Uma grande vitrine do sistema BFT é sem dúvida seu apelo sustentável. As trocas de água mínimas ou nulas com a opção do reaproveitamento praticamente total deste recurso, além do combate natural contra patógenos e a diminuição nas taxas de conversão alimentar são apenas alguns exemplos. O recente artigo publicado na aclamada revista científica Aquaculture mostra mais uma opção de incrementar a sustentabilidade do sistema: uso de insetos na ração.
No artigo assinado por pesquisadores da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), é mostrada a possibilidade de incluir a farinha de inseto na dieta de tilápias cultivadas em sistema de bioflocos, neste caso o tenébrio ou “larva da farinha”, sem afetar o desempenho dos animais.
Os insetos como o tenébrio são uma importante fonte proteica, mas, segundo o trabalho, estes ingredientes podem conter um desejável perfil de ácidos graxos com níveis importantes de ácido linoleico e EPA conforme os resultados do estudo. Segundos os autores, os insetos podem ser manipuláveis quanto a um perfil mais desejável conforme o substrato oferecido para sua alimentação. Vale lembrar que nas fazendas de produção, os insetos são normalmente alimentados com resíduos e subprodutos, resultando em baixo custo com alimentação além de taxas altíssimas de crescimento.
A produção mundial de insetos direcionados a nutrição animal vem crescendo a passos largos. São diversas as espécies como grilos, moscas, tenébrio e até baratas que vem sendo utilizados para alimentar animais terrestres e também aquáticos. Neste sentido, o sistema BFT também vem “surfando esta mesma onda” e as primeiras pesquisas já demonstram viabilidade neste casamento pra lá de sustentável. No Brasil a produção comercial de insetos ainda é considerada pequena e mais voltada à alimentação de pássaros. Mas em alguns países da Europa, grandes empresas fabricantes de ração já estão de olho nos insetos e aplicando este ingrediente nos seus produtos destinado a aquicultura. Com certeza será apenas questão de tempo para esta tendência se tornar cada vez mais realidade.
Se interessou pelo tema? Então confira o artigo* na íntegra. Uma ótima leitura e até breve!
*Artigo: Tubin, J.S.B., Paiano, D., Hashimoto, G.S.O., Furtado, W.E., Martins, M.L., Durigon, E., Emerenciano, M.G.C. (2019) Tenerbio molitor meal in diets for Nile tilapia juveniles reared in biofloc system. Aquaculture 519; 734763.
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Maurício Emerenciano é graduado em Zootecnia (UEM), mestre em aquicultura (FURG) e doutor em Ciências pela UNAM (México). Em 2014 foi ganhador da Medalha Alfonso Caso (menção honrosa designada às melhores teses e dissertações dos Programas de Pós-Graduação da UNAM/México). Atua na aquicultura desde 2002 e como pesquisador já realizou cooperação científica em diversos centros de pesquisa como Waddell Mariculture Center (EUA), CSIRO (Austrália) e IFREMER (França). Foi consultor científico em aquicultura para o governo do Chile, do México e Polinésia Francesa (Pôle d’Inovación de Tahiti). Membro do Biofloc Technology Steering Committee (AES), voltado a ações científicas e tecnológicas referentes ao sistema BFT. Possui capítulo de livro referência mundial da tecnologia de bioflocos (Biofloc Technology - The practical guide 3rd edition). Já proferiu mais de 20 cursos e diversas palestras sobre tecnologias “mais verdes” de produção para produtores, indústria e academia no México, Brasil, Chile e Colômbia. Atualmente é professor e pesquisador da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), campus Laguna/SC, onde coordena projetos de pesquisa vinculados ao setor público e privado.
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