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Ranicultura
01 de Junho de 2018 Andre Muniz Afonso
Monitoramento da Qualidade da Água: Fatores Químicos - Parte I

 

 

No monitoramento da qualidade da água para a criação de rãs, além dos Fatores Físicos, já abordados na 10ª edição da revista, devemos considerar outro tipo de Fatores abióticos, os fatores químicos. São considerados fatores químicos de controle todos aqueles que possuem relação direta com algum elemento químico presente na água que pode influenciar direta ou indiretamente a qualidade de vida dos animais ali presentes. Na presente coluna iremos abordar o oxigênio, o pH e os compostos nitrogenados.

O oxigênio na água se apresenta na forma de oxigênio dissolvido (OD) e pode ser mensurado por meio do uso de “kits” químicos colorimétricos ou de aparelhos digitais, conhecidos como“oxímetros”, em mg/L. Sua presença é vital para os organismos aeróbicos e pode variar emfunção da temperatura da água, da pressão atmosférica e da presença de sais. Em águas de temperatura mais baixa tendem a ser mais presentes, enquanto nas mais quentes ocorre o seu desprendimento em maior velocidade para a atmosfera. Este fator pode se tornar um problema, pois nas temperaturas mais quentes os animais pecilotérmicos possuem maior metabolismo basal, ou seja, consomem mais oxigênio. A vantagem, quando se fala em ranicultura, é que os girinos recém-eclodidos têm maior dependência do OD na água, mas a medida que vão crescendo, além das brânquias, respiram, simultaneamente, pela pele e pelos pulmões (na superfície da água, conforme figura 1). Quanto maior a altitude e a quantidade de sais na água, menor a concentração de oxigênio, por isso a presença da vida nos ambientes de grandes altitudes e nos muito salinos, vide Himalaias e Mar Morto, respectivamente, são menos frequentes.

 

 

 

 

O OD pode ser incorporado à água, pela movimentação da mesma (aeradores e difusores) e pela renovação, uma vez que a água que entra pela superfície (direto da fonte ou reservatório) tende a possuir mais oxigênio do que a que sai (descarga pelo fundo), como também pode ser produzido, estimulando-se a proliferação das algas. Neste último quesito, cabe lembrar que ao estimular a produção de algas podem ocorrer oscilações no pH da água, principalmente devido à retirada de maiores concentrações de carbonos (acidificantes) da água no período de fotossíntese (dia) e reposição dos mesmos a noite. Isto quer dizer que, durante o dia o pH da água tende a ficar alcalino, enquanto que de noite ele acidifica.

O pH ou potencial hidrogeniônico de um corpo d’água é determinado pela combinação dos vários elementos químicos ali presentes, é medido numa escala de 0 a 14, também por meio de uma análise química (“kit”) ou equipamento digital, onde o ponto médio (7) é chamado de neutro, representando o equilíbrio entre o que é ácido e o que é alcalino ou básico. O ponto neutro sempre é o mais desejável para a grande maioria dos organismos aquáticos de criação, sendo os valores iguais ou menores que 4 ou iguais ou maiores que 11, letais. Assim como o OD, está ligado ao conforto e bem-estar dos animais e possui relação direta com os compostos nitrogenados presentes na água, principalmente os tóxicos como o nitrito (NO2 ) e a amônia (NH3 ).

Os compostos nitrogenados nos tanques de criação têm sua origem principal na ração, mais particularmente nos ingredientes mais proteicos. Quanto mais proteína na ração, mais Nitrogênio no sistema, principalmente em função da não especificidade de uma ração para as mais diversas fases da rã. Após a excreção de amônia pelos girinos ou de ureia pelos imagos e rãs, formam-se o nitrito e o nitrato, que é assimilável pelos vegetais e conclui o ciclo do nitrogênio tanto na terra como na água. A amônia e o nitrito são letais em pH alcalino, portanto o monitoramento destes elementos, bem como do pH, do OD e da temperatura, são fundamentais para a manutenção da boa qualidade de vida, do desenvolvimento e do crescimento dos animais.

Na próxima coluna falaremos mais a respeito do equilíbrio do pH na água dos tanques e de outros elementos químicos de importância à ranicultura.

Saudações ranícolas!

 

 

 

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Andre Muniz Afonso

Formado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (UFF/2000), com mestrado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Patologia e Reprodução Animal-UFF/2004) e doutorado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal-UFF/2016). Desde 2009 é professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no Setor Palotina (Palotina/PR), sendo responsável pelas disciplinas de Tecnologia do Pescado, Ranicultura e Análise Sensorial de Alimentos e Bebidas, bem como pelo Laboratório de Ranicultura (LabRan-UFPR). Tem experiência na produção, beneficiamento, industrialização e sanidade de organismos aquáticos, tendo atuado em diversos órgãos voltados a esta temática. Atua principalmente nos seguintes temas: Processamento e Inspeção Higienicossanitária de Produtos de Origem Animal, Vigilância Sanitária, Aquicultura, Sanidade Aquícola e Extensão Rural.

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