Os primeiros registros sobre a criação de rãs comestíveis datam de 1897 por Chamberlain, um técnico da comissão de pesca americana, ainda que o hábito de consumir rãs seja milenar, pois gregos e chineses já o relatavam antes mesmo da era cristã.
Os romanos levaram o costume à França, que o propagou à Alemanha, Inglaterra e outras partes da Europa, chegando anos após aos Estados Unidos. No entanto, relatos de vários historiadores apontam que a América pré-hispânica possuía povos que consumiam rãs e mesmo girinos, conhecidos como atotócatl ou “tepocate”, para os Astecas e civilizações vizinhas. Cabe ressaltar que este hábito perdura até os dias atuais, em regiões do México e Guatemala. Chamberlain relata que à época, 15 estados americanos comercializavam rãs para consumo, enquanto outros apenas abasteciam os consumidores locais. Até mesmo o Canadá já apresentava um crescente comércio de rãs, com destaque para as pernas, parte do animal mais valorizada. A espécie em destaque era a rã-touro americana, localmente conhecida como “bullfrog” (Lithobates catesbeianus).
Os cubanos também consumiam rãs e em 1916 foram os primeiros a importar a espécie dos Estados Unidos. Em 1928 o Japão fez o mesmo, levando a rã-touro para o Oriente, que ainda hoje é criada por países como China, Taiwan, Indonésia e Tailândia. O ano de 1935 marcou a chegada da rã-touro em terras brasileiras, marco inicial da ranicultura nacional, em terras fluminenses.
Apesar de cosmopolita, nem só de rã-touro vive a ranicultura, pois outras espécies também foram estudadas e exploradas em criações comerciais. No Chile desenvolveu-se a criação de uma espécie local de tamanho semelhante a rã-touro, a Calyptocephalella gayi, mas pouco se sabe sobre os aspectos da sua comercialização local.
Na Espanha, pesquisadores da Universidade de León desenvolveram a criação da rã ibérica (Pelophylax perezi), uma vez que o país proibia as espécies exóticas.
Na França, recentes pesquisas produziram um híbrido denominado de rã comestível (edible frog) ou Pelophylax esculenta.
Os asiáticos, maiores criadores e exportadores mundiais de rãs, além da rã-touro criam uma rã local, a rã chinesa ou Hoplobatrachus rugulosus. Lá a ranicultura se desenvolveu em meio ao cultivo de alguns vegetais, como o arroz, cuja consorciação pode ser denominada de riziranicultura. A criação é desenvolvida em parte no ambiente e pode ser considerada como semiextensiva.
A criação de rãs é uma das vertentes mundiais da aquicultura e a opção de criar os animais em cativeiro pode significar um grande avanço no combate à caça desenfreada, que juntamente com outros fatores como as mudanças climáticas, doenças emergentes e poluição, contribuem para o desaparecimento dos anfíbios em nosso planeta.
Saudações ranícolas!
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Formado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (UFF/2000), com mestrado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Patologia e Reprodução Animal-UFF/2004) e doutorado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal-UFF/2016). Desde 2009 é professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no Setor Palotina (Palotina/PR), sendo responsável pelas disciplinas de Tecnologia do Pescado, Ranicultura e Análise Sensorial de Alimentos e Bebidas, bem como pelo Laboratório de Ranicultura (LabRan-UFPR). Tem experiência na produção, beneficiamento, industrialização e sanidade de organismos aquáticos, tendo atuado em diversos órgãos voltados a esta temática. Atua principalmente nos seguintes temas: Processamento e Inspeção Higienicossanitária de Produtos de Origem Animal, Vigilância Sanitária, Aquicultura, Sanidade Aquícola e Extensão Rural.
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