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Cultivo de Moluscos
10 de Fevereiro de 2023 Felipe Matarazzo Suplicy
Seleção de equipamentos para o cultivo de moluscos

 

Existe uma grande diversidade de técnicas de cultivo de moluscos bivalves. A escolha do equipamento de cultivo está relacionada com a espécie de molusco, a fase de cultivo, as características geográficas, o nível tecnológico e até com fatores culturais. Ao selecionar o sistema e o equipamento, o produtor deve ter em mente o objetivo de acelerar o crescimento a fim de reduzir o tempo total de cultivo e, é claro, reduzir os custos de mão de obra. Tendo isto em mente, é importante saber diferenciar os conceitos de preço e de valor de um determinado equipamento. Como consumidores, o comportamento natural é o de sempre buscar o equipamento mais barato. No entanto, um equipamento um pouco mais caro pode reduzir muito os custos de mão de obra, apresentar uma maior durabilidade, e ainda aumentar a produtividade da fazenda.

Três aspectos devem ser considerados ao selecionar o sistema e o equipamento de cultivo:

1) Qualidade do equipamento;

 2) Eficiência;

 3) Custo de manejo.

 Em relação à qualidade, o principal aspecto é a durabilidade do equipamento. Um equipamento que custa 50% a mais do que uma opção mais barata, porém com durabilidade três vezes maior, significa uma economia de capital no longo prazo. Além disso, deve ser levado em conta o risco de o equipamento quebrar e levar a perdas de produto que podem ser drásticas nos estágios iniciais do cultivo, com perda de milhares de sementes, ou ainda mais prejudiciais quando as perdas ocorrem nos estágios finais do cultivo, período em que já foi despendida muita mão de obra e tempo para os moluscos atingirem o tamanho próximo do ponto de colheita.

No quesito eficiência, se um equipamento com preço 20% mais caro permite o acondicionamento e o manejo de 30% a mais de moluscos, o investimento adiantado na sua compra vale a pena porque o produtor vai aumentar o retorno sobre o capital investido. O produtor precisa considerar qual o aumento de produtividade ou de utilização da área de cultivo que o equipamento mais caro proporcionará.

 

 

O custo da mão de obra deve ser considerado não só no momento presente, mas também para toda a vida útil esperada do equipamento. Se for possível reduzir o custo de mão de obra em 10% a 50% devido à facilidade ou redução do manejo, a aquisição de um equipamento de melhor qualidade refletirá em um maior retorno do investimento. Também é importante atentar para o fato de que o uso indevido de um equipamento melhor pode resultar na redução do rendimento e no aumento do custo da mão de obra.

Uma regra importante em um setor dinâmico como a aquicultura é ter consciência de que o que você aprendeu ontem provavelmente mudará amanhã. Quem tiver a oportunidade de conhecer a maricultura em outros países testemunhará fazendas com níveis de produção muitas vezes maiores do que as que vemos aqui no Brasil. O sucesso deixa pistas e não há vantagem em cometer os mesmos erros que outra pessoa já cometeu, no entanto é comum encontrar relutância no emprego de sistemas de cultivo que são bem-sucedidas em outros locais. Típicos comentários são: “Isso funciona lá, mas não funcionará aqui”, “eles têm melhores condições do que nós” e “eles estão nisso a mais tempo do que nós”. Não é verdade em todos os casos que haja relutância em mudar para melhor, ou explorar novas formas de aprimoramento encontre oposição de forma unânime. Mas as pessoas em geral sempre têm relutância em mudar, é da natureza humana, e os produtores de moluscos não são diferentes. No entanto, devemos lembrar que é melhor aceitar em vez de lutar contra as mudanças, uma vez que as coisas são aprimoradas para facilitar a nossa vida. Eu tenho um amigo que até hoje se recusa a ter um celular...

 

 

Quanto mais os produtores souberem sobre a disponibilidade e sobre o uso de equipamentos de cultivo, maior será a probabilidade de aumentarem seus rendimentos. Uma dica valiosa é não “inventar a roda”. Tenho visto muitas engenhocas e métodos de cultivo que ainda me deixam abismado com as ideias que alguns produtores podem ter. Tenho respeito por essas pessoas e suas habilidades inovadoras como um elemento-chave para o crescimento futuro. No entanto, muitas pessoas gastaram muito tempo e recursos experimentando ideias de equipamentos que na maioria dos casos já estão em uso em outros locais. Ou algo próximo ao que eles precisavam já estava disponível e eles não estavam cientes disso, então eles “reinventaram a roda”. Enfim, existe uma grande variedade de sistemas e equipamentos disponíveis para o cultivo de moluscos, de forma que não seria possível cobrir todo o assunto em uma coluna. Por isto, achei melhor compartilhar alguns conceitos básicos e dicas gerais sobre este assunto, que poderão auxiliar o maricultor no planejamento de seu cultivo.

Autor: Felipe Matarazzo Suplicy

Pesquisador de Aquicultura Marinha na Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina - EPAGRI Florianópolis, SC felipesuplicy@epagri.sc.gov.br

 

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Felipe Matarazzo Suplicy

Felipe Matarazzo Suplicy começou sua carreira como um produtor artesanal de mexilhões de 1990 a 2000. Formado em Biologia, obteve Mestrado em Aquicultura pela UFSC e PhD em Aquaculture pela University of Tasmania. Em 1998, foi agraciado com o Prêmio Jovem Cientista cujo tema naquele ano foi "O Oceano como Fonte de Alimentos". Entre 2003 e 2010, atuou como Coordenador Geral de Maricultura no Ministério da Pesca e Aquicultura, onde auxiliou a desenvolver o marco legal para o setor e coordenou projetos de fomento em todos estados costeiros brasileiros. Atuou como consultor especialista da FAO, governos, empresas e outras instituições internacionais. Em 2011 criou a Marine Equipment, uma empresa especializada na prestação de serviços e equipamentos para a aquicultura, com ênfase na mecanização e produção industrial. Desde 2014 exerce o a função de pesquisador em maricultura no Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca – CEDAP da Epagri.

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Charge Edição nº Publicado em 18/09/2023
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