É com imensa alegria que a coluna “Green Technologies” aborda uma inovação em relação aos sistemas aquapônicos. Mas afinal, o que são os “Decoupled Aquaponic Systems”? Quais seriam as vantagens e desvantagens, e por que este modelo pode se tornar uma nova tendência? A resposta por incrível que pareça é simples: máxima eficiência e melhor ambiência aos organismos cultivados, individualizando os compartimentos produtivos quando necessário!
Isso possibilita garantir condições físico-químicas da água ideais para os compartimentos dos peixes e das plantas. Ao individualizar os compartimentos, possibilita-se, por exemplo, restabelecer níveis de nitrito para os peixes, de nitrato para as plantas, e assim por diante. Ou até mesmo, caso necessário, suplementar ou realizar um tratamento preventivo em alguns dos compartimentos, isolando-os e sem comprometer a saúde de plantas ou peixes. Neste sistema, se desejado, é possível ter um cultivo de peixe em sistema de recirculação (ou “RAS” na sua sigla em inglês) isolado e ainda uma hidroponia clássica (utilizando soluções nutritivas hidropônicas) de maneira independente.
A grande inovação é a incorporação de um terceiro compartimento responsável pela mineralização do “sludge” (famoso “lodo” oriundo de filtros mecânicos acoplados a produção de peixes tais como sedimentadores e/ou filtros tipo “drum”).
Esta remineralização (aeróbica, anaeróbica ou ambas) pode ser contínua e dosada, com o efluente gerado (agora com nutrientes remineralizados) direcionado às bancadas hidropônicas. Em outras palavras: uso máximo de nutrientes! Levando em consideração que em média os peixes aproveitam somente de 30-40% dos nutrientes ingeridos da ração, este lodo residual é uma fonte extra de elementos assimiláveis para as plantas. Mas para que isso ocorra é necessário um tratamento prévio. Aí entra a ação de microrganismos degradando de maneira aeróbica e/ou anaeróbica os resíduos da produção aquícola. A fração líquida é direcionada para as plantas e a fração sólida pode ser novamente tratada.
Como nem tudo são “flores” a grande desvantagem do sistema é a aquisição de novos equipamentos, além da necessidade de um conhecimento mais aprofundado em engenharia aquícola, visando um correto dimensionamento dos fluxos, do balanço de massas e nutrientes. Na Europa e nos Estados Unidos alguns projetos comerciais já adotam o Decoupled Aquaponic Systems e alguns dados preliminares apontam uma melhoria no crescimento das plantas na ordem de 10-20%. Além disso, como dizem os especialistas: “plantas mais nutridas, são plantas mais saudáveis”! Uma correta nutrição das plantas é um importante pré-requisito para enfrentar as pragas que atormentam a produção dos vegetais. Mas este tema e outros serão “cenas do próximo capítulo” da nossa coluna.
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Maurício Emerenciano é graduado em Zootecnia (UEM), mestre em aquicultura (FURG) e doutor em Ciências pela UNAM (México). Em 2014 foi ganhador da Medalha Alfonso Caso (menção honrosa designada às melhores teses e dissertações dos Programas de Pós-Graduação da UNAM/México). Atua na aquicultura desde 2002 e como pesquisador já realizou cooperação científica em diversos centros de pesquisa como Waddell Mariculture Center (EUA), CSIRO (Austrália) e IFREMER (França). Foi consultor científico em aquicultura para o governo do Chile, do México e Polinésia Francesa (Pôle d’Inovación de Tahiti). Membro do Biofloc Technology Steering Committee (AES), voltado a ações científicas e tecnológicas referentes ao sistema BFT. Possui capítulo de livro referência mundial da tecnologia de bioflocos (Biofloc Technology - The practical guide 3rd edition). Já proferiu mais de 20 cursos e diversas palestras sobre tecnologias “mais verdes” de produção para produtores, indústria e academia no México, Brasil, Chile e Colômbia. Atualmente é professor e pesquisador da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), campus Laguna/SC, onde coordena projetos de pesquisa vinculados ao setor público e privado.
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