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Genética
01 de Dezembro de 2018 Rodolfo Luís Petersen
Melhoramento Genético

 

 

Lembrando a coluna inicial, um programa de melhoramento genético clássico envolve:

- Seleção das populações base para a formação de uma população sintética;

- Definição da estratégia de melhoramento: seleção ou cruzamento;

- Estimar a resposta à seleção ou a heteroses;

- Controlar a endogamia e a variabilidade genética;

- Estudar correlações genéticas e fenotípicas entre as características zootécnicas de maior interesse;

- Verificar a possível existência de interação genótipo ambiente entre diferentes regiões de onde as larvas serão utilizadas;

- Estabelecer um programa de controle sanitário.

 

Formação da população base

A primeira iniciativa de qualquer tipo de programa de melhoramento genético é identificar com precisão o que é que se quer melhorar e para qual sistema de cultivo. Tem que estar muito claro, não só a caraterística desejada, como também sua forma de MEDIÇÃO. A eficiência e a forma de medição serão essenciais para o cálculo preciso do valor genético de um animal ou família.

A segunda iniciativa é selecionar as populações que formarão a população base, o seja, aquelas populações que serão inicialmente cruzadas para a formação de linhas ou famílias dependendo da estratégia do programa.

A ideia é TENTAR obter um grupo de populações mais distantes geneticamente possível, para maximizar a variabilidade genética inicial do programa. Quanto maior for a variabilidade genética inicial, maior será a probabilidade de obter respostas significativas a seleção em cada geração. Uma ampla variabilidade genética inicial possibilita uma maior longevidade do uso da população baixo seleção sem a necessidade de incorporar novas populações. Optando por uma única população de baixa variabilidade genética ou por um grupo de populações semelhantes, a variância genética da população será rapidamente desgastada pelo efeito da seleção, impossibilitando a obtenção de ganhos genéticos.

Na obtenção da população base podemos ter os seguintes cenários:

1) Iniciar um programa com uma espécie nativa que não existam linhagens domesticadas e melhoradas: neste caso devemos obter animais da natureza de todo o range de distribuição da espécie. De preferência, que existam estudos prévios de variabilidade genética que confirmem que as populações estão estruturadas, ou seja, que existem diferenças entre elas dentro de sua distribuição geográfica. Podem também ser incluídas populações de cultivo.

 

 

 

 

2) Iniciar um programa com uma espécie exótica. Aqui precisaremos realizar um estudo de distância genética entre as populações candidatas. As populações podem ser de diferentes regiões de cultivo dentro de um país ou mesmo do exterior. Marcadores microssatélites são os mais apropriados para este tipo de análise pelo seu elevado polimorfismo. Alternativamente ou concomitantemente, realizar uma análise criteriosa dos sistemas de cultivo que as populações candidatas estão sendo cultivadas e seus resultados zootécnicos.

O respeito aos mecanismos legais e de biossegurança no transporte de material biológico entre estados e entre países é de vital importância com quarentenas e certificação de reprodutores eficientes e profissionais. Parece redundante, porém, já houve boatos no Brasil de introdução de larvas de camarão do Equador em garrafas de uísque, uma fantasia que foi amplamente fofocada no ambiente da indústria. Entre os maiores exemplos internacionais é a formação da população base da linhagem GIFT no WorldFish Center na Malásia, a qual foi formada por oito populações, quatro populações da África (Egito, Kenya, Gana e Senegal) e 4 populações de cultivo já utilizadas por produtores da Ásia (Israel, Singapura, Taiwan, e Tailândia). A UEM (Universidade Estadual de Maringá, PR) para a formação da população base de GIFT no Brasil introduziu 30 famílias elites do programa asiático. A partir desse material genético foi iniciado um novo programa de seleção para as condições brasileiras de cultivo. Já na área de carcinicultura houve várias introduções de populações realizadas no Brasil com o intuito de formar novas linhagens locais.

Entre as mais divulgadas podemos destacar a realizada pela empresa Aquatec e a Genearch em dezembro de 2016, importando animais de quatro linhagens comprovadamente livre de patógenos (SPF). As populações foram importadas dos EUA com méritos genéticos variados, como alta taxa de crescimento e resistência ao vírus de Taura. Estas linhagens formaram parte da população base da Linhagem SPF da empresa.

Faça o download e confira o texto completo com todas as ilustrações. Clique aqui

 

 

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Capa do colunista Rodolfo Luís Petersen
Rodolfo Luís Petersen

Zoólogo, Mestre em Aquicultura pela Universidade Federal de Santa Catarina e Doutor em Genética e Evolução pela Universidade Federal de São Carlos (SP). Pesquisador e Gerente do Setor de Maturação do Laboratório de Camarões Marinhos (UFSC) desde 1990 até o ano 2001. Em 2003 trabalhou no Departamento de Genética da AQUATEC e desde janeiro de 2004 até dezembro de 2006 foi Gerente de Produção e Diretor Técnico do Laboratório Estaleirinho (Balneário Camboriú/SC). Como professor da UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina), trabalhou em genética de peixes em parceria com a Piscicultura Panamá (Paulo Lopes/SC), entre 2006 e 2009. Atualmente trabalha como professor e pesquisador no curso de Engenharia de Aquicultura de Centro do Estudo do Mar (CEM/UFPR) e coordena o GECEMar (Laboratório de Biologia Molecular e Melhoramento de Organismos Aquáticos) da Instituição.

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Charge Edição nº Publicado em 18/09/2023
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