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Piscicultura Marinha
01 de Agosto de 2018 Ricardo Vieira Rodrigues
Avanços na produção da tainha

 

 

A tainha é uma espécie que na minha opinião tem seu potencial neglicenciado. É um peixe detritívoro (baixo nível trófico), o que significa que pode ser alimentado com uma ração de baixo custo e ainda utilizar alimentos naturais dentro dos viveiros. Outra característica importante é que tolera água doce, podendo assim ser cultivada em uma ampla faixa de salinidade. Atualmente o Brasil tem muitos viveiros ociosos devido às diferentes enfermidades que vem afetando a carcinicultura marinha, sendo essa uma boa possibilidade para produção de peixes marinho-estuarinos, como é o caso da tainha.

Estudos sobre o potencial de produção da tainha no Brasil foram realizados principalmente na década de 80 e descontinuados por muitos anos, principalmente as pesquisas com reprodução e larvicultura. A partir dos anos 2000 foram reiniciados estudos com a espécie, principalmente na FURG, mas sempre a partir da obtenção de juvenis capturados no ambiente natural. Foram realizados estudos especialmente sobre a nutrição da tainha e avaliação do seu crescimento em cercados dentro de viveiros de engorda de camarão.

No ano de 2014 a UFSC voltou a formar um plantel de reprodutores a partir de peixes selvagens e vem realizando estudos de reprodução e larvicultura dessa espécie desde então. Atualmente o Laboratório de Piscicultura Marinha da UFSC (LAPMAR) possui em seu plantel 4 fêmeas e 5 machos selvagens e 70 peixes F1 selecionados para reprodutores nascidos em 2015 e 2016. Até o momento foram obtidas desovas com fecundação natural e artificial, a partir de peixes induzidos com a produção entre 90.000 e 120.000 peixes por desova e sobrevivência variando entre 15 e 35% das larvas com 40 dias após a eclosão. A partir dessas desovas, a UFSC distribuiu juvenis para várias fazendas de engorda em diferentes estados brasileiros, a fim de avaliar o potencial de crescimento dessa espécie em viveiros. Também foram enviados juvenis para instituições de pesquisas parceiras para alavancar os estudos com a espécie.

 

 

 

 

Em 2016 foi aprovado um projeto do CNPq (Edital Universal) em parceria UFSC/FURG para continuidade desses estudos. Além deste projeto, as metas atuais são enviar juvenis para várias fazendas de engorda para continuar avaliando o crescimento da espécie em viveiros de produção. Na parte científica a UFSC está pesquisando o cultivo da tainha em bioflocos e pretende avaliar métodos para formação de lotes monosexo fêmea, pois as gônadas das tainhas tem um grande valor comercial, podendo assim agregar valor ao produto final e viabilizar a produção em escala dessa espécie. Futuros estudos para sua produção em sistema multitrófico integrado também serão realizados, assim como a continuidade dos estudos com nutrição dessa espécie.

Gostaria de agradecer ao professor Vinicius Cerqueira (LAPMAR) e sua equipe pelas informações sobre a reprodução e larvicultura da tainha e pelas imagens em anexo nessa coluna. Talvez teremos tainhas sendo engordadas em viveiros no Brasil, em um futuro próximo?

 

 

 

 

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Ricardo Vieira Rodrigues

Ricardo Vieira Rodrigues é biólogo, mestre e doutor em Aquicultura pela Universidade Federal do Rio Grande - FURG. Dedicou toda sua atuação profissional, desde a graduação em atividades relacionas a piscicultura marinha. Até o momento já atuou em estudos relacionados a produção de mais 10 espécies de peixes marinhos, desde a reprodução até a engorda. Atualmente é professor Titular-Livre da FURG e professor permanente do Programa de Pós-graduação em Aquicultura da FURG, orientando estudantes da graduação, mestrado e doutorado. Suas principais linhas de atuação incluem reprodução e larvicultura de peixes marinhos, ecotoxicologia aplicada a aquicultura, produção de peixes ornamentais marinhos e produção de organismos aquáticos em sistemas de recirculação de água.

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