O assunto da coluna desta edição é fruto de uma conversa com a Bióloga Isabel Campos Portugal (belcportugal@gmail.com), que foi nossa orientada de mestrado no PPG em Aquicultura da UFSC e fez doutorado em Biotecnologia na Ben Gurion University of the Negev (BGU) em Israel. Além da dedicação no desenvolvimento dos cultivos experimentais no Microalgal Biotechnology Laboratory, da BGU (http:// web2.bgu.ac.il/algal/About.htm) (Figura 1), e dos artigos científicos para compor a sua tese – focada na produção em massa de microalgas para uso como imunoestimulante para peixes -, Isabel é cofundadora da Plataforma Devolverde (https://www.devolverde.com.br/) e participou da equipe de implantação da plataforma NegevNet (https://www.negevnetwork.com/), cujo objetivo é a implantação de projetos de articulação colaborativa (academia, iniciativa privada, agricultura familiar etc.) entre Israel e Brasil, visando ao desenvolvimento agrícola (que inclui a aquicultura/piscicultura/algicultura) em regiões desérticas, particularmente focados na liderança das mulheres. Dentre as ações dos diversos projetos da NegevNet (BICAT, WESAB, JSPAL, FACLAIL, ApES, ARID-AQUA), foram desenvolvidos o Primeiro Workshop Brazil-Israel Agriculture and Water Research and Development (1st BIWARD), o Segundo BIWARDI/E e o Primeiro Encontro de Estudos América Latina-Israel (LAIS). Para melhor entendimento destas atividades aquícolas, sugiro que os leitores acessem a plataforma do projeto ARID-AQUA (https://www.negevnetwork.com/arid-aqua e os links complementares) – que objetiva o estabelecimento de uma sólida cooperação entre instituições de ensino e pesquisa, bem como, de pessoas e intituições ligadas à Aquicultura no Brasil e em Israel: sistemas de recirculação, sistemas integrativos (aquaponia, por exemplo), aquicultura ornamental, saúde dos animais aquáticos, nutrição etc.).
Conforme seu relato, nos últimos 10 anos Isabel teve a oportunidade de trabalhar e visitar muitas intuições de pesquisa e empreendimentos comercias que laboram com microalgas: “existe um ativo ecossistema com empresas na Europa: na França há grandes empresas consolidadas no mercado de Spirulina; empresas ligadas à biorremedição em Portugal; na Alemanha existe um conjunto de empresas tanto no ramo de alimentação quanto da extração de produtos para elaboração de cosméticos. Em muitos países existem bancos de cepas (cepários) com grande variedade de espécies, o que dá suporte para o desenvolvimento de pesquisas e para a produção comercial nas empresas. No Brasil, acredito que faltem bancos de cepas de grande relevância, que possam dar suporte às empresas – que também são escassas, apesar da existência de alguns relevantes grupos de pesquisa”.
guns relevantes grupos de pesquisa”. Isabel explica um grande desafio: “as regiões desérticas representam 40% da superfície terrestre e, 90% dessas áreas estão situadas em países em desenvolvimento que sofrem simultaneamente com carências na área de saúde, educação e qualidade de vida. Até 2025, estima-se que 1,8 bilhão de pessoas estarão expostas à absoluta escassez de água devido ao processo de desertificação e, diante desse cenário, a busca por alternativas sustentáveis para alimentação humana e animal, bem como, de fontes de energia, se torna ainda mais urgente”. Como solução, propõe: “o desenvolvimento de cultivos de microalgas (algatechnology) em regiões desérticas se mostra como uma opção para combater esses desafios. Microalgas podem ser cultivadas em diferentes sistemas, que podem ser abertos, como tanques escavados ou fechados, como os fotobiorreatores. O cultivo pode ser feito com água salgada, salobra e até em efluentes líquidos, evitando assim a competição por recursos naturais entre a agricultura convencional e o cultivo de microalgas. Um exemplo bem sucedido é o cultivo da microalga Arthrospira, cultivada ao redor do mundo em escala industrial e em escala doméstica, para produção de biomassa microalgal. No mercado, seu potencial compreende desde uso direto na nutrição humana e animal até a extração do pigmento Ficocianina. Nesse aspecto, vale citar o relatório da Organização Mundial da Saúde que considerou essa microalga um superalimento, rico em ferro e proteínas, sendo declarado pelas Nações Unidas como “o melhor alimento para o futuro”. O cultivo de microalgas oferece, além do seu produto final, fonte de emprego e estabilidade social”.
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Biólogo, Mestre em Aquicultura e Doutor em Ciência dos Alimentos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Pesquisador e Gerente do Setor de Microalgas do Laboratório de Camarões Marinhos da UFSC entre 1989 e 2006. Atualmente é professor no Departamento de Aquicultura e supervisor do Laboratório de Cultivo de Algas (LCA). Coordena diversos projetos de pesquisa na área de recursos pesqueiros e engenharia de pesca/biotecnologia, com ênfase em aquicultura/algocultura - cultivo de microalgas para a produção de compostos bioativos (pigmentos, ácidos graxos, polissacarídeos etc.), biocombustíveis (biodiesel, bioetanol etc.) e tratamento de efluentes líquidos e gasosos.
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