É uma grande honra fazer parte da equipe AQUACULTURE BRASIL através da coluna piscicultura marinha. A atividade ainda “engatinha” no Brasil, e como “bebês” ainda temos um longo caminho a percorrer. Meu objetivo nessa coluna será trazer aspectos básicos da piscicultura marinha, desde a reprodução até a engorda de espécies em destaque no mundo, assim como novas tendências nacionais e internacionais nesse tópico.
Começo essa coluna falando da única espécie de peixe marinho que é produzida comercialmente no Brasil, o BIJUPIRÁ. Essa espécie distribui-se por quase todos os oceanos tropicais e subtropicais do mundo e em toda a costa brasileira, portanto uma espécie nativa do Brasil. Possui um altíssimo potencial de crescimento comparando com outras espécies de peixes marinhos produzidas ao redor do mundo, alcançando até 6Kg em um ano. Os reprodutores possuem desovas espontâneas e múltiplas, gerando até 3 milhões de ovos. A larvicultura é relativamente curta, aproximadamente 30 dias e as larvas/juvenis aceitam com facilidade dietas artificiais.
Como já é uma espécie produzida na Ásia e vários países europeus e das Américas, quando as primeiras iniciativas de sua produção começaram no Brasil em 2005/2006, foi possível adaptar tecnologias empregadas em outros lugares do mundo. Embora sua produção comercial no país tenha começado na região nordeste devido às elevadas temperaturas, o que favorece sua produção, atualmente o bijupirá vem sendo produzido principalmente na região sudeste. O sistema de produção empregado atualmente na engorda são os tanques-redes de pequeno volume e próximos à costa. Nessa região e nesse sistema de produção o bijupirá alcança até 4,5Kg.
A manutenção de reprodutores e as larviculturas geralmente são realizados em tanques em sistema de fluxo contínuo. Porém a tendência atual é a migração para utilização dos sistemas de recirculação que mantém a qualidade da água mais estáveis e os sistemas de filtração e esterilização reduzem o aparecimento de patologias.
Mas a final, o bijupirá é salvação da piscicultura marinha brasileira?
De certa forma sim, pois acredito que será essa a espécie que impulsionará o desenvolvimento da cadeia produtiva de uma espécie de peixe marinho no Brasil. Porém, obviamente nem tudo são “flores”, e vários aspectos sobre sua produção ainda precisam ser aprimorados. Ainda temos uma irregular sobrevivência na larvicultura, variando de valores próximos a zero até quase 30%. Temos ainda que desenvolver uma dieta adequada para a espécie. Temos que investir em qualificação de novos profissionais para atuar em toda a cadeia produtiva do bijupirá, assim como aprimorar o manejo de produção já existente. Outra questão importante é o conhecimento sobre as enfermidades e parasitas que afetam a espécie e desenvolvimento de técnicas de profilaxia e tratamento dessas enfermidades.
Porém não podemos esquecer todos os estudos e tudo o que foi desenvolvido com outras espécies de peixe marinho que tem potencial para produção no Brasil, pois o bijupirá não é uma espécie adequada para todos os sistemas de produção que podemos empregar com peixes marinhos. Enfim, temos muito a desenvolver na piscicultura marinha brasileira, porém passos largos já foram percorridos com a produção do bijupirá.
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Ricardo Vieira Rodrigues é biólogo, mestre e doutor em Aquicultura pela Universidade Federal do Rio Grande - FURG. Dedicou toda sua atuação profissional, desde a graduação em atividades relacionas a piscicultura marinha. Até o momento já atuou em estudos relacionados a produção de mais 10 espécies de peixes marinhos, desde a reprodução até a engorda. Atualmente é professor Titular-Livre da FURG e professor permanente do Programa de Pós-graduação em Aquicultura da FURG, orientando estudantes da graduação, mestrado e doutorado. Suas principais linhas de atuação incluem reprodução e larvicultura de peixes marinhos, ecotoxicologia aplicada a aquicultura, produção de peixes ornamentais marinhos e produção de organismos aquáticos em sistemas de recirculação de água.
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