Colunas
Biotecnologia de algas
01 de Dezembro de 2018 Roberto Bianchini Derner
Produção de microalgas no Laboratório de Moluscos Marinhos (LMM/UFSC)

É fato que em aquicultura as microalgas continuam sendo essenciais na alimentação de diversas espécies de peixes, camarões e moluscos, principalmente na etapa de larvicultura. Para suprir esta demanda, nos laboratórios de larvicultura são desenvolvidas culturas em recipientes com volumes de até alguns milhares de litros (< 10.000 L). Em geral estes sistemas de cultivo foram esquematizados há décadas e, replicados mundo a fora, poucos têm sido aprimorados buscando melhorias na produtividade, na qualidade das culturas e na segurança (estabilidade) da produção das microalgas.

 

 

 

 

Em relação aos moluscos bivalves, as microalgas são ainda mais importantes, uma vez que constituem exclusivamente a dieta nas larviculturas e são o alimento principal durante todo o ciclo de vida destes animais, sendo assim, maior atenção deve ser dirigida à produção das microalgas nestes empreendimentos comerciais.

Apesar da lenta evolução nos sistemas de produção aquícola (“em time que está ganhando não se mexe”!?), um significante exemplo da busca pelo aprimoramento vem ocorrendo há anos no Laboratório de Moluscos Marinhos (LMM – http://www.lmm.ufsc.br) da Universidade Federal de Santa Catarina, onde as atualizações também incluem a modernização do seu Laboratório de Microalgas. Neste Setor, com uma equipe qualificada sob o comando da Bióloga Jaqueline de Araújo, M. Sc., são produzidas diariamente 25 t de culturas com elevada qualidade, e a produção somente é interrompida nos momentos de paradas sanitárias.

Para a alimentação das diversas espécies de moluscos (Ostra-do-Pacífico Crassostrea gigas; ostras nativas C. rhizophorae e C. brasiliana; ostra perlífera Pteria hirundo; Vieira Nodipecten nodosus; mexilhão Perna perna; e o berbigão Anomalocardia brasiliana) são cultivadas algumas cepas de microalgas, cada qual apropriada para alguma(s) espécie(s) de molusco(s) e/ou para um estágio específico do ciclo de vida (fase larval, semente, reprodutor etc.).

Como ocorre em praticamente todos os laboratórios brasileiros, as cepas das microalgas (Chaetoceros calcitrans, C. muelleri, Thalassiosira pseudonana - clone 3H, Skeletonema sp., Isochrysis sp. - TISO, Pavlova sp., Nannochloropsis oculata, Tetraselmis suecica, Thalassiosira fluviatilis, Rhodomonas salina e Phaedoctylum tricornutum) também foram importadas, neste caso, do Provasoli-Guillard National Center for Marine Algae and Microbiota (NCMA, antigo CCMP) e são cultivadas com Meio f/2.

As culturas com maior volume (empregadas principalmente na alimentação dos reprodutores) são desenvolvidas a céu aberto, sob condições ambientais naturais, entretanto, muita tecnologia é empregada nas culturas desenvolvidas em ambiente fechado, onde são aplicadas rigorosas condições ambientais (assepsia, qualidade da água, temperatura, iluminação etc.) permitindo que, além dos cultivos estacionários, também sejam desenvolvidas culturas aplicando os métodos semicontínuo e contínuo (ver Coluna Biotecnologia de Algas da 10ª edição da Aquaculture Brasil).

 

 

 

 

As culturas em cultivo semicontínuo são desenvolvidas em bolsas plásticas de 100 L (Figura 1) e de 300 L (Figura 2), sendo que alguns dias após a inoculação, quando as culturas alcançam elevada densidade celular, são iniciadas as diluições periódicas. Geralmente, a cada 4 dias são retirados 40% do volume de cada cultura e é adicionado o mesmo volume de meio de cultura (água e as soluções de nutrientes). Neste método de cultivo, o LMM tem conseguido manter as culturas por até 60 dias, com ótima qualidade das células e apropriado valor nutricional da biomassa para a alimentação dos moluscos.

Em relação ao cultivo contínuo, este exige ainda um maior conhecimento técnico (cinética de crescimento, assimilação dos nutrientes etc.), uma vez que os ajustes devem ser mais precisos. As culturas em cultivo contínuo são desenvolvidas em bolsas plásticas de 100L, numa estrutura onde um complexo sistema de adição de meio de cultura (Figura 3) foi programado para controlar a diluição permanente (todo o tempo). Assim que as culturas alcançam elevada densidade celular é iniciada a diluição constante (por até 60 dias), correspondente a 30% do volume a cada ciclo de 24 horas, e a entrada permanente de meio de cultura é compensada pela saída da cultura por extravasamento, assim, é mantido um volume constante.

Reconhecidamente, a aplicação dos métodos semicontínuo e contínuo em cultivos de microalgas desenvolvidos em escala comercial é uma evolução a ser considerada, particularmente no Brasil, onde predominam os cultivos estacionários. Estes métodos de cultivo, além de levarem ao aumento da produtividade também permitem o controle da qualidade das culturas e das células, elevando e mantendo o valor nutricional da biomassa produzida nestas condições de cultivo. Pelo excelente trabalho, parabenizamos a Equipe do LMM/UFSC por sempre buscar a excelência!

 

Faça o download e confira o texto completo com todas as ilustrações. Clique aqui

 

 

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Roberto Bianchini Derner

Biólogo, Mestre em Aquicultura e Doutor em Ciência dos Alimentos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Pesquisador e Gerente do Setor de Microalgas do Laboratório de Camarões Marinhos da UFSC entre 1989 e 2006. Atualmente é professor no Departamento de Aquicultura e supervisor do Laboratório de Cultivo de Algas (LCA). Coordena diversos projetos de pesquisa na área de recursos pesqueiros e engenharia de pesca/biotecnologia, com ênfase em aquicultura/algocultura - cultivo de microalgas para a produção de compostos bioativos (pigmentos, ácidos graxos, polissacarídeos etc.), biocombustíveis (biodiesel, bioetanol etc.) e tratamento de efluentes líquidos e gasosos.

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