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01 de Agosto de 2018 Giovanni Lemos de Mello
Piscicultura Marinha no Mediterrâneo

 

 

Recentemente participei de uma missão na Europa coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), integrando uma delegação brasileira no tema de P&D em aquicultura. Um dos principais objetivos desta missão foi conhecer de perto plataformas de integração entre academia, indústria e governo, buscando adaptar um modelo para o Brasil, a exemplo da EATIP (European Aquaculture Technology Platform).

Minha primeira missão internacional como especialista da área, aos 37 anos, após meus primeiros dez anos (ainda bem tímidos) como pesquisador e 15 anos de graduado em Engenharia de Aquicultura. “Marinheiro de primeira viagem”. Foi incrível adentrar no mar Mediterrâneo e conhecer a piscicultura marinha do Sul da Espanha. Como assim, professor da disciplina de Piscicultura e pesquisador na área de piscicultura marinha que nunca visitou a piscicultura marinha fora do Brasil? Caro leitor, não tenho vergonha alguma de apontar as minhas fragilidades. Pior é a pessoa que vive tendo oportunidades de conhecer a aquicultura pelo mundo e não contribui em nada pelo desenvolvimento de nossa atividade no País.

O curioso, é que pude conferir na prática o que escrevi em minha primeira coluna, da edição anterior. Robalos e pargos com 300 a 400 gramas, produzidos por dois anos, protagonizando um mercado que movimenta bilhões de Euros/ano. Entre robalos, pargos, corvinas e atuns, obviamente que este último foi o que mais chamou a nossa atenção. Fomos recebidos por um dos seis proprietários da maior empresa espanhola, que nos contou absolutamente tudo sobre o processo de criação, beneficiamento e comercialização do atum. Aliás, algumas imagens ilustram muito melhor do que uma ou duas páginas...

 

 

 

 

Segundo a empresa, após o mês de maio, melhor preço para venda do atum ao Japão (90% de seu mercado), o preço deste pescado reduz consideravelmente e a solução é estocá-los em gaiolas no mar. Ali, eles ficam em média 5 meses, até o preço se recuperar. O peso inicial é de causar espanto: de 150 a 250 Kg! Isto mesmo, quilos! O tanque-rede parecia mais uma jaula com leões! Nos meses em que os atuns vão permanecer ali, eles engordam cerca de 40%, mas não é muito controlada a questão de biometrias. Outra coisa que assusta, tanques-rede com 90 m de diâmetro, como vocês podem conferir nas imagens que ilustram esta coluna.

Por fim, daí assusta mesmo, a produção anual da empresa: 12 mil toneladas de atum por ano. E para aterrorizar de vez, a última informação: o fornecimento diário de peixes para os atuns: 800 toneladas/dia. Isto mesmo, não é quilo, e não há erro de digitação! São oitocentas toneladas por dia de peixes sendo ofertados aos atuns nas gaiolas da empresa no Mediterrâneo. Tente refletir um pouco a respeito...

Da próxima vez que estiver mostrando aquele gráfico mais famoso da FAO, com o total produzido pela pesca e aquicultura, e falando que a pesca, apesar de ainda produzir mais, parte não vai para consumo humano e sim para outros fins (como o descrito acima!), nunca mais vou me esquecer do que vimos.

 

 

 

 

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Capa do colunista Giovanni Lemos de Mello
Giovanni Lemos de Mello

Graduado na primeira turma do Brasil de Engenharia de Aquicultura, pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (2003), possui Mestrado (2007) e Doutorado (2014) pelo Programa de Pós-Graduação em Aquicultura da UFSC. A partir de 2002 atuou como consultor técnico em diversas fazendas de cultivo de camarão marinho de SC. Em 2006 fundou a empresa AQUACONSULT – Projetos e Serviços em Aquicultura e Meio Ambiente, sendo homenageado pelo Presidente do CREA-SC como a primeira empresa de aquicultura filiada ao órgão, no Estado. Atualmente é Professor Adjunto II do curso de Engenharia de Pesca da Universidade do Estado de Santa Catarina, campus Laguna, secretário de relações internacionais da Peixe BR e editor-chefe da Revista Aquaculture Brasil.

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Charge Edição nº 26 Publicado em 06/11/2022
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