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Green Technologies
24 de Novembro de 2021 Maurício Emerenciano
Circularidade na Aquicultura: ainda vamos escutar muito sobre este conceito!

 

 

Hoje o assunto é circularidade e como esta tendência pode (e vai) impactar a Aquicultura mundial e nacional. A coluna Green Technologies desta edição traz uma reflexão sobre o tema e as perspectivas da aplicação desse conceito que veio para ficar.

Mas afinal, o que é a circularidade e o impacto nas economias mundiais? A circularidade vem da aplicação direta do conceito de economia circular, que por sua vez associa o desenvolvimento econômico ao melhor uso de recursos naturais. A ideia central é depender menos de matérias primas e otimizar ao máximo o seu uso, priorizando insumos mais duráveis, recicláveis e renováveis. Outro ponto importante é a criação de coprodutos e novas oportunidades de negócios. Existe um estímulo à inserção de matériaprima secundária nos processos produtivos e fomento ao mercado de troca de resíduos. Como resultado, as empresas não apenas reduzem custos e perdas produtivas, mas também criam novas fontes de receita. Segundo a Comissão Europeia, com a massificação da circularidade é esperado até 2030 uma redução de 17 a 24% na dependência de matérias primas diretas naquele continente, gerando €600 bilhões em economia e 24% de redução nas emissões de gases que causam o efeito estufa (UE, 2017).

E na Aquicultura, quais exemplos práticos de circularidade? Podemos destacar diversos exemplos desde os mais “tecnológicos” como o da empresa de biotecnologia da Noruega Hyperthermics. Esta startup transforma e recicla resíduos do cultivo de salmão (sobras de ração, fezes, etc.) convertendoos em biogás e biomassa microbiana, rico ingrediente para fabricação de rações de camarões e outras espécies de peixes (Waycott, 2020). Já exemplos mais “simples” incluem diversas modalidades de policultivos aquícolas como o de carpas (cada espécie ocupando um nicho ecológico diferente), camarões marinhos com peixes e ostras, além de peixes e camarões de água doce. Empresas como a Primar e Camanor são exemplos nacionais que há muitos anos aplicam com maestria a circularidade nas suas produções.

 

 

 

 

Outros exemplos incluem os sistemas multitróficos integrados (utilizando como espécies secundárias os moluscos bivalves, macroalgas e equinodermos como o pepidodomar, uma iguaria de altíssimo valor para o mercado asiático), sistemas de aquaponia e de bioflocos. Algumas estratégias simples como a adoção de substratos verticais, também são exemplos de circularidade que podem diminuir o consumo de ração e a exigência proteicas dos organismos cultivados (Olier et al 2020). No aspecto nutricional, uso de farinha de insetos (Tubin, 2020), microalgas produzidas a partir de efluentes aquícolas (Zhang et al 2019), excesso de sólidos suspensos transformados em farinha de bioflocos (Bauer et al 2012), além do resíduo de restaurantes (Sousa et al 2019), e do processamento do pescado transformado em farinhas ou silagens (Borguesi et al 2007) são exemplos de economia circular na nutrição aquícola.

Além das vantagens citadas acima, a aplicação do conceito circularidade além de ajudar o meio ambiente, impulsionará e facilitará os processos de certificação, dando acesso a mercados mais exigentes (que por sua vez pagam mais). No entanto, é de suma importância lembrar que um dos pilares da sustentabilidade é o econômico. A circularidade pode adicionar complexidade na produção e adicionar custos extras. Neste sentido, uma avaliação minuciosa do mercado alvo, juntamente com um cauteloso planejamento produtivo e financeiro são de extrema importância para a resiliência do negócio. O conceito de economia circular veio para ficar, mas entender suas nuances é fundamental. A conta tem que bater. Até a próxima!

Faça o download e confira o texto completo com todas as ilustrações. Clique aqui

 

 

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Maurício Emerenciano

Maurício Emerenciano é graduado em Zootecnia (UEM), mestre em aquicultura (FURG) e doutor em Ciências pela UNAM (México). Em 2014 foi ganhador da Medalha Alfonso Caso (menção honrosa designada às melhores teses e dissertações dos Programas de Pós-Graduação da UNAM/México). Atua na aquicultura desde 2002 e como pesquisador já realizou cooperação científica em diversos centros de pesquisa como Waddell Mariculture Center (EUA), CSIRO (Austrália) e IFREMER (França). Foi consultor científico em aquicultura para o governo do Chile, do México e Polinésia Francesa (Pôle d’Inovación de Tahiti). Membro do Biofloc Technology Steering Committee (AES), voltado a ações científicas e tecnológicas referentes ao sistema BFT. Possui capítulo de livro referência mundial da tecnologia de bioflocos (Biofloc Technology - The practical guide 3rd edition). Já proferiu mais de 20 cursos e diversas palestras sobre tecnologias “mais verdes” de produção para produtores, indústria e academia no México, Brasil, Chile e Colômbia. Atualmente é professor e pesquisador da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), campus Laguna/SC, onde coordena projetos de pesquisa vinculados ao setor público e privado.

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Charge Edição nº Publicado em 18/09/2023
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