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Gestão de Resíduos
20 de Setembro de 2022 Ivã Guidini Lopes
O uso atual da silagem de pescado no mundo

 

 

 

No último artigo publicado na coluna Gestão de Resíduos nós discutimos se a silagem de pescado, produzida com resíduos da pesca e aquicultura, ainda é uma realidade no Brasil e no mundo. Para relembrar, a silagem é um produto líquido/pastoso produzida a partir de resíduos da aquicultura, por meio da fermentação láctica ou ácida. Esse produto possui características favoráveis para a nutrição de organismos aquáticos, como grandes quantidades de proteínas hidrolizadas, lipídios e minerais, e alta digestibilidade. No entanto, devido às suas características físicas como o alto teor de umidade (geralmente acima de 60%), as indústrias dificilmente utilizam a silagem como ingrediente proteico, optando majoritariamente pela farinha de peixe.

Em uma recente publicação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) (clique aqui para acessar o conteúdo), a produção, armazenamento e utilização de silagens na aquicultura foram descritas em detalhe para auxiliar os produtores que desejam introduzir esse produto de baixo custo em suas produções. Neste artigo iremos analisar alguns desses assuntos e compreender os possíveis benefícios do uso da silagem em pequenos empreendimentos aquícolas.

Após a preparação da silagem, seja ácida ou fermentada, é importante verificar a qualidade do produto por meio do pH da mistura, o qual deve estar entre 3,5 e 4,0. O armazenamento pode ser realizado mantendo-se a silagem em tanques ou recipientes fechados por até 5-6 meses. O óleo presente na silagem pode ficar no topo do tanque de armazenamento, especialmente em regiões com climas mais quentes e devido à sua oxidação, pode impactar a qualidade da silagem como um todo. Assim, é importante separar esse óleo e preservá-lo com antioxidantes caso não seja utilizado rapidamente.

 

 

 

 

A silagem pode ser utilizada diretamente como alimento (para porcos por exemplo), porém na aquicultura este método não é muito recomendado. Assim, a mistura com outros ingredientes como grãos ou outro alimento seco acaba por resultar em maiores benefícios. A aplicação mais comum da silagem é na substituição da farinha de peixe nas dietas extrusadas, possibilitando não somente uma redução significativa de custos com alimentação e diminuição do uso de água, mas também em ganhos produtivos, visto que a silagem possui altos níveis de aminoácidos livres e peptídeos. Muitos resultados positivos quanto ao uso de silagens na aquicultura já foram reportados, os quais estão destacados a seguir:

• Diferentes espécies de peixe como a tilápia e o bagre africano podem apresentar maiores índices de crescimento quando alimentadas com silagem a baixos níveis de inclusão (10-25%) em substituição à farinha de peixe.

• Camarões de água doce e de água salgada apresentam desempenho zootécnico igual ou superior quando alimentados com silagem de pescado em comparação à dietas com farinha de peixes, além de demonstrar maior resistência a patógenos.

• Os parâmetros fisiológicos de muitas espécies de peixes não são minimamente alterados quando a farinha de peixe é substituída por silagens, assim como os parâmetros produtivos.

A silagem de pescado é um subproduto muito interessante em termos produtivos e econômicos, basta sabermos como utilizá-la de forma inteligente. Além disso, é sempre importante relembrar que aproveitar os resíduos gerados na produção aumenta a sustentabilidade da atividade como um todo!

 

 

Faça o download e confira o texto completo com todas as ilustrações. Clique aqui

 

 

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Capa do colunista Ivã Guidini Lopes
Ivã Guidini Lopes

Ivã Guidini Lopes é biólogo, formado pela UNESP de São José do Rio Preto/SP, realizou mestrado e doutorado em aquicultura pelo Centro de Aquicultura da UNESP, em Jaboticabal/SP. Atua na aquicultura desde 2014, realizando pesquisas científicas e práticas de extensão aquícola na área de gestão e tratamento de resíduos sólidos orgânicos. Possui experiência com métodos de compostagem termofílica e de tratamento de resíduos com larvas de mosca soldado-negro, assim como da aplicação dos produtos gerados nestes processos, visando a promoção da economia circular e o aumento da sustentabilidade do setor produtivo como um todo.

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