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Ranicultura
01 de Agosto de 2018 Andre Muniz Afonso
Como evitar o canibalismo na engorda de rãs?

 

 

O canibalismo é uma prática inerente à várias espécies de animais, podendo ou não possuir estreita relação com a prolificidade, uma vez que espécies muito prolíferas além de não apresentarem cuidado parental, podem se alimentar da própria prole. Este comportamento já foi descrito para diversos tipos de animais aquáticos, principalmente peixes, sendo a rã-touro uma espécie comumente a ele associado.

No âmbito da criação comercial, existe um grande e justificado temor quanto ao canibalismo na fase de engorda. Quando a predação é bem sucedida ocorre uma diminuição populacional, por outro lado, quando a rã alvo da predação escapa, sequelas, na forma de feridas, podem constituir perigosa porta de entrada para patógenos oportunistas. Isto posto, como evitar o canibalismo ao longo do processo de engorda de rãs?

Iniciando-se pela recria, cabe salientar que, é prática comum os criadores introduzirem animais todos os dias nas baias iniciais até que suas lotações máximas sejam atingidas. Isso faz com que aqueles que aprendem a comer primeiro, também se desenvolvam primeiro e mesmo que não sejam muito maiores que os mais “novos” naquele ambiente, por uma questão de domínio e competição, tendam a predá-los. A correção para tal problema seria a introdução do lote na baia no mesmo dia ou, ao menos, a sincronização do início da oferta alimentar, ainda que os animais não apresentem tamanhos tão uniformes.

 

 

 

 

Outro fator que também leva ao canibalismo é a oferta de alimento, muitas vezes reduzida por questões estruturais da baia. Projeta-se um cocho que não torna o alimento disponível a todos os animais ao mesmo tempo ou, na ausência de cocho, não se distribui o alimento equitativamente, gerando, mais uma vez, domínio e competição. Neste caso, a solução é bastante simples, basta tornar o alimento disponível a todos ao mesmo tempo, modificando-se a estrutura da baia ou aumentando a proporção dos cochos, quando estes são móveis (Figura 1). Outro aspecto de relevância está ligado ao aumento da temperatura, que, por resultar em aumento do metabolismo dos animais, faz com que a procura por alimento seja maior, agravando o comportamento de competição. Como medida básica, o ideal é que no dia seguinte a baia apresente um pouco de sobra do dia anterior.

A triagem, um manejo realizado para separação dos animais em lotes mais homogêneos, é uma prática muito adotada que pode diminuir o canibalismo presente na baia, ainda que sua eficácia seja discutida por especialistas. A verdade é que deve-se evitar ao máximo que existam grandes discrepâncias em relação ao tamanho dos animais num mesmo lote, no entanto, em algumas situações, as diferenças entre as rãs podem ser tão grandes (Figura 2), que fica evidente a necessidade desse manejo.

Observação é tudo! Existe um ditado em ranicultura que se aplica muito ao canibalismo – “O ranicultor pode ser surdo e mudo, mas não pode ser cego...” Saudações ranícolas!

 

 

 

 

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Andre Muniz Afonso

Formado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (UFF/2000), com mestrado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Patologia e Reprodução Animal-UFF/2004) e doutorado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal-UFF/2016). Desde 2009 é professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no Setor Palotina (Palotina/PR), sendo responsável pelas disciplinas de Tecnologia do Pescado, Ranicultura e Análise Sensorial de Alimentos e Bebidas, bem como pelo Laboratório de Ranicultura (LabRan-UFPR). Tem experiência na produção, beneficiamento, industrialização e sanidade de organismos aquáticos, tendo atuado em diversos órgãos voltados a esta temática. Atua principalmente nos seguintes temas: Processamento e Inspeção Higienicossanitária de Produtos de Origem Animal, Vigilância Sanitária, Aquicultura, Sanidade Aquícola e Extensão Rural.

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