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Green Technologies
11 de Janeiro de 2022 Maurício Emerenciano
2021 Aquaponics Conference: os novos rumos da Aquaponia

 

As novidades, pesquisas e desafios na área de Aquaponia é o tema da coluna Green Technologies desta edição. Entre dias 22 a 24 deste ano foi realizado o Congresso Anual de Aquaponia, organizada pela Associação Norte-Americana de Aquaponia, na sua versão online. Entre as diversas atrações destaque para palestras com novidades da indústria e das pesquisas, mesa redondas e feira virtual com stands de diversas empresas. Tive o privilégio de interagir “ao vivo” com produtores em suas fazendas, assistir excelentes palestras e participar como convidado da mesa redonda sobre as “Futuras Pesquisas em Aquaponia”. O objetivo foi debater as necessidades de pesquisas vindas da própria indústria, e focando no desenvolvimento, resiliência e competitividade deste sistema integrado de produção.

Entre os destaques dessa sessão podemos destacar: (i) maior compreensão da dinâmica de nutrientes do sistema; (ii) maior esforço em pesquisas com espécies aquícolas e vegetais de maior valor agregado, fugindo da clássica combinação “tilápias-alfaces’; (iii) maior esforço na optimização de nutrientes (ex.: mineralização) com foco no aumento da sustentabilidade e ‘circularidade’ do sistema; (iv) modelagens econômicas e análises de sensibilidade adaptados a diferentes realidades; (v) sistemas de recirculação aquícola mais acessíveis; e (vi) maior esforço em desenvolvimento de estratégias de comercialização (ex.: certificações específicas) e formação de recursos humanos.

Durante todo o evento a “Aquaponia educacional” e os desafios de comercialização frente aos desafios impostos pela pandemia foram dois temas amplamente apresentados e debatidos. A aquaponia como ferramenta educacional vem crescendo a passos largos em países como os EUA, com várias unidades sendo instaladas em escolas norte-americanas. Outro ponto que foi debatido em alguns fóruns do congresso e chamou a atenção foi a comparação entre abordagem desacoplada e acoplada de Aquaponia (atualmente também chamada de acoplada permanente ou sob demanda, respectivamente). Alguns pesquisadores e produtores argumentaram seus prós e contras. No sistema desacoplado pode existir uma maior demanda por nutrientes externos (suplementação mineral, não oriunda diretamente das rações aquícolas), visando atender todas as exigências das plantas, com valores podendo representar até 30 a 40% das entradas totais de nutrientes. Já no sistema “clássico” acoplado, onde existe uma circulação de água permanente entre peixes e plantas, os valores variam em torno de 10%, mas com custos mais elevados em energia elétrica. Obviamente cada caso é um caso (espécies aquícola e vegetal, tipo de ração, adoção de mineralização de sólidos, entre outros), mas pensando na real sustentabilidade do sistema, diminuição da dependência externa de minerais e na pegada de carbono, esses valores definitivamente chamam a atenção. Foi também divulgada a primeira ração comercial de peixes desenhada para o sistema aquapônico, focando atender não somente as exigências dos peixes, mas também das plantas. O lançamento no mercado norte-americano esta previsto para o início de 2022.

 

 

Da ficção científica para a realidade, a Aquaponia é um sistema integrado de produção de alimentos que já comprovou sua viabilidade técnica. É um setor que vem crescendo em todo o mundo ao redor de 16% ao ano. No entanto, é um sistema muito novo no âmbito comercial, com várias lacunas técnico-científicas e mercadológicas por serem exploradas e elucidadas. Mas sejamos realistas, isso é algo completamente normal para um sistema com conceitos inovadores e que veio para romper com a produção linear tradicional. Vale lembrar que o primeiro livro-texto, com sólido embasamento científico, foi lançado somente no final de 2019 (trouxemos este assunto na nossa coluna da edição 18 desta revista). Traçando um paralelo, quanto tempo demorou para o amadurecimento da hidroponia convencional? Ou da aquicultura em recirculação? Por que a Aquaponia já iria nascer com um ‘pacote pronto’? Neste sentido, com seu devido tempo, amadurecimento e escala, a Aquaponia comercial pode se tornar cada vez mais competitiva e ajudar a fornecer alimentos de alta qualidade. E o Brasil, o país do agronegócio e com uma vasta capacidade intelectual, pode (e deve) ser um protagonista desta evolução a nível mundial. E não há duvidas de que as pesquisas aplicadas e a colaboração com a iniciativa privada certamente ajudarão a acelerar este processo. Até a próxima pessoal!

 

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Maurício Emerenciano

Maurício Emerenciano é graduado em Zootecnia (UEM), mestre em aquicultura (FURG) e doutor em Ciências pela UNAM (México). Em 2014 foi ganhador da Medalha Alfonso Caso (menção honrosa designada às melhores teses e dissertações dos Programas de Pós-Graduação da UNAM/México). Atua na aquicultura desde 2002 e como pesquisador já realizou cooperação científica em diversos centros de pesquisa como Waddell Mariculture Center (EUA), CSIRO (Austrália) e IFREMER (França). Foi consultor científico em aquicultura para o governo do Chile, do México e Polinésia Francesa (Pôle d’Inovación de Tahiti). Membro do Biofloc Technology Steering Committee (AES), voltado a ações científicas e tecnológicas referentes ao sistema BFT. Possui capítulo de livro referência mundial da tecnologia de bioflocos (Biofloc Technology - The practical guide 3rd edition). Já proferiu mais de 20 cursos e diversas palestras sobre tecnologias “mais verdes” de produção para produtores, indústria e academia no México, Brasil, Chile e Colômbia. Atualmente é professor e pesquisador da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), campus Laguna/SC, onde coordena projetos de pesquisa vinculados ao setor público e privado.

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Charge Edição nº Publicado em 18/09/2023
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