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13 de Fevereiro de 2023 Jenner Menezes
Processos evolutivos na reprodução de peixes redondos - Parte II : Alimentação de pós-larvas com alimento vivo e ração micro

Esta coluna teve como coautor o Prof. Dr. Josenildo de Souza e Silva, Coordenador da Estação de Aquicultura da UFDPar.

 

 

 

Os peixes redondos ao superarem a fase larval, consumirem as reservas contidas no saco vitelino, inflam a bexiga natatória, assumem uma natação horizontal, abrem a boca, consolidam o desenvolvimento do estômago e do intestino, transformando-se em pós-larvas. Nessa etapa inicia-se a alimentação exógena, na qual o plâncton constitui -se no principal alimento, responsável pelo aporte de proteína, vitaminas, sais minerais, aminoácidos essenciais, dentre outros nutrientes. Na prática, as pós-larvas iniciam uma espécie de treinamento alimentar, caçando, experimentando e disputando a microbiota que está disponível na água onde habitam, para garantir a sua sobrevivência.

Tradicionalmente, produtores adubam os viveiros com fertilizantes orgânicos ou inorgânicos ou misto, para promover a produção primária, o plâncton. O fitoplâncton é constituído por conjunto de organismos com pigmentos fotossintetizantes ou não, unicelulares, as chamadas algas microscópicas, isoladas ou em colônias e filamentosas, que habitam os ecossistemas aquáticos, responsáveis pela assimilação do carbono orgânico e sua transferência ao longo da cadeia alimentar.

 O zooplâncton é formado por uma comunidade de organismos exclusivamente heterotróficos, de múltiplas categorias taxonômicas e baixa mobilidade e motilidade. É composto basicamente de protozoa, rotífera, cladocera e copepoda. Desenvolve um papel fundamental como condutor do fluxo de energia dos produtores primários para os consumidores de níveis tróficos superiores, promovendo com metabolismo dinâmico o transporte e regeneração de nutrientes, tornando-se fonte alimentar essencial para a produção de alimento natural para peixes e crustáceos.

Historicamente as unidades produtoras de alevinos encaminham as pós-larvas para os viveiros escavados devidamente fertilizados, para que possam dispor dos alimentos desse ambiente, promovendo o máximo possível da abundância fitoplanctônica para atender a necessidade da comunidade zooplanctônica, que por sua vez, servirá de nutriente para os peixes.

Entretanto, essa estratégia assume o risco de exposição das pós-larvas à elevadas taxas de predação e/ou inanição, decorrentes do difícil controle do timing da quantidade de alimento a ser disponibilizado para atender a demanda alimentar, associado ao metabolismo acelerado de crescimento do zooplâncton, que pode tornar seu tamanho desproporcional a capacidade de ser ingerido. Esse protocolo de cultivo fica ainda mais frágil nas épocas nubladas e chuvosas, pois a baixa luminosidade afeta negativamente a fotossíntese, a capacidade de sobreviver e de se multiplicar do fitoplâncton, influenciando negativamente a produção primária, as dinâmicas da cadeia alimentar e sobrevivência das pós-larvas.

 

 

Uma das alternativas a ordem tradicional é inverter o processo, levar o zooplâncton para às pós-larvas nas incubadoras e/ou em tanques berçários, para tanto, faz-se necessário produzir artêmia, associado a coleta, cultivo e seleção de zooplâncton mais adequado a fase de desenvolvimento das pós-larvas.

A estratégia de fornecimento de alimentação para o cultivo de pós-larvas emprega o fornecimento de artêmia, zooplâncton natural e ração nano ou micro granulométrica. De acordo com o protocolo, são 7 dias exclusivo de artêmia, no oitavo dia se introduz o zooplâncton, ao longo de 5 dias vai se promovendo o desmame gradual da artêmia de 20% ao dia e iniciando a transição com aumento do mesmo percentual de zooplâncton diário. Após o 12° dia, inicia-se o uso de ração micro extrusada (55% PB e granulometria de 100-300 microns), fazendo transição gradativa de 100% de plâncton para 100% ração, durante um período de 5 dias.

Os cistos de artêmia são facilmente encontrados para aquisição no mercado e os protocolos de produção estão bem propagados, mas para se ter zooplâncton é preciso ter externamente viveiros bem fertilizados com readubações diárias e estar equipados com redes de plâncton adequadas para a coleta (malha de 40-50 microns). As redes devem ter grande abertura de boca com capacidade de filtrar grandes volumes de água e capturar grande volume de plâncton, otimizando a coleta destes organismos. Uma rede com 0,5m² de área de boca coleta 50m³ de plâncton em volume de água a cada cem metros de arrasto.

Após coletado, o plâncton deve ser passado em peneiras de malhas variadas para selecionar os organismos desejados com tamanho adequado à abertura de boca das pós-larvas. A seleção se inicia com peneiras de malha de 1 milimetro, passando por uma segunda peneira por volta de 200 microns e em seguida 80 microns para selecionar o melhor tipo e tamanho de plâncton para a alimentação inicial das pós-larvas.

 

 

 

Um detalhe importante é o volume a estocar as pós-larvas, pois estas crescerão e será necessário ampliar a área de estocagem e manutenção de níveis adequados de oxigenação, limpeza frequente do sistema e observação dos demais índices de qualidade de água. Nos primeiros dias sugere-se não adensar mais do que 75-100 pls/m³, fazendo repicagens periódicas para finalizar com 25-50 pls/m³.

A quantidade de náuplio e zooplâncton a ser ofertada é crescente e pode iniciar ofertando-se 120-150 náuplios/pós-larva/dia, divididos em 4 refeições diárias, no mínimo. Na transição para zooplâncton, continuar ofertando 150 náuplios e mais 200 zoo/pós-larva/dia, também em no mínimo 4 refeições diárias. Na fase de transição de zoo para ração, sugere-se ofertar 250 zoo/ pós-larva/dia na mesma frequência alimentar.

 

Autor: Jenner Menezes - Engenheiro de Pesca Biofish Aquicultura da Amazônia Porto Velho, RO tambaqui.ro@gmail.com

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