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Aquicultura Ornamental
22 de Setembro de 2022 Eduardo Sanches Gomes
Peixe com certidão de nascimento?

 

 

 

Nossa conversa desta vez será sobre uma espécie de peixe utilizado na aquicultura ornamental que traz interessantes potencialidades. O peixe dragão, que ocorre na Ásia e na Austrália, também conhecido como aruanã asiática Scleropages formosus (Muller & Schlegel, 1844). Esta espécie é parente próximo de duas outras espécies que ocorrem na Amazônia, no Brasil, o aruanã prateado Osteoglossum bicirrhosum (Vandelli, 1829) e o aruanã preto Osteoglossum ferreirai (Kanazawa, 1966). O aruanã asiático é denominado de peixe dragão pelo formato do corpo e no oriente é considerado um peixe que traz boa sorte aos que o mantém em cativeiro. Existem relatos de exemplares com mais de quarenta anos em aquários!!!

A demanda do mercado internacional pelo peixe dragão foi expressivamente ampliada nos últimos trinta anos. Estima-se que mais de 196 milhões de dólares foram gerados, apenas em 2020, com a comercialização do aruanã asiático. O atendimento deste mercado ocasionou a sobrepesca dos estoques e a destruição dos habitats naturais, contribuindo para a redução dos estoques desta espécie na natureza (sempre a mesma estória...). Visando proteger este recurso natural, a espécie foi listada na “Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora” (CITES) no apêndice I desde 1975. A partir de 2006 foi incluída na lista vermelha da “International Union for Conservation of Nature Red List of Threatened Species” (IUCN).

Comprovando, mais uma vez, que pode ser uma ferramenta na conservação das espécies, a criação em cativeiro do peixe dragão mudou radicalmente este panorama. Nos dias atuais existem centenas de criadores e empreendimentos comerciais produzindo esta espécie. A Malásia e a Indonésia são os maiores produtores mundiais, sendo grande parte da comercialização da espécie encaminhada para a China. Os peixes produzidos em cativeiro são comercializados com “certidão de nascimento”. São microchipados e recebem um documento de rastreabilidade, indicando a procedência e o devido registro na CITES. Lembram que no início do texto eu falei que o peixe dragão tinha parentes no Brasil? O aruanã prateado e o aruanã preto? E que estas espécies também possuem grande interesse na comercialização internacional de peixes para ornamentação?

 

 

 

 

Neste sentido, a Colômbia já saiu na frente. Já existem empreendimentos voltados à produção em cativeiro do aruanã prateado. Grande parte da produção vem sendo exportada, comprovando a viabilidade econômica da criação e o explícito resultado da aquicultura como ferramenta de conservação do recurso pesqueiro. A empresa Amazon International Trade Zone (AITZ), vem produzindo com sucesso o aruanã prateado e demonstrando que a aquicultura de espécies amazônicas ornamentais pode ser uma atividade inovadora na preservação deste bioma.

Quando vejo tudo isto fico me perguntando por que ainda não avançamos nestas oportunidades? Será que nos falta conhecimento, tecnologia, pessoal capacitado, expertise científica? Acredito que não. O crescimento da aquicultura de peixes destinados ao consumo no Brasil não deixa dúvidas em como esta atividade vem se consolidando como uma estratégica cadeia produtiva geradora de valor. Entretanto, a aquicultura ornamental ainda figura como atividade marginalizada, pouca conhecida dos “formuladores de políticas públicas” e ainda distante da academia, das instituições de pesquisa e das agências de fomento. Isto precisa mudar!!! Precisamos demonstrar o potencial desta atividade, suas inúmeras oportunidades de desenvolvimento tecnológico, geradora de inovação e patentes. Além disto, a atividade pode ser uma ferramenta na conservação dos recursos pesqueiros. Vejam o exemplo do peixe dragão e de inúmeras outras espécies de peixes ameaçados que através da produção em cativeiro tiveram seus estoques preservados.

A aquicultura ornamental apresenta um extraordinário potencial. O Brasil reúne condições excepcionais para figurar entre os maiores “players” neste ávido mercado internacional. Espero ver, em breve, o surgimento de muitos empreendimentos de produção de peixes ornamentais no Brasil. Talvez esta seja a função desta pequena coluna. Despertar o interesse para esta atividade e nos mostrar, por exemplos internacionais, que estamos negligenciando uma enorme oportunidade que poderia trazer divisas para nosso país.

Até a próxima coluna. E não esqueçam que a aquicultura ornamental, de pequena, só tem o peixe!!!!!

 

 

 

 

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