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Aquaponia
19 de Setembro de 2022 Sara M. Pinho
Aquaponia: o que, como, por que e onde?

 

Caros leitores, é com grande satisfação e entusiasmo que escrevo minha primeira coluna para a Aquaculture Brasil. Aos leitores assíduos da revista, vocês já leram ótimas matérias sobre aquaponia na coluna Green Technologies, escrita pelo querido amigo Dr. Maurício Emerenciano. E acredito que ainda vão continuar lendo muita coisa interessante por lá. No entanto, a aquaponia está tomando uma dimensão tão grande no cenário de produção de alimentos no Brasil e no exterior, que agora ela merece um espaço exclusivo nesta revista. Minha proposta com a coluna “Aquaponia” é mantê-los informados sobre os temas atuais e mais relevantes sobre esse sistema integrado que chegou para ficar. A aquaponia entrou na minha vida há quase uma década. Desde então, trabalho acreditando que esse sistema é uma excelente alternativa para aumentar o caráter sustentável da aquicultura.

 

 

 

 

O básico sempre precisa ser dito. Assim, gostaria de abordar alguns pontos básicos sobre a aquaponia logo nessa primeira coluna, iniciando pela definição. O QUE é aquaponia? Por muitos anos, diversas definições e nomenclaturas foram elaboradas para descrever os sistemas aquapônicos, e ainda assim existem inconsistências. Em 2021 foi publicado um ótimo artigo na revista Reviews in Aquaculture¹, onde algumas terminologias foram revisadas e redefinidas. Neste artigo, os autores precisamente definem aquaponia como: a tecnologia que combina a produção de organismos aquáticos em tanques (aquicultura em sistema fechado) e a produção plantas sem solo (hidroponia), envolvendo processos microbiológicos.

COMO funciona a integração? Na aquaponia, os efluentes ricos em nutrientes da aquicultura são transformados, pelos microrganismos presentes no sistema, em recursos úteis para nutrição e irrigação das plantas. Esses microrganismos são o fio condutor e o conector entre os sistemas de aquicultura e hidroponia. Vale ressaltar que, a maneira COMO os sistemas são integrados ou operados dependem diretamente do layout empregado. Diversos fatores influenciam no tipo de layout do sistema aquapônico como, por exemplo, as espécies cultivadas, o objetivo da produção (caseira ou comercial), o grau de integração (sistema permanentemente acoplado ou acoplado sob demanda - desacoplado) e o tipo de sistema aquícola utilizado (recirculação com filtros ou bioflocos em FLOCponia). Todas essas variações serão abordadas nas próximas colunas.

Os benefícios dos sistemas aquapônicos são inúmeros, facilitando a explicação do PORQUÊ a aquaponia está tão em alta. Sistemas aquapônicos são baseados na reutilização e reciclagem de recursos para produzir peixes e plantas. Isto porque, os efluentes que seriam descartados do sistema aquícola são reutilizados para produzir vegetais comercializáveis. Assim, em comparação com os sistemas convencionais de aquicultura e hidroponia, a aquaponia vem sendo reconhecida como um processo de produção de alimentos mais sustentável e circular. Produtos aquapônicos podem ser diferenciados como mais saudáveis, uma vez que são produzidos com mínimo de químicos, como fertilizantes, pesticidas e antibióticos. Outro importante ponto positivo é que as produções aquapônicas podem ser instaladas e adaptadas para diversos lugares e situações socioeconômicas, fazendo com que, muitas vezes, elas sejam uma poderosa ferramenta de ensino, inclusão, lazer e renda.

 

 

 

 

Por fim, ONDE podemos encontrar sistemas aquapônicos? Atualmente, eles estão espalhados por todo o Brasil, mas ainda são empregados principalmente em pequena escala, seja como uma atividade de hobby, subsistência ou pesquisa. Quanto as produções comerciais, houve um aumento significativo de fazendas aquapônicas sendo instaladas nos últimos três anos, bem como de empresas especializadas em consultoria nesse setor. O crescente interesse e investimento na aquaponia com certeza é consequência do forte trabalho de disseminação feito por pesquisadores e extensionistas, bem como pela iniciativa de produtores e hobbystas em compartilhar seus resultados via mídias sociais. Somado a isto, considero que a criação da Associação Brasileira de Aquaponia, em 2021, foi um grande marco para a aquaponia no nosso país, e acredito que ela será fundamental para o avanço e desenvolvimento da atividade.

Finalizo minha primeira coluna com vontade de escrever muito mais! Gostaria de escrever detalhadamente sobre as variações nos layouts, o sistema de FLOCponia (tema principal da minha tese), as espécies alternativas de peixes e plantas para aquaponia, como estudos de modelagem auxiliam a aumentar a eficiência dos sistemas, sobre a situação da aquaponia pelos países onde já visitei e muito mais. Fica aqui então um gostinho de quero mais e o meu compromisso de falar sobre esses temas nas próximas edições. Caso você, leitor e grande interessado, tenha sugestões de outros temas ou notícias sobre aquaponia, fique à vontade para me escrever. Convido vocês a construírem comigo essa coluna e a me ajudarem a disseminar ainda mais a aquaponia no Brasil.

 

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