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Ranicultura
30 de Janeiro de 2020 Andre Muniz Afonso
O que se produz da rã? - Parte III Aspectos mercadológicos

 

 

 

Em 2007, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio de Janeiro (Sebrae-RJ) publicou um estudo denominado “Estudo de mercado sobre varejo e consumo de carne de tilápia e rã nas cidades do Rio de Janeiro e Niterói”. Este estudo apontou a presença de um círculo vicioso, pois chegou-se à conclusão de que não se produzia mais rãs porque faltava mercado, enquanto que este mesmo mercado informou que não comprava mais o produto por conta da sua irregularidade. Outros dados importantes demonstrados relacionavam-se à falta de hábito de consumo da rã, preço elevado e resistência por parte do consumidor, que pode apresentar, inclusive, repulsa ao se deparar com o produto na gôndola do mercado. São poucos dados, extraídos de um mercado selecionado de uma das regiões mais populosas do país, mas extremamente representativos, pois se espelham em diversos outros espalhados por outras regiões e em outros países cuja cultura de consumo da rã ainda não foi desenvolvida.

Ao analisá-los podemos perceber que: o produtor conhece as limitações do mercado e tem receio em produzir mais, uma vez que o produto tem baixo giro de prateleira; existe sazonalidade na oferta dos produtos, demonstrando que a cadeia apresenta gargalos ainda não superados; o consumidor desconhece ou não tem interesse em consumir a rã, fator este que pode possuir relação direta com o preço elevado e restrição direta ao produto e/ou à sua imagem, associando-o muitas vezes ao animal que vive no brejo, inclusive confundindo-o com o sapo ou a perereca. Todos estes fatores demonstram, claramente, que falta um bom trabalho de “marketing”.

 

 

 

 

Ainda que existam algumas iniciativas no sentido de obterem-se produtos diferenciados, como bolinhos, pratos prontos, patês, empanados, entre outros, esses produtos não foram devidamente trabalhados ou mesmo não estão disponíveis, com regularidade e preços honestos ao consumidor. Todo o conhecimento sobre os benefícios do consumo da carne de rã, produzida de forma racional e higiênica, respeitando-se os conceitos da sustentabilidade econômica, social e ambiental não foram agregados à gama de produtos já desenvolvidos de forma à sensibilizar o consumidor (Figura 1).

A rã não se vende sozinha... essa é uma realidade que deve ser encarada. O brasileiro a desconhece, não sabe como prepará-la, não sabe porque deve optar por ela e não por outro pescado ou pelo frango, por exemplo, categorizados como carnes brancas. Você, leitor, já consumiu carne de rã? Gostaria de consumir mais vezes ou de experimentá-la? Por que não o faz? É provável que a resposta esteja nos parágrafos acima. Se sabemos como mudar esta realidade, o que estamos esperando para colocar isso em prática? Fica a reflexão...

Saudações ranícolas!

 

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Andre Muniz Afonso

Formado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (UFF/2000), com mestrado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Patologia e Reprodução Animal-UFF/2004) e doutorado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal-UFF/2016). Desde 2009 é professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no Setor Palotina (Palotina/PR), sendo responsável pelas disciplinas de Tecnologia do Pescado, Ranicultura e Análise Sensorial de Alimentos e Bebidas, bem como pelo Laboratório de Ranicultura (LabRan-UFPR). Tem experiência na produção, beneficiamento, industrialização e sanidade de organismos aquáticos, tendo atuado em diversos órgãos voltados a esta temática. Atua principalmente nos seguintes temas: Processamento e Inspeção Higienicossanitária de Produtos de Origem Animal, Vigilância Sanitária, Aquicultura, Sanidade Aquícola e Extensão Rural.

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