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Piscicultura Marinha
01 de Junho de 2018 Ricardo Vieira Rodrigues
Ocorrência de deformidades durante a produção de peixes marinhos

 

Durante o processo de larvicultura de qualquer espécie de peixe, é possível observar que alguns destes apresentam algumas deformidades e é comum que várias perguntas surjam, como por exemplo: “Quais os tipos de deformidades ocorrem nos peixes? Porque essas deformidades ocorrem? Qual é a porcentagem de peixes com deformidade, é normal ocorrer ao final da larvicultura? As deformidades que observamos nos peixes são as mesmas, independentemente da espécie? Qual a consequência dessas deformidades para o produtor?”

Respondendo a essas perguntas, pela minha experiência nos peixes marinhos de forma geral, poderia citar 4 tipos de deformidades muito comuns entre os peixes: problemas na formação da coluna vertebral (Figura 1a); problemas de pigmentação (Figura 1b); deformação do opérculo (Figura 1c); e deformação na cabeça (mandíbula e/ou maxila) (Figura 1d). Há também algumas deformidades que são características de um grupo específico, como por exemplo o problema relacionado a migração do olho em linguados (Figura 1e), que é uma deformidade específica deste grupo e que apresenta uma metamorfose bastante acentuada.

Os motivos para a ocorrência dessas deformidades são relativamente pouco estudados, mas a princípio possuem três causas:

I) Condição genética: a ausência de protocolos de melhoramento genético muitas vezes causa o cruzamento de peixes com consanguinidade que conhecidamente aumentam a probabilidade de ocorrência de deformidades;

II) Problemas de nutrição tanto para os reprodutores quanto durante a larvicultura: por exemplo, a ausência de alguma vitamina ou ausência de algum ácido graxo essencial, já estão comprovados como indutores de algumas deformidades em peixes marinhos;

III) Manejo inadequado durante a produção dos peixes: parâmetros ambientais fora do que é a zona de conforto da espécie, seja temperatura, intensidade luminosa... ou elevadas densidades de estocagem, também podem acarretar deformidades.

 

 

 

 

Esses obviamente são alguns exemplos e cada caso deve ser estudado com especificidade para determinar a(s) razões que podem estar causando tais deformidades.

Quanto a taxa de ocorrência dessas deformidades, pode variar de menos de 1% dos peixes ao final da larvicultura de uma determinada espécie, até chegar a valores superiores a 10%. Com uma ressalva, no caso dos problemas de pigmentação dos linguados, esta facilmente ocorre em mais de 50% dos peixes (fato já observado para várias espécies de linguado). Contudo na maioria das vezes não se observa efeitos na sobrevivência ou crescimento desses peixes quando comparados à peixes sem deformidade.

As deformidades certamente podem trazer perdas significativas na produção, como redução de crescimento, no caso dos peixes com deformidades na mandíbula ou na coluna vertebral. Problemas de comercialização, pois certamente ninguém quer comprar peixes com nenhuma dessas condições citadas acima. Gostaria de finalizar indicando que muitos são os fatores envolvidos na ocorrência de deformidades em peixes, contudo, são relativamente poucos os estudos para entender e tentar reduzir esses problemas durante o processo produtivo.

 

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Ricardo Vieira Rodrigues

Ricardo Vieira Rodrigues é biólogo, mestre e doutor em Aquicultura pela Universidade Federal do Rio Grande - FURG. Dedicou toda sua atuação profissional, desde a graduação em atividades relacionas a piscicultura marinha. Até o momento já atuou em estudos relacionados a produção de mais 10 espécies de peixes marinhos, desde a reprodução até a engorda. Atualmente é professor Titular-Livre da FURG e professor permanente do Programa de Pós-graduação em Aquicultura da FURG, orientando estudantes da graduação, mestrado e doutorado. Suas principais linhas de atuação incluem reprodução e larvicultura de peixes marinhos, ecotoxicologia aplicada a aquicultura, produção de peixes ornamentais marinhos e produção de organismos aquáticos em sistemas de recirculação de água.

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