Colunas
Sanidade Aquícola
01 de Agosto de 2016 Santiago Benites de Pádua
Neoechinorhynchus buttnerae (Acanthocephala): verminose emergente em peixes redondos

A criação de peixes redondos atualmente corresponde por mais de 41% da produção piscícola nacional, conforme os dados apresentados pelo IBGE em 2015. Entre as espécies de importância comercial, o tambaqui (Colossoma macropomum) se destaca em números e eficiência produtiva, correspondendo por 56% da produção nacional de peixes nativos brasileiros e 70,1% entre os peixes redondos, que integram espécies como a pirapitinga (Piaractus brachypomus), o pacu (Piaractus mesopotamicus), bem como os híbridos intergenéricos tambatinga (Colossoma macropomum ♀ x Piaractus brachypomus ♂) e tambacu (Colossoma macropomum ♀ x Piaractus mesopotamicus ♂) (IBGE, 2015). No entanto, com a intensificação de sua criação, tem emergido doenças e patógenos que são responsáveis por ocasionar prejuízos econômicos, ambientais e sociais para a cadeia produtiva de peixes redondos.

Desde o final da década de 1990, foram relatados os primeiros casos de problemas sanitários na criação de tambaqui causados pelo verme Acanthocephala Neoechinorhynchus buttnerae no estado do Amazonas. Desde então, esta verminose tem se disseminado entre os estados da região amazônica e áreas de transição deste bioma, incluindo Rondônia, Roraima, Mato Grosso e Maranhão. A fonte de infecção para este verme possivelmente foi a partir de animais portadores do ambiente natural, uma vez que sua descrição inicial foi realizada em peixes de vida livre, contudo, sua disseminação entre diferentes regiões pode ter sido favorecida pelo transporte de alevinos portadores desta parasitose.

 

 

 

A infecção por este acantocéfalo dificilmente causa a morte dos peixes parasitados, contudo, promove queda expressiva no desempenho produtivo dos animais, podendo ocasionar perda de peso e até mesmo caquexia em casos mais severos (Figura 1a).

Este fato, geralmente leva os produtores a questionarem inicialmente a qualidade das rações utilizadas para o crescimento e engorda dos peixes. No entanto, o que deve ser feito é a análise para diagnóstico da infecção intestinal por este parasito, sendo facilmente detectado a partir da necropsia e abertura de intestino anterior e médio (Figura1b), podendo em casos mais severos, ocorrer infestação em praticamente todo o tubo digestivo a partir da região pilórica (válvula após o estômago).

A diminuição do desempenho dos animais infectados por esta verminose ocorre devido à competição pelos nutrientes da ração, bem como pela diminuição da área funcional responsável pela absorção intestinal. Além disso, este acantocéfalo penetra as camadas do intestino (Figura 2a), que por sua vez, induz a ocorrência de um processo inflamatório severo e ocasiona a dilaceração da mucosa intestinal por meios de seus espinhos de fixação (Figura 2b).

Atualmente não existem fármacos com registro para tratamento desta verminose. Por este motivo, os piscicultores de peixes redondos utilizam produtos “Off label” (Sem indicação de bula) na tentativa de controlar a infestação pelos acantocéfalos. Dentre os principais produtos utilizados, os anti-helmínticos da categoria Benzimidazóis são os mais utilizados. Recentemente, indústrias farmacêuticas com atuação no Brasil têm realizado levantamentos preliminares sobre este mercado para avaliar seu potencial de consumo e embasar estudos de pesquisa e desenvolvimento, bem como para registro de novos produtos para a piscicultura nacional.

Faça o download e confira o texto completo com todas as ilustrações. Clique aqui

Próxima
Colunista
Capa do colunista Santiago Benites de Pádua
Santiago Benites de Pádua

Possui graduação em Medicina Veterinária (2010) e mestrado em Aquicultura (2013) pelo Centro de Aquicultura da Unesp de Jaboticabal – CAUNESP. Desenvolveu atividades em pesquisa no Laboratório de Piscicultura da Embrapa Agropecuária Oeste-MS (2007 – 2011) e no Laboratório de Patologia de Organismos Aquáticos (LAPOA) do CAUNESP (2011 – 2013), sendo parceiro do Laboratório AQUOS – Sanidade de Organismos Aquáticos, UFSC (desde 2011). Possui dezenas de artigos científicos publicados, atuando como revisor em periódicos especializados internacionais e nacional, além possuir capítulos de livros e um livro publicado. Tem atuado principalmente em Aquicultura, com ênfase nos seguintes temas: diagnóstico, parasitos de peixes, doenças bacterianas, viroses emergentes, histopatologia, manejo sanitário em pisciculturas, controle e erradicação de doenças em fazendas-berçário produtoras de alevinos.

Categorias
Charges
Capa Que ventania!
Que ventania!
Charge Edição nº Publicado em 18/09/2023
Informativo

Assine nosso informativo para receber promoções, notícias e novidades por e-mail.

+55 (48) 9 9646-7200

contato@aquaculturebrasil.com

Av. Senador Gallotti, 329 - Mar Grosso
Laguna - SC, 88790-000

AQUACULTURE BRASIL LTDA ME
CNPJ 24.377.435/0001­18

Top

Preencha todos os campos obrigatórios.

No momento não conseguimos enviar seu e-mail, você pode mandar mensagem diretamente para contato@aquaculturebrasil.com.

Contato enviado com sucesso, em breve retornamos.

Preencha todos os campos obrigatórios.

Preencha todos os campos obrigatórios.

Você será redirecionado em alguns segundos!