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Atualidades da Carcinicultura
07 de Junho de 2021 Diego Maia Rocha
O que podemos falar, ou melhor, escrever sobre o cenário atual dos sistemas intensivos no Brasil? Quais novas mudanças podem surgir?

Há pouco mais de 10 anos, com algumas alternativas modernas e promissoras de produção, se iniciava uma nova era dos sistemas intensivos no Brasil. De lá para cá, muitas águas rolaram, conceitos e produtos novos surgiram e amadureceram, muitos camarões foram produzidos e perdidos, sempre em alta intensidade. E todos, sempre perguntam, e atualmente, o que podemos falar sobre esses sistemas?

Pois bem! Vamos falar sobre o momento atual, e relembrar alguns pontos importantes, que marcaram a evolução desses sistemas. Para que não haja uma confusão de entendimentos, explicarei a seguir as configurações que transcorreram desses sistemas no Brasil:

 

1- Viveiros escavados (sem geomembrana e sem estufas)

Essa modalidade, embora não seja totalmente intensiva, pois em sua maioria são cultivos com 50 a 80 camarões/m² e já exista, inclusive antes das demais modalidades, ocorre em viveiros tradicionais, cujo tamanho pode variar entre 1000 e 5000 m², e resiste as oscilações ao longo dos anos, dos desafios e das doenças. 

Na Paraíba, uma região conhecida como vale do Paraíba, se destaca com esse modelo, além da produção ser em águas oligohalinas, as produtividades podem alcançar entre 5000-8000 kg/ha/ciclo. Estima-se uma área de produção de 300-400 hectares desse modelo no Brasil.

Essa temporada devido à alta da ração, timidamente se observa uma tendência de substituição parcial ou total da ração por farelo de soja fermentada com probiótico.

 

2 - Viveiros escavados (com geomembranas, sem estufas)

Esse modelo de sistema foi mais comum entre 2008 e 2009, e foi muito espelhado no modelo Asiático, com a chegada da mancha Branca no nordeste em 2011, perdeu bastante força. Existem poucas fazendas em operação, com densidades e produtividades semelhantes ao exemplo anterior, presentes principalmente nos estados: AL, CE e RN. Em algumas fazendas novas é possível ver o incremento estrutural do dreno central (shrimp toilet).

 

3- Tanques escavados ou suspensos (com geomembranas, circulares ou retangulares, com recirculação)

Dos sistemas intensivos existentes, pelas suas configurações de tamanho (100-300 m³), esses modelos, são os que demandam trabalhar em densidades mais altas (150-500 camarões/m³), e também os que permitem as maiores produtividades (kg/m³).

Inicialmente, sua propagação ganhou força, com conceitos inspirados na produção em bioflocos, contudo, atualmente há várias estratégias de cultivo. Esses sistemas são mais comuns nas regiões sul, sudeste e centro-oeste do Brasil. Se destacam também pelo uso de água fabricada (salinizada artificialmente), tornando possível a produção em qualquer lugar.

Um dos gargalos para esses sistemas é a falta de mão de obra com experiência em processos produtivos (nessas regiões) e a própria inovação do sistema, que requer sua curva de aprendizagem.

 

4- Viveiros escavados (com ou sem geomembrana, com estufas, com ou sem recirculação, com ou sem drenagem de fundo)

Esse  é o modelo de  produção mais expressivo, quando falamos dos sistemas intensivos no Brasil. Sua área abrange cerca de 70-80 ha de produção. Ganhou destaque no país a partir de 2013, quando foi possível produzir com eficiência frente ao vírus da mancha branca (WSSV). 

Depois dos primeiros anos promissores, com produtividades atingindo 25-30 toneladas/ha/ciclo, para camarão grande, nos últimos anos vem sofrendo grandes desafios de produção relacionados ao vírus da mionecrose infecciosa (IMNV), um dos grandes inimigos desses sistemas.

O momento atual para esses sistemas é de readequação de estratégias de cultivos para melhor convivência com o vírus da IMNV, que geralmente, impossibilita trabalhar nas densidades de 150-200 camarões/m², por isso, muitos produtores estão reduzindo suas densidades de cultivo.

 

 

Ração, pós-larvas e outros insumos para os sistemas intensivos

Tanto para rações como para pós-larvas, há um sentimento de limitação desses insumos no Brasil. Embora, ainda seja possível ver resultados zootécnicos positivos com participação de ambos. A presença de enfermidades pressiona a busca por melhores processos e aumento de qualidade dos produtos.

Na perspectiva das pós-larvas, os laboratórios estão, a curto prazo, buscando melhorar internamente processos e, a médio prazo, estão aperfeiçoando os programas para melhorar a resistência dos animais. Outra ação, que está acontecendo, mas já com interesse de produtores, é a perspectiva de importação de novos materiais genéticos.

No tocante à ração, o custo de rações apropriadas para esse sistema subiu de tal maneira que, o seu uso está praticamente inviabilizado. Por esse motivo, muitos produtores passaram a repensar seu manejo nutricional.

Há sempre uma comparação de qualidade de ração com a do continente Asiático, tamanho do pellet e composição da ração, mas, o fato é que há poucas informações cientificas e concretas sobre a eficiência e deficiência exata desse insumo no Brasil.

Sobre insumos em geral, o fato é que nunca se teve uma disponibilidade tão grande de insumos na carcinicultura, como atualmente: ácidos orgânicos, betaglucanos, nucleotídios, enzimas, aditivos naturais, bactérias nitrificantes, entre outros. Saber usá-los, quando e em qual quantidade, é o desafio que cada produtor tem encontrado para viabilizar, produtiva e financeiramente, o seu sistema.

 

Perspectivas

O momento para os cultivos intensivos no Brasil é delicado, a produção de camarão cresce (em densidades mais baixas), o que é refletido na oferta, preço e competitividade da comercialização do camarão no país. Logo, a pressão sobre esses sistemas aumenta, em busca de eficiência e estabilidade de resultados.

Alcançar a viabilidade para o intensivo será um grande jogo de xadrez, mas pela própria história da carcinicultura, tudo pode mudar, para isso: o tempo, a cautela e as estratégias utilizadas, serão fatores importantíssimos para alcançar o sucesso.

 

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