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Gestão de Resíduos
14 de Dezembro de 2021 Ivã Guidini Lopes
Larvas de mosca soldado negro: novidade na gestão de resíduos, nutrição de peixes e sustentabilidade

 

 

Você já ouviu falar na mosca soldado negro?
Essa mosca de nome curioso, cientificamente chamada de Hermetia illucens ou BSF, é o assunto do momento no setor agropecuário mundial. Na última semana do mês de agosto de 2021, a União Europeia (EU) aprovou a utilização das larvas e seus produtos derivados (farinhas, óleos e larvas secas) como ingredientes proteicos para a alimentação de porcos e frangos, sendo que sua utilização na aquicultura já está também aprovada. Aqui no Brasil, o uso da farinha dessa larva desidratada na alimentação animal está permitido desde novembro de 2020, de acordo com a Instrução Normativa n° 110 do MAPA. Mas o que isso tem a ver com a gestão de resíduos na aquicultura?

As larvas da BSF são criadas a partir de resíduos orgânicos, como por exemplo restos de alimentos, resíduos do processamento de insumos agrícolas e também os resíduos da aquicultura. Dezenas de empreendimentos estão se estabelecendo no mundo, inclusive no Brasil, devido ao enorme potencial desse inseto, tanto em relação a reduzir o impacto ambiental do descarte de resíduos quanto ao seu uso na alimentação animal. As larvas de BSF foram destaque até da revista Forbes no final do ano de 2019 (clique aqui para conferir a matéria). Esse organismo transforma os resíduos em diferentes produtos de forma extremamente rápida (12-15 dias) e sua qualidade nutricional é muito interessante para o uso como ingrediente proteico. As larvas possuem até 60% de proteína bruta e 30% de lipídeos em base seca, além de aminoácidos e ácidos graxos essenciais em altas concentrações. Essa grande novidade da gestão de resíduos e alimentação animal está muito próxima da aquicultura brasileira.

Centenas de estudos já avaliaram o consumo de diversas fontes de resíduos orgânicos por larvas de BSF, inclusive dos resíduos da aquicultura, como carcaças e vísceras de peixes mortos ou processados. Portanto, esse método já comprovado permite reciclar esses resíduos e reintroduzi-los na cadeia produtiva como alimento alternativo para os peixes. Trazendo essa novidade para dentro do nosso mundo da aquicultura, é possível pensar em maneiras de atrelar o tratamento de resíduos com a produção, por meio da integração de sistemas.

 

 

 

 

Enquanto algumas pisciculturas, frigoríficos e centros de pesquisa já adotaram por exemplo a compostagem como método de tratamento de resíduos, ou mesmo o preparo de silagens a partir de resíduos frescos para reduzir custos com a alimentação de peixes, por que não podemos pensar em integrar outro tipo de sistema para o tratamento dos resíduos e beneficiar nossa produção? A inovação está aí para ser incorporada em nosso dia a dia!

Hoje no Brasil existem algumas empresas privadas que estão se dedicando a este novo conceito de economia circular referente ao tratamento de resíduos e a alimentação animal. Produtores de larvas de BSF, de tenébrios ou larvas da farinha e outros insetos estão desenvolvendo tecnologias para suprir a grande demanda por fontes alternativas de proteína do mercado nacional, especialmente devido ao preço crescente da farinha de peixe no mercado nacional e internacional. Certamente a aquicultura não ficará fora dessa novidade e nos próximos anos estaremos diante de um mercado conjunto em amplo crescimento. Afinal, geramos grandes quantidades de resíduos na produção aquícola e precisamos dessas fontes alternativas para impulsionar a produção! Para finalizar, gostaria de apresentar a vocês a primeira iniciativa criada por diferentes atores relacionados à produção de insetos no Brasil, a Associação Brasileira dos Criadores de Insetos Alimentícios (ASBRACIA). Essa associação reúne diversos produtores, pesquisadores e entusiastas do assunto, elabora materiais didáticos e eventos e promove-se discussões de extrema relevância para esse mercado. Para quem ficou curioso sobre o assunto, vale a pena conferir e começar a se inteirar desse incrível segmento do mercado da gestão de resíduos e alimentação animal.

Faça o download e confira o texto completo com todas as ilustrações. Clique aqui

 

 

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Capa do colunista Ivã Guidini Lopes
Ivã Guidini Lopes

Ivã Guidini Lopes é biólogo, formado pela UNESP de São José do Rio Preto/SP, realizou mestrado e doutorado em aquicultura pelo Centro de Aquicultura da UNESP, em Jaboticabal/SP. Atua na aquicultura desde 2014, realizando pesquisas científicas e práticas de extensão aquícola na área de gestão e tratamento de resíduos sólidos orgânicos. Possui experiência com métodos de compostagem termofílica e de tratamento de resíduos com larvas de mosca soldado-negro, assim como da aplicação dos produtos gerados nestes processos, visando a promoção da economia circular e o aumento da sustentabilidade do setor produtivo como um todo.

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