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Ranicultura
01 de Fevereiro de 2018 Andre Muniz Afonso
Monitoramento da qualidade da água: Fatores Físicos

Dando sequência ao tema “Qualidade da Água” vamos abordar um dos fatores que interferem diretamente na criação de rãs, os parâmetros ou fatores físicos. Eles são assim denominados por possuírem relação direta com as características físicas, ainda que os fatores químicos e os bióticos ou biológicos tenham relação direta com eles. Na verdade, são essas relações que fazem do ambiente aquático algo bastante dinâmico. Os fatores físicos de destaque são: temperatura, transparência e turbidez.

A temperatura da água é dos parâmetros mais importantes para a criação de organismos aquáticos. Por serem pecilotérmicos (ectotérmicos ou de sangue frio), os animais possuem estreita relação com a mesma. Normalmente sua temperatura está cerca de dois graus acima daquela apresentada pela água. Dessa forma, todo seu metabolismo está em sintonia com o clima. Se a água está fria a tendência é que apresentem menos atividade, se está quente mais atividade. Os animais pecilotérmicos, por não possuírem mecanismos anatomofisiológicos que consigam reter/controlar a temperatura, bailam conforme a música... ou seja, poupam energia no frio e podem até entrar num estado de leve torpor ou mesmo de hibernação, enquanto que no calor aproveitam para se alimentar, acasalar e se desenvolver (principalmente girinos, chegando mais rápido ao final do processo metamórfico). Cabe lembrar que, os hormônios endógenos envolvidos no processo são os tireoidianos (T3 ou tri-iodotironina e T4 ou tiroxina), também conhecidos como pró-metabolismo, mais produzidos e liberados na circulação sanguínea nos períodos de calor e o hormônio do crescimento (GH ou somatotropina), mais produzido e liberado nos períodos de frio.

 

 

Na prática, podemos dizer que os girinos crescem mais e retardam sua metamorfose no frio enquanto que no calor crescem menos e metamorfoseiam rápido. Rãs em processo de engorda comem mais e atingem o peso de abate mais rápido no calor, já no frio, seu interesse pelo alimento diminui e podem levar mais tempo para finalizarem este processo. Os reprodutores, como já tratado em outras colunas, aproveitam o calor da primavera e do verão para o acasalamento e deixam o outono e o inverno para o repouso reprodutivo. 

A transparência pode ser definida como a capacidade da água em permitir a penetração da luz. Muitas vezes confundida com a turbidez, ela está ligada diretamente à produção do plâncton, principalmente de origem vegetal (fitoplâncton). Portanto, a medida que as algas se proliferam na água, esta vai se tornando cada vez menos transparente (mais esverdeada, normalmente). Por essa razão alguns autores consideram a transparência como sendo um fator biótico. Quanto mais algas mais alimento disponível para o zooplâncton (plâncton de origem animal) e para os animais filtradores, como o próprio girino da rã-touro, que possui hábitos onívoros. Os girinos, ao nadarem, vão filtrando a água em suas brânquias e recolhem tudo que está em suspensão. Tanques com transparência intermediária tendem a propiciar melhor qualidade de vida aos girinos. Para animais pós-metamorfoseados este parâmetro possui pouca importância. Prima-se por água transparente para imagos, rãs e reprodutores. 

O mesmo vale para a turbidez, que interfere mais na vida do girino e pode ser definida como a concentração de sólidos em suspensão na água. Trata-se de um fator mais físico do que biológico. O melhor exemplo é o da água barrenta, quando vemos as partículas de argila suspensas modificarem a coloração da água. Se a água fica em repouso a tendência é que a mesma clareie, pois estes sólidos decantam e permitem, assim como na transparência, maior passagem da luz. Águas turvas são indesejáveis, pois podem provocar entupimento de brânquias nos girinos, impedindo, assim, sua respiração branquial (cabe lembrar que mantém a respiração cutânea). 

Os valores dos parâmetros recomendados podem ser obtidos diretamente da publicação gratuita “Manual Técnico de Ranicultura”, de Cribb et. al (2013). Para obtê-la basta acessar o site www.pescadoemrede.com.br e preencher o cadastro na plataforma da Embrapa. 

SAUDAÇÕES RANÍCOLAS!

 

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Andre Muniz Afonso

Formado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Fluminense (UFF/2000), com mestrado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Patologia e Reprodução Animal-UFF/2004) e doutorado em Medicina Veterinária (Área de concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal-UFF/2016). Desde 2009 é professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no Setor Palotina (Palotina/PR), sendo responsável pelas disciplinas de Tecnologia do Pescado, Ranicultura e Análise Sensorial de Alimentos e Bebidas, bem como pelo Laboratório de Ranicultura (LabRan-UFPR). Tem experiência na produção, beneficiamento, industrialização e sanidade de organismos aquáticos, tendo atuado em diversos órgãos voltados a esta temática. Atua principalmente nos seguintes temas: Processamento e Inspeção Higienicossanitária de Produtos de Origem Animal, Vigilância Sanitária, Aquicultura, Sanidade Aquícola e Extensão Rural.

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