversos outros organismos. A sincronia de preparação do viveiro deve estar planejada para diminuir e/ou evitar que a carga de biomassa de predadores no sistema de cultivo seja nociva a otimização do desenvolvimento comercial de pós-larvas e alevinos, com destaque para as ninfas de libélulas (Odonata, sp), remadores (notonecta), as baratas d’água (díptera), heterópteros e besouros aquáticos (coleóptera) que possuí fase larval ou que habitam o meio aquático.

 A execução de protocolo eficiente (menor desperdício, no tempo ontogênico adequado de crescimento do zooplâncton em relação a capacidade de ser ingerido e da demanda nutricional dos peixes), eficaz (ter plano com etapas a serem seguidas para atingir a meta produtiva) e efetivo (executar da melhor maneira possível, otimizando custos, mão de obra e insumos). Tais elementos, preconizam um timing para cada atividade, evolução dos organismos e sincronização da preparação, fertilização e quali-quantidade de alimentos naturais estocados nos viveiros para garantir a nutrição adequada das pós-larvas, quando do consumo do saco vitelino e abertura da boca.

A preparação do viveiro é composta de expurgo de matéria orgânica em decomposição, calagem de viveiros atua na diminuição nas camadas mediana a superficial da coluna d’água, da influência negativa dos sedimentos ácidos decorrentes da decomposição de matéria orgânica, microrganismos indesejados e de ambientes propícios a predadores contidos nos fundos dos viveiros. Para aumentar a alcalinidade, a dureza, produtividade, renovação de nutrientes, intercâmbio de energia e aumento das condições de sustentabilidade do cultivo e fertilização da água.

 

 

 

 

A fertilização do viveiro com auxílio da energia solar, promove o enriquecimento da produção primária, fitoplâncton, protozoários, rotíferos e múltiplas partículas orgânicas em suspensão na água, desenvolvendo com abundância o zooplâncton para alimentar larvas e pós-larvas de peixes e garantir o estabelecimento da cadeia alimentar de mútuas trocas energéticas.

Tradicionalmente se prepara o viveiro considerando que do trigésimo e quadragésimo dia os alevinos estão aptos para comercialização ou para mudança de fase.

Alguns preparos que promovem uma ampliação da biota planctônica nos viveiros, os inóculos, podem ter várias estratégias de composição e modos de preparar, podendo inclusive promover o desenvolvimento de organismos específicos e desejados com inoculação direcionada a proliferar em sua maioria organismos de interesse para alimentação por fase ontogênica dos animais em cultivo, uma dos protocolos populares é o desenvolvido como Procedimento Operacional Padrão (POP) da Estação de Aquicultura da Universidade Federal do Delta de Parnaíba (UFDPar) e utilizado pela Biofish, o chamado “protocolo de fertilização rural”, que tem como preparo macro:

Protocolo Rural: 2 m3 de água + 2 kg Farelo de arroz + 5 kg de esterco ovino + 0,5 kg de ureia, em aeração constante, tendo por volta do sétimo dia o pico de proliferação dos organismos desejados. Reaplicações do protocolo em média 30% do preparo inicial podem ser aplicados a cada 3 dias, avaliada a transparência da água do viveiro que deve estar acima 30-40cm para esta reaplicação. Outros inóculos podem ser utilizados como os bokashi coloidais, muito utilizado na carcinicultura e são eficientes na promoção do desenvolvimento natural do zooplâncton.

 

 

 

 

Durante o processo produtivo, o dia que mais demanda trabalho, planejamento, estrutura e cuidados na piscicultura de peixes redondos, diferente do que se pensa ser a despesca, é o dia de transferir juvenis para a engorda. Em Rondônia juvenis em grande parte das pisciculturas da região tem peso médio de 300 gramas quando são transferidos para fase de engorda. Uma solução adotada nos projetos elaborados pela Biofish, que promove a minimização de mão de obra e equipamentos, associado ainda a redução de riscos de perdas e surgimento de enfermidades por manejo inadequado ou condições extremas no transporte dos juvenis é a transferência por meio hídrico. A construção de viveiros de recria com comunicação direta com viveiro de engorda ou conjunto de viveiros, conforme ilustrado, permite esta transferência sem necessidade de transporte, ou seja, peixes passam literalmente nadando para a fase seguinte por meio de um tubo de bitola adequada instalado entre os viveiros. Este tubo tem ligeira inclinação entre a recria e a engorda, facilitando o fluxo de água e peixes. Este permanece fechado durante todo ciclo, sendo aberto durante os processos de transferência.

 

Autores: 

Jenner Menezes - Engenheiro de Pesca - Biofish Aquicultura da Amazônia

Prof. Dr. Josenildo de Souza e Silva - Engenheiro de Pesca e coordenador da Estação de Aquicultura - Universidade Federal do Delta de Parnaíba (UFDPar)

 

 

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