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Atualidades da Carcinicultura
21 de Julho de 2021 Diego Maia Rocha
Afinal, quais são as possibilidades da carcinicultura brasileira voltar a exportar grandes volumes em 2021? E por que essa ação seria tão importante?

 

Depois de um longo período de adormecimento, pelos diversos motivos imagináveis (desvalorização cambial, ação antidumping, perda de competitividade, preço favoráveis do mercado interno), a carcinicultura brasileira, volta a ter de fato uma maior mobilização para participar do cenário mundial das exportações de camarões, essa iniciativa vem ocorrendo por intermédio dos mais variados grupos de fazendas, e nesse artigo vamos entender o que anda acontecendo nos bastidores sobre o tema.

 

I. O que tem motivado interesse

Segundo a ABCC, entre 2016 e 2020 a produção de camarão no Brasil cresceu aproximadamente 86,67%, saindo de 60.000 para 112.000 toneladas, um crescimento na casa de 16,9% a.a. Todos já devem ter ouvido falar na máxima de mercado, que quando a oferta de um produto aumenta, o preço médio despenca. 

Embora o aumento tenha sido representativo, não transparece na realidade de consumo, pois a média mensal de consumo per capita de camarão não ultrapassa 70 g/mês no Brasil, o que indicaria um potencial ainda maior para absorver aumentos de produção. 

Mas então, por que o preço despencou? Ocorre que, quando falamos nos atores que participam no desenvolvimento e promoção da indústria, temos que pensar em: produtores (fazendas e laboratórios), compradores de feiras, restaurantes e beneficiamentos (diferentes formatos de produtos). O aumento rápido da produção, não foi acompanhado pelo aumento no número de compradores e de novas indústrias e formas de produto, e isso causa um reflexo.

Por isso, dois aspectos de diferentes perspectivas motivam os produtores brasileiros a buscar o mercado externo: o primeiro, é a complexa relação de vendas no mercado interno e o segundo, são as vantagens de opções e equalizações de preços que as exportações podem trazer.

 

II. Relembrando o histórico das exportações

Aos que não participaram desse período, vale aqui, citar algumas lembranças que fazem esse tema ser tão saudoso. Entre 2003 e 2004, as exportações de camarão do Brasil representavam aproximadamente 76 a 78% do destino da produção. Nesse período, o Brasil participava com destaque nas exportações de pequeno e médio porte para EUA e de camarão tropical para a UE. (Tabela 1 e 2).

 

III. Cenário mundial das importações de camarões

Dados divulgados pela undercurrent news em janeiro deste ano, apontam que nos últimos 7 anos, o ritmo de crescimento das importações mundiais de camarões segue perto dos 6% a.a. Apenas para exemplificar, durante esse período, as importações de camarões passaram de 2,03 para 3,05 milhões de toneladas, um aumento de 1,1 milhão de toneladas no período de 2012 a 2019.

Apesar da retração de 3% em 2020 (3,04 milhões de toneladas), devido aos impactos relacionados com a COVID, existe uma expectativa positiva para os próximos anos, justificada com as previsões de crescimento econômicos dos países desenvolvidos.

 

IV. Possibilidades reais para o brasil e mercados

No ano de 2020, com muito esforço comercial, houve ensaios para o retorno das exportações, com destino a Ásia. Embora os volumes tenham sido baixos 82,4 toneladas e US$ 344.032, foi um marco e importante iniciativa para restabelecer processos internos e necessários ao retorno do camarão brasileiro ao cenário internacional.

Para 2021, até o momento já se atinge números semelhantes com o mesmo destino do ano anterior (Tabela 3) e já se sabe que há movimentações em andamento para exportações para os EUA. Outros mercados consumidores importantes, já estão sendo prospectados, em especial a UE e a China, mas existem ainda, processos burocráticos a serem concluídos. 

União Europeia - No caso da U.E, o direito de exportar foi cessado devido ao não cumprimento de exigências acertadas pela U.E com o MAPA, há alguns anos e desde então, independente se a origem é aquicultura ou pesca, não há exportação.

China - Em relação a China, o Brasil não tem habilitada a espécie L. vannamei de cultivo liberada para exportação, e por esse motivo ainda não pode exportar.

Para ambas as situações, esforços vêm sendo feitos para dar celeridade a resolução dos processos. 

Os preços no mercado internacional têm ficado atrativo nas últimas semanas e dois fatores contribuem: as dificuldades que a Índia tem enfrentado com a pandemia e desastres naturais e o avanço da vacinação nos principais mercados consumidores que tem elevado a demanda. A situação das exportações e importações de camarões seguem aquecidas.

 

 

V. Desafios e reflexos para o mercado interno

Voltar a exportar de forma consistente e crescente é um dos desafios mais importantes para carcinicultura brasileira, não bastassem os entraves com burocratização, vamos finalizar o mês de junho com o menor dólar do ano e a torcida nesse momento, é que ele volte aos patamares do primeiro trimestre.

Com a possibilidade de abertura das exportações, a venda de camarão no mercado interno pode ganhar o folego necessário para que a indústria como um todo continue seu ritmo de crescimento e ocupe o papel de destaque que todos nós imaginamos que ela possa ter.
Mais do que nunca, é possível ver uma luz no fim do túnel, porém o caminho até lá, como sempre, não será fácil.

 

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