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Nutrição Aquícola
01 de Abril de 2018 Artur Nishioka Rombenso
Microdietas extrusadas: uma revolução na nutrição aquícola

 

 

Microdieta é um termo utilizado para dietas menores ou iguais a 1mm. Esse tipo de alimento é utilizado principalmente durante o período de desmame (transição gradual do alimento vivo para o alimento formulado) nas etapas de larva e de formas jovens de diferentes organismos, como peixes e camarões.

 

Algo que a maioria das pessoas desconhece é que grande parte das microdietas comercializadas são granuladas e não extrusadas, inclusive as da empresa Japonesa Otohime. No site da Reed Mariculture consta que apenas as dietas da Otohime maiores que 1,7mm são extrusadas. Ou seja, dietas menores que 1,7mm são peletizadas e/ou granuladas. Para saber mais sobre as dietas extrusadas, consulte minha coluna “Extrusão” publicada nesta revista (edição n° 05 mar/abr 2017).

 

De forma sucinta, uma dieta peletizada é feita através de um processo de fabricação que envolve pouca pressão e temperatura quando comparada ao processo de extrusão, o qual consiste em um procedimento de cozimento através de um rápido aquecimento com alta temperatura e pressão. Uma analogia simples seria que no processo de fabricação de uma dieta peletizada se utiliza um moedor de carne, e no processo de extrusão, uma panela de pressão.

 

Já a dieta granulada é resultado da moagem do alimento peletizado que em seguida é peneirado na medida requerida. Assim, a dieta granulada é constituída de grãos de determinado tamanho de partículas do alimento peletizado. O grande problema nesse procedimento é que os grãos não possuem necessariamente a mesma composição nutricional, ou seja, há uma disparidade em termos de qualidade nutricional entre os grãos do mesmo alimento. Isso pode ocasionar sérias consequências, pois existe o risco de os organismos consumirem um alimento não balanceado. No caso das microdietas esse problema se torna ainda mais crítico, pois as larvas e formas jovens de peixes e camarões necessitam de um alimento completo e balanceado para um ótimo desenvolvimento, o que pode não ser atendido com microdietas granuladas.

 

 

 

 

Já as microdietas extrusadas garantem que cada grão (pellet extrusado) contenha a qualidade nutricional da formulação, oferecendo uma nutrição completa e balanceada. Acredito que muitos devem se perguntar: “Então por que as empresas não produzem esse tipo de alimento (microdietas extrusadas)”? A resposta é simples: Porque esse processo de fabricação é bastante sensível, complexo e com um elevado índice de risco. Para a fabricação de uma microdieta de 0,75 mm, por exemplo, os ingredientes devem ser moídos a um tamanho de partícula menor que 0,75mm. Qualquer partícula maior que 0,75mm que esteja dentro dos ingredientes pode tapar a matriz (parte da extrusora da qual saem os alimentos) e consequentemente parar todo o processo de fabricação, resultando em grande prejuízo.

 

Em dezembro de 2017, o Laboratório de Nutrição e Fisiologia Digestiva de Organismos Aquáticos da Universidade Autônoma da Baja Califórnia (UABC), liderado pela Dra. María Teresa Viana, junto com a empresa ExtruTech-Inc (Kansas, EUA) desenvolveram um processo de fabricação em escala experimental de microdietas (0,15 a 0,75 mm; Figura 1).

 

A ExtruTech-Inc já iniciou a montagem de extrusoras em escalas comerciais de microdietas para empresas na América Latina, as quais buscam produzir microdietas para a indústria de carcinicultura. Uma vez que essas microdietas extrusadas estejam disponíveis no mercado, acredita-se que as mesmas revolucionarão a nutrição aquícola por motivos tais como:

1) Cada grão (pellet extrusado) contém uma nutrição completa e balanceada;

2) Atualmente não existe um alimento igual no mercado;

3) Esse alimento é utilizado em etapas críticas no desenvolvimento da cadeia aquícola.

 

Espero que essa coluna tenha sido útil para todos e que no futuro o tema “microdietas extrusadas” já seja uma realidade na aquicultura brasileira.

 

 

 

 

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Artur Nishioka Rombenso

Artur N. Rombenso é oceanólogo Brasileiro de 28 anos e doutor em Nutrição aquícola pela Southern Illinois University Carbondale – EUA. Atualmente é professor/pesquisador no Instituto de Oceanografia na Universidade Autônoma de Baja California – México. Nos últimos 5 anos o Artur vem trabalhando com nutrição de peixes com ênfase em fontes alternativas de lipídeos e requerimentos de ácidos graxos. Possui vários trabalhos publicados em revistas científicas e técnicas, nacionais e internacionais, e ganhou 5 prêmios de melhor trabalho científico durante seu doutorado. Possui também grande experiência internacional participando e colaborando em projetos de pesquisa e extensão em mais de 7 países. Além do lado acadêmico, Artur auxilia na coordenação de pesquisa, extensão e produção de uma maricultura em Angra dos Reis – RJ. As principais linhas interesse se extendem desde nutrição (organismos aquáticos e humanos) à aquacultura, maricultura, lipídeos, ácidos graxos, e qualidade nutricional de frutos do mar. 

E-mail: arturnr@yahoo.com.br

Skype: artur.nishioka

CV: Research Gates

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