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Biotecnologia de algas
01 de Agosto de 2016 Roberto Bianchini Derner
A importância das microalgas na aquicultura

A biomassa de microalgas – incluídas nesta denominação as cianobactérias – é fonte de uma vasta gama de compostos de elevado valor comercial: proteínas, carotenoides, lipídios, polissacarídeos etc. A produção comercial de microalgas, através de cultivos, é uma atividade consolidada em alguns países e está a cargo de grandes empresas, que visam principalmente às indústrias farmacêutica, cosmética e alimentícia. No Brasil, esta atividade está em desenvolvimento há poucos anos, e se tem noticias de menos de meia dúzia de empreendimentos em operação ou implantação.

 

 

Apesar do considerável e desconhecido número de espécies, conforme dados da literatura somente quatro microalgas têm produção comercial significativa: Spirulina (Arthrospira), Chlorella, Dunaliella e Haematococcus pluvialis, entretanto pouco se sabe sobre o volume e o valor deste comércio. Também, as microalgas vêm sendo estudadas por seu grande potencial de aplicação em diversos processos biotecnológicos, como no tratamento de efluentes líquidos e gasosos (ficorremediação) e, mais recentemente na produção de matéria-prima para a produção de biocombustíveis. Indiscutivelmente e em nível mundial, a aplicação mais importante (em volume) das microalgas é na produção (alimentação) de moluscos, camarões e de alguns peixes. Uma vez que, nos ambientes naturais as microalgas são a base de grande parte das cadeias tróficas, nos laboratórios de reprodução, larvicultura e na fase de engorda é necessário que algo deste tipo seja estabelecido, haja vista o elevado valor nutricional da biomassa. Apesar do grande volume de produção das microalgas e da impossibilidade do desenvolvimento do cultivo comercial dos moluscos, camarões marinhos e de alguns peixes sem o emprego das microalgas, é fato que, nestes empreendimentos aquícolas, as microalgas têm sido consideradas como um elemento de segunda categoria, uma vez que são somente o meio para a obtenção de carne de peixe, de moluscos ou de camarões marinhos. Por conta disto, muito pouco se tem evoluído desde que foram publicados estudos (há muitos anos) sobre a seleção/escolha de algumas poucas espécies de microalgas, a serem cultivadas em meios de cultura padrão e em sistemas de baixíssima produtividade. Alguns poderão dizer que a “receita de bolo” está funcionando, assim não percebem o quanto é possível evoluir, seja para identificar cepas/variedades com maior valor nutricional para a espécie a ser alimentada, seja para aplicar técnicas conhecidas de biologia e engenharia visando desenvolver sistemas de produção superintensiva. Reconhecidamente, algumas cepas de microalgas, sob determinadas condições ambientais, podem ser induzidas a ativar determinadas rotas metabólicas que levem à maximização dos compostos de interesse – como os ácidos graxos poli-insaturados, por exemplo – ou para a biossíntese de compostos que inibem o desenvolvimento de agentes patogênicos, ou de compostos que aumentem a resposta imunológica dos organismos alimentados com estas microalgas.

Em relação aos sistemas de cultivo, em muitos casos e com poucas adaptações é possível alcançar maiores produtividades, gastando menos insumos (água e nutrientes, por exemplo). Pelo exposto, e uma vez que todos buscamos o aumento da sobrevivência dos organismos cultivados, bem como, a redução dos custos de produção, há necessidade de muitos estudos visando ao aperfeiçoamento dos cultivos de microalgas. Desta forma, espero que vocês mudem o olhar da próxima vez que visitarem um setor de produção de microalgas.

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Capa do colunista Roberto Bianchini Derner
Roberto Bianchini Derner

Biólogo, Mestre em Aquicultura e Doutor em Ciência dos Alimentos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Pesquisador e Gerente do Setor de Microalgas do Laboratório de Camarões Marinhos da UFSC entre 1989 e 2006. Atualmente é professor no Departamento de Aquicultura e supervisor do Laboratório de Cultivo de Algas (LCA). Coordena diversos projetos de pesquisa na área de recursos pesqueiros e engenharia de pesca/biotecnologia, com ênfase em aquicultura/algocultura - cultivo de microalgas para a produção de compostos bioativos (pigmentos, ácidos graxos, polissacarídeos etc.), biocombustíveis (biodiesel, bioetanol etc.) e tratamento de efluentes líquidos e gasosos.

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