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Biotecnologia de algas
01 de Outubro de 2018 Roberto Bianchini Derner
Estudo bibliométrico sobre as pesquisas em biotecnologia de microalgas

 

 

 

Na coluna desta edição vamos explorar as informações contidas em um interessante artigo de revisão (Garrido-Cardenas et al, 2018; referência no final do texto), publicado recentemente na Revista Algal Research, que trata da evolução e das tendências mundiais das pesquisas com microalgas, analisadas com base em um estudo bibliométrico, assim, todas as informações apresentadas nesta Coluna foram extraídas do artigo.

Neste estudo, os autores determinaram o número de publicações e sua distribuição, bem como, os periódicos e as palavras-chave mais relevantes. O estudo bibliométrico foi desenvolvido com as informações do banco de dados Elsevier Scopus, utilizando a palavra microalga para a consulta.

Na Figura 1 são apresentados os dados referentes ao número de publicações entre 1970 e 2017, sendo possível observar dois períodos distintos: no primeiro momento (1970 – 2005) houve um gradativo aumento no número de publicações a cada ano, enquanto, no segundo momento (2005 – 2017) ocorreu um crescimento vertiginoso, chegando a mais de 2.700 publicações em 2017, sendo este um execelente indicador da importância das microalgas no cenário atual da pesquisa científica. Os autores atribuem este crescimento ao aumento da demanda do mercado por produtos de microalgas e pela consequente expansão no número de instalações de cultivo para a pesquisa e produção comercial. Das publicações, 81,45% são artigos publicados, 6,46% são trabalhos de eventos, 5,88% são revisões, 2,60% são capítulos de livro, 1,99% são artigos em processo de publicação e o restante são outros tipo de publicações. Os trabalhos foram publicados principalmente nos periódicos Bioresource Technology e Algal Research, mas também no Journal of Applied Phycology, Aquaculture, Journal of Phycology, Marine Ecology Progress Series e Journal of Experimental Marine Biology and Ecology. Predominantemente os trabalhos foram publicados em inglês (95,20%), porém, também em chinês (1,79%), espanhol (1,06%), francês (0,5%) e em outras línguas, sendo 0,40% em português. Em relação aos países, os Estados Unidos lideram em número de publicações (3.615), seguidos pela China (3.005), Espanha (1.593), França (1.456), Índia (1.206), Austrália (1.191), Alemanha (1.145) e outros. Entretanto, ao normalizar o número de publicações pelo número de habitantes de cada país, a Austrália lidera este ranking (48,33 publicações por milhão de habitantes), seguida da Espanha (34,58) e França (22,42), ficando os Estados Unidos e a China em sétima e nona posições, respectivamente. Também foi evidenciado que grande parte dos artigos foi desenvolvida em trabalhos colaborativos entre as instituições de pesquisa dos diversos países.

 

 

 

 

Na Figura 2 são apresentadas as palavras-chave mais empregadas nas publicações (somente aquelas que aparecem em pelo menos 1.000 artigos) e, estas incluem principalmente termos relacionados com as aplicações das microalgas como biomassa, biocombustível ou lipídios, além de outros relacionados com o organismo estudado, tais como, Chlorella ou Alga verde (Chlorophyta), e alguns relacionados à metodologia de cultivo, como Biorreator.

O estudo também apresenta os sete gêneros de microalgas mais frequentemente empregados nas palavras-chave dos trabalhos produzidos nos dez países com maior número de publicações (Figura 3). Notadamente, o interesse por cada gênero não é o mesmo nos países, assim, pode ser visualizado que Chlamydomonas e Nannochloropsis são mais estudados nos EUA, enquanto Chlorella e Scenedesmus são estudados principalmente na China e Phaeodactylum e Isochrysis na Espanha. Curiosamente, Spirulina, o sétimo gênero mais presente na literatura, não é uma das microalgas mais estudadas em nenhum dos dez países com maior número de publicações nessa área, porém, é o gênero mais comum nos estudos desenvolvidos no Brasil.

Como conclusões, os autores apontam que a Biotecnologia de Microalgas é um campo muito ativo; que nos últimos anos a produtividade científica aumentou exponencialmente em conjunto com a produção industrial; e que, nos próximos anos é esperado um aumento do número de publicações com o desenvolvimento de estudos com outros gêneros ainda não amplamente presentes na literatura científica.

 

 

 

 

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Capa do colunista Roberto Bianchini Derner
Roberto Bianchini Derner

Biólogo, Mestre em Aquicultura e Doutor em Ciência dos Alimentos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Pesquisador e Gerente do Setor de Microalgas do Laboratório de Camarões Marinhos da UFSC entre 1989 e 2006. Atualmente é professor no Departamento de Aquicultura e supervisor do Laboratório de Cultivo de Algas (LCA). Coordena diversos projetos de pesquisa na área de recursos pesqueiros e engenharia de pesca/biotecnologia, com ênfase em aquicultura/algocultura - cultivo de microalgas para a produção de compostos bioativos (pigmentos, ácidos graxos, polissacarídeos etc.), biocombustíveis (biodiesel, bioetanol etc.) e tratamento de efluentes líquidos e gasosos.

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