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Green Technologies
01 de Outubro de 2018 Maurício Emerenciano
Conexão Tailândia: presente e futuro

 

 

 

Não é de hoje que esse país do sudeste Asiático é sinônimo de tecnologia e inovação na produção de camarões marinhos. Por isso a coluna Green Technologies desta edição trás como tema uma reflexão sobre o presente e futuro da carcinicultura desse incrível país.

Com quase 70 milhões de habitantes e uma economia pulsante em franca expansão, a Tailândia destaca-se por sempre estar um passo a frente em tecnologias ligadas a aquicultura e em especial na produção intensiva de camarões marinhos. Em recente visita pela região de Prachuap, localizada a sudeste de Bangkok e banhada pelo Golfo da Tailândia, pude conhecer fazendas que produzem de 3 a (pasmem) mais de 12kg/m3 ! Mas essa produtividade absurda é a que custo? A resposta é, em muitos casos, a custo de muita troca de água! Hoje quando o assunto é produção intensiva (ou super-intensiva) a escolha do sistema a ser adotado vai depender diretamente da disponibilidade de água. Neste sentido, algumas fazendas próximas da costa optam por sistemas clear-water e grandes trocas de água que podem chegar a mais de 1000L por cada Kg de ração ofertada (Figura 1). Na prática, isso pode chegar a mais de 30% de renovação por dia quando operam com grandes biomassas estocadas. Em viveiros de quase 1 hectare isso se traduz em muita água! No entanto, se toda essa água fosse reaproveitada eu até me convenceria que poderia ser uma alternativa “sustentável”. Mas infelizmente a realidade é bem diferente. Grande parte dessa água é descartada ao ambiente com pouco ou quase nulo tratamento. Na minha humilde ótica a conclusão não pode ser outra: uma bomba relógio prestes a explodir, alastrando doenças e comprometendo todo o ambiente no entorno das fazendas.

 

 

 

 

Por outro lado, onde a disponibilidade de água é mais escassa pude conhecer fazendas que adotam práticas bem mais racionais de cultivo e que, por exemplo, recirculam a água descartada para uma série de viveiros de peixes até chegar a um reservatório onde pode ser tratada (caso necessário) e reaproveitada. Este modelo preconiza alta disponibilidade de alimento natural (zooplâncton) principalmente nas fases iniciais de cultivo, por meio do uso de fertilizantes orgânicos (ex.: farelos vegetais) e manipulação da comunidade microbiana. Sim! Estamos falando do famoso sistema conhecido como “Biomimicry” (Figura 2). Um belo exemplo de que com conhecimento tecnológico, biológico e mais especificamente microbiológico, é possível produzir grandes quantidades de camarões (e peixes) em pequenas áreas e de maneira amigável com o meio ambiente.

Atrelados aos mais diferentes modelos e conceitos de produção (bioflocos, clear-water, entre outros), uma outra vertente que certamente vem ganhando força naquele país (e também em outros países da Ásia) é a produção indoor. Em recente matéria publicada no portal “The Fish Site” a empresa Charoen Pokphands Foods (CPF), uma potência mundial quando o assunto é cultivo de camarões marinhos, anunciou que nos próximos 5 anos espera converter a maior parte da sua produção para sistemas fechados em estufas. Hoje o número já surpreende, com 15-20% da sua produção sendo feita de maneira indoor naquele país. Certamente ainda vamos escutar muitas histórias desse gigante da carcinicultura, chamado Tailândia.

 

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Maurício Emerenciano

Maurício Emerenciano é graduado em Zootecnia (UEM), mestre em aquicultura (FURG) e doutor em Ciências pela UNAM (México). Em 2014 foi ganhador da Medalha Alfonso Caso (menção honrosa designada às melhores teses e dissertações dos Programas de Pós-Graduação da UNAM/México). Atua na aquicultura desde 2002 e como pesquisador já realizou cooperação científica em diversos centros de pesquisa como Waddell Mariculture Center (EUA), CSIRO (Austrália) e IFREMER (França). Foi consultor científico em aquicultura para o governo do Chile, do México e Polinésia Francesa (Pôle d’Inovación de Tahiti). Membro do Biofloc Technology Steering Committee (AES), voltado a ações científicas e tecnológicas referentes ao sistema BFT. Possui capítulo de livro referência mundial da tecnologia de bioflocos (Biofloc Technology - The practical guide 3rd edition). Já proferiu mais de 20 cursos e diversas palestras sobre tecnologias “mais verdes” de produção para produtores, indústria e academia no México, Brasil, Chile e Colômbia. Atualmente é professor e pesquisador da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), campus Laguna/SC, onde coordena projetos de pesquisa vinculados ao setor público e privado.

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Charge Edição nº Publicado em 18/09/2023
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